Saúde

Trombose (venosa, cerebral): veja o que é, causas e sintomas

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 30/10/2018Última atualização: 25/09/2020
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 30/10/2018Última atualização: 25/09/2020
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O que é trombose?

A trombose (também chamada de tromboembolia) é uma doença causada pela presença de coágulos sanguíneos dentro de uma veia ou artéria. Ela pode ser causada por inflamações, lesões, sedentarismo, obesidade, doenças de coágulo e outras condições.

Esta alteração pode ser extremamente perigosa. O coágulo, que é chamado de trombo, pode impedir a passagem total ou parcial de sangue pela veia ou artéria (o que é chamado de embolia), ou um pedaço dele pode ser levado pela corrente sanguínea até o cérebro ou coração, onde pode causar a morte do paciente ao bloquear o sangue.

É possível desenvolver alguns tipos diferentes de trombose, mas o mais comum é a trombose venosa, que se forma em veias. As veias são a parte do sistema circulatório que leva sangue para o coração. Na maioria das vezes (a única exceção sendo a veias pulmonares), este sangue é venoso, ou seja, possui pouco oxigênio e muito gás carbônico.

As veias conduzem este sangue para o coração, que então o bombeia para os pulmões através das artérias pulmonares (as únicas artérias que carregam sangue venoso, o resto leva sangue oxigenado, também chamado de arterial) para os pulmões, para que o gás carbônico seja liberado e o oxigênio absorvido.

Depois disso, o sangue vai para as artérias, que carregam o sangue para fora do coração, que é rico em oxigênio e se direciona para as células do corpo.

A trombose e a tromboflebite são frequentemente associadas, mas não são exatamente a mesma coisa. A flebite é uma inflamação da veia. A trombose é um coágulo em qualquer parte do sistema vascular.

Uma tromboflebite é, então, um coágulo acompanhado de uma inflamação. É possível que uma trombose cause uma flebite, e flebites podem causar tromboses.

Índice – neste artigo você vai encontrar as seguintes informações:

  1. O que é trombose?
  2. Tipos de trombose
  3. Causas da trombose
  4. Grupos e fatores de risco
  5. Sintomas da trombose
  6. Como é feito o diagnóstico da trombose?
  7. Trombose tem cura?
  8. Qual o tratamento para trombose?
  9. Medicamentos para trombose
  10. Convivendo com trombose
  11. Prognóstico
  12. Complicações da trombose
  13. Como prevenir trombose?
  14. Perguntas frequentes
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Tipos de trombose 

Existem dois grandes tipos de trombose que se dividem em subtipos. Elas podem ser classificadas como a trombose venosa e a trombose arterial. A venosa é a mais comum e acontece quando o trombo se localiza nas veias, enquanto a arterial acontece quando o coágulo está em uma artéria. Ambas são mais comuns nos membros inferiores, as pernas.

Trombose venosa

As tromboses venosas são o tipo mais comum da doença e acontecem quando o sangue coagula em uma veia. Ela possui diversas causas e leva a dores e inchaço, podendo bloquear a veia. Caso o trombo se desprenda, ele pode ir até o coração ou os pulmões.

Trombose Venosa Profunda

A trombose venosa profunda é o tipo mais conhecido da doença. Ela acontece quando a veia afetada é uma das chamadas veias profundas, que ficam no interior dos músculos ou nos órgãos.

As tromboses venosas profundas são uma condição grave e o atendimento médico é necessário, com urgência, porque além de bloquear a veia onde está localizada, ela não causa muita inflamação, fazendo com que os trombos se soltem com facilidade, o que aumenta os riscos de eles ficarem presos em outros lugares.

Trombose venosa superficial

A trombose venosa superficial acontece quando a veia afetada fica do lado externo dos músculos, abaixo da pele. É comum que se desenvolva a partir de uma flebite, uma inflamação da veia, que por sua vez, é comum em varizes, que são veias dilatadas ou torcidas.

Diferente da trombose venosa profunda, a superficial tem a tendência de causar um processo inflamatório rápido, fazendo com que os sintomas apareçam depressa e a detecção seja mais fácil, além de firmar o coágulo no lugar, reduzindo a possibilidade de ele se desprender e ir até outro lugar do corpo.

Trombose arterial

As tromboses arteriais são mais raras, mas assim como as venosas, costumam afetar as pernas.

Algumas das tromboses arteriais são conhecidas e específicas o bastante para possuírem nomes próprios. É o caso da trombose cerebral, que causa o bloqueio de uma artéria no cérebro, caracterizando um AVC isquêmico, ou uma trombose pulmonar, que ao bloquear uma artéria dos pulmões é chamada de embolia pulmonar.

Ambas as doenças, assim como a maior parte das tromboses arteriais, acontecem em decorrência do desprendimento de coágulos de tromboses venosas. Isso ocorre porque as veias possuem um fluxo de sangue com menos pressão, além de válvulas para evitar que o sangue volte, o que não é necessário nas artérias.

Isso deixa a movimentação do sangue mais lenta e dá espaços para que ele pare seu percurso por mais tempo, tornando as veias muito mais adequadas do que artérias para a coagulação sanguínea.

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Causas da trombose

Os coágulos costumam aparecer quando o fluxo sanguíneo está lento, o que facilita a coagulação.

Em geral, eles podem ocorrer por posições ou imobilidades que causem a redução da circulação ou quando existe alguma doença que faça com que o sangue coagule mais rápido. Diversas situações podem fazer com que isso aconteça, como:

Flebite

Flebites são inflamações nas paredes das veias, deixando-as rígidas e facilitando a aderência de lipídios (gordura), que por sua vez facilitam a coagulação do sangue ao seu redor.

O sangue coagulado se torna um trombo, causando uma trombose — ou, nesse caso, uma tromboflebite.

Os trombos podem se desprender, sendo levados para outras partes do sistema circulatório e causando mais tromboses, além de poderem bloquear a passagem sanguínea em órgãos como o coração e pulmões.

Porém, o oposto também pode acontecer. A formação de um trombo pode levar à inflamação da veia, causando a uma tromboflebite que se inicia pela trombose.

Aterosclerose

A aterosclerose é uma lesão em artérias que pode evoluir para angina, que é uma doença que reduz o fluxo de sangue no coração, causando dor no peito. Durante a evolução, a aterosclerose pode levar à formação de coágulos, causando uma trombose arterial.

Muito tempo sentado

Ficar sentado pode dificultar a passagem de sangue das pernas, especialmente na região das coxas. Quando alguém fica sentado por muito tempo, essa redução de fluxo sanguíneo pode ocasionar a formação de trombos, causando uma trombose nas pernas.

Varizes

Varizes são veias superficiais, logo abaixo da pele, que se torcem ou dilatam. Isso faz com que as válvulas que impedem que o sangue siga na direção errada não se fechem corretamente.

Assim, as varizes podem reduzir a velocidade da circulação, permitindo que o sangue venoso siga para o lado errado entre uma batida e outra do coração. Isso facilita a coagulação do sangue nas varizes, causando trombos e, consequentemente, tromboses.

Tumores

Tumores podem comprimir veias e artérias enquanto crescem, fazendo com que o fluxo de sangue seja reduzido na região. Essa redução pode levar à formação de coágulos, ocasionando uma trombose.

Infecções

Infecções próximas ou nas veias ou artérias podem levar a inflamações na região ou até mesmo diretamente à formação de coágulos, causando a trombose.

Certos medicamentos

Diversos medicamentos são capazes de modificar os fatores de coagulação do sangue, portanto é sempre importante que seu médico tenha conhecimento sobre quais remédios você toma.

Grupos e fatores de risco

Algumas pessoas estão mais propensas ao desenvolvimento de tromboses. No grupo de risco para a doença estão:

Fumantes

O tabaco é um grande fator de risco para a trombose e por diversos motivos. Um deles é que fumar aumenta as chances do aparecimento de flebites, podendo causar tromboses.

Um outro fator é que a substância afeta a circulação de maneira a facilitar o coágulo do sangue dentro do sistema circulatório.

Leia mais: O que é Tabagismo, tratamento e doenças causadas pelo tabagismo

Gestantes

A gravidez eleva as chances do desenvolvimento de trombose, apesar do aumento considerável no risco se apresentar, geralmente, se houver histórico de trombose na família.

Isso acontece porque o bebê faz com que as veias das pernas e da pélvis sofram com mais pressão, o que pode levar à menor circulação e à coagulação do sangue. Além disso, todo o processo de gestação causa alterações sanguíneas que vão desde a composição do sangue até a integridade dos vasos.

Anticoncepcionais hormonais

O uso de anticoncepcionais à base de hormônios está relacionado às tromboses, tanto venosas quanto arteriais, em níveis diferentes (quanto mais estrogênio no medicamento, maiores os riscos).

Em alguns casos, o risco pode ser até 6 vezes maior em comparação às mulheres que não usam anticoncepcional.

Além disso, a Anvisa aponta que certos contraceptivos como os que contém a drospirenona, o gestodeno ou o desogestrel aumentam as chances de desenvolvimento de bloqueio de veias por trombos em até 6 vezes.

Colesterol alto

A quantidade elevada de colesterol no sangue pode causar bloqueios nas veias ou artérias. Isso reduz o fluxo sanguíneo, deixando o sangue mais lento e facilitando a coagulação.

Quando colesterol se acumula nas paredes do sistema vascular, células sanguíneas podem começar a se acumular na região, o que também pode levar à formação de trombos.

Obesidade

A obesidade é um sério fator de risco para a trombose por diversos motivos. Além dos problemas relacionados ao colesterol, a presença de excesso de peso aumenta a constrição das veias, tanto quando se está em pé quanto quando se está sentado, o que facilita o aparecimento de tromboses.

Existem estudos que conectam índices de massa corporal (IMC) acima de 30, que são considerados indicadores de obesidade, com a tromboses, especialmente quando outro fator de risco está presente.

Leia mais: Como emagrecer com saúde: dieta, exercícios, remédios, cardápio

Idade avançada

Em idosos, o processo de coagulação é acelerado, o que facilita a formação de trombos. Isso acontece pois a hidratação em idosos costuma ser menor, já que a sensação de sede nessa idade pode ser reduzida, o que geralmente diminui a quantidade de água ingerida e o nível de hidratação do corpo.

Mas vale ressaltar que mesmo com hidratação ideal, entretanto, o envelhecimento continua sendo um fator de risco.

Dificuldade de mobilidade

Problemas de mobilidade, como deficiência física, idade avançada, obesidade, sedentarismo e recuperação de cirurgias podem facilitar a trombose pois o paciente geralmente acaba ficando muito tempo na mesma posição, o que constringe certas veias e artérias.

Diabetes

Pessoas com diabetes possuem maiores chances de desenvolver tromboses. A doença danifica e causa inflamações na área de microcirculação (capilares sanguíneos, que ficam na divisa entre as artérias e veias), o que facilita a formação de trombos.

Profissionais que não podem se mover muito

Pessoas que passam tempo demais sem poder se levantar por causa do trabalho, como motoristas de caminhão ou ônibus, podem desenvolver a trombose mais facilmente, já que os longos períodos na mesma posição reduzem o fluxo sanguíneo nas pernas, facilitando a formação de coágulos.

Histórico familiar

Se algum parente seu já teve trombose, é possível que você esteja em algum fator de risco genético. Existem diversas condições que podem facilitar a coagulação do sangue e formação de trombos, como mutações genéticas, portanto é uma boa ideia saber sobre seu histórico familiar.

Histórico de trombose

Se você já teve trombose antes, é possível que ainda esteja em algum dos grupos de risco, já que a identificação das causas nem sempre é fácil ou possível. Lembre-se de visitar o médico com frequência para saber sobre seu estado de saúde.

Lesões

Lesões que afetam as veias ou artérias podem causar a formação de trombos, levando à trombose. Da mesma forma, é possível que lesões no sistema vascular, ou próximas a ele, causem inflamações, que também podem levar a tromboses.

Cirurgias

Passar por grandes cirurgias é um fator de risco para o desenvolvimento de tromboses. Tanto o problema da mobilidade quanto os traumas sofridos pelas veias e artérias podem aumentar as chances da formação de trombos.

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Sintomas da trombose

Os sintomas da trombose, independente do tipo, costumam ser parecidos. Entretanto, quando se trata da trombose venosa profunda, os sinais podem ser bastante sutis e podem ficar escondidos por muito tempo, até que o trombo fique grande.

Quando a trombose afeta uma veia ou artéria muito pequena, é possível que nunca seja detectada, nem apresente sintomas. Entretanto, quando a doença afeta veias e artérias mais grossas e importantes, os sintomas podem aparecer. São eles:

Dores

Especialmente na trombose venosa profunda, a dor pode parecer difusa, espalhada por todo o membro afetado. Pode haver sensibilidade ao longo das veias, o que é um sinal de trombose.

Temperatura elevada

A região afetada, que frequentemente é a perna, pode ficar quente em comparação com a outra perna. Isso acontece porque o processo inflamatório das veias causa o aquecimento da região.

Podendo fazer com que exista uma sensação de queimação no membro.

Edema (inchaço)

O inchaço acontece por conta da acumulação de líquidos na região.

Mudança de cor

A pele fica com cor diferente, mais escura. Pode apresentar-se avermelhada (eritema) ou, em casos mais severos, azulada (cianose).

Rigidez

A região afetada pode ficar com os músculos enrijecidos por causa da trombose.

Sintomas relacionados à embolia pulmonar

Quando um coágulo bloqueia uma artéria do pulmão, caracteriza-se uma embolia pulmonar. Um coágulo sanguíneo nem sempre é o causador de embolias, que podem ser resultado de um bloqueio arterial por qualquer material, mas os trombos desprendidos de tromboses são a mais frequente das causas.

A embolia pulmonar causa sintomas extras, além dos já citados, como por exemplo falta de ar e dificuldade de respiração, além de desmaios.

Sintomas relacionados a AVCs

Da mesma forma que no caso da embolia pulmonar, acidentes vasculares cerebrais (AVC) não necessariamente são causados por trombos, mas é um causador comum. Quando acontece, os sintomas de AVC aparecem, como dores de cabeça, problemas neurológicos, náuseas e vômitos.

Além disso existe a possível paralisação de algumas funções, como o movimento de um lado do rosto ou braços, fala arrastada ou impossibilitada. É importante buscar ajuda médica urgentemente caso se suspeite de um AVC.

Como é feito o diagnóstico da trombose?

Quando existe suspeita de trombose, alguns exames podem ser realizados para que o problema seja confirmado, permitindo assim o tratamento. Os médicos responsáveis pelo diagnóstico e tratamento da trombose podem ser o angiologista, responsável pelos cuidados do sistema circulatório e linfático, ou o cirurgião vascular.

Os exames realizados para o diagnóstico são:

Ultrassonografia

A ultrassonografia utiliza ondas de som para criar uma imagem do interior do corpo. A técnica pode ser usada na região onde existe suspeita da presença de um trombo para identificá-lo dentro da veia ou artéria.

Entretanto, às vezes, mesmo a ultrassonografia não é capaz de encontrar uma trombose pequena.

Para decidir se outros exames serão feitos, alguns fatores são considerados. Por exemplo, se o paciente possui fatores de risco para o desenvolvimento da doença, como parentes com histórico de trombose, se é fumante, se é obeso, se realizou uma cirurgia recente, se fica muito tempo parado.

Caso a ultrassonografia não aponte uma trombose e a pessoa não esteja nos grupos de risco da doença, é possível considerar outros diagnósticos, mas quando o paciente está nestes grupos de risco, outro exame é recomendado.

Dímero D

O exame de dímero D é usado para identificar a presença de trombos ao encontrar o dímero D, um material que é produzido durante a fibrinólise. A fibrinólise é o processo pelo qual células sanguíneas coaguladas são destruídas.

Se existe dímero D em excesso no sangue, significa que as células coaguladas estão sendo destruídas e, nesse caso, é porque estão presentes em algum lugar do corpo.

O exame não é reconhecido por sua precisão e sensibilidade, portanto não pode ser usado, sozinho, para o diagnóstico da trombose. Diversas outras condições podem causar a elevação da substância no sangue, como doenças hepáticas, gravidez, inflamações, câncer, cirurgias recentes, entre outras coisas.

É por isso que ele costuma ser usado apenas em pacientes que estão em algum grupo de risco, mas cuja ultrassonografia não acusou a presença de trombos.

Caso o resultado do exame de dímero D seja normal, é possível seguir apenas no acompanhamento do quadro alguns meses depois. Entretanto, se o dímero D estiver elevado, o médico pode marcar outra ultrassonografia em até uma semana para tentar encontrar o coágulo novamente.

Venografia

A venografia é outro exame capaz de encontrar trombos nas veias, levemente mais preciso do que a ultrassonografia. Antigamente, usava-se a venografia para o diagnóstico da trombose, mas ela vem sendo substituída pela ultrassonografia devido aos resultados mais rápidos e a vantagem de ela não ser invasiva.

O procedimento de venografia é um raio-x das veias. Um contraste é injetado em uma veia e um aparelho de raio-x é utilizado para que os bloqueios e desvios das veias fiquem especialmente claros na imagem graças ao contraste.

Aproximadamente 2% das pessoas podem apresentar reações alérgicas ao corante, mas para isso são realizados testes de sensibilidade.

Exames complementares

Existem pessoas que desenvolvem tromboses recorrentes. Nesses casos, elas podem fazer um exame para medir o nível de coagulatividade do sangue, que pode ser alto por diversos motivos, como a genética.

Outras causas são possíveis e existem exames que o médico pode pedir para verificar, de acordo com o levantamento médico e quadro clínico do paciente.

Trombose tem cura?

Sim, a trombose tem cura. Quando a doença é detectada e o paciente segue o tratamento medicamentoso para a eliminação dos trombos, a trombose é eliminada.

Qual o tratamento para trombose?

Existem algumas possibilidades de tratamento para a trombose, que variam de medicamentos a métodos físicos. São eles:

Tratamento medicamentoso

O tratamento para a trombose pode ser medicamentoso. Costuma-se usar anticoagulantes, substâncias que tornam mais difícil a coagulação do sangue, aliados a trombolíticos, que destróem as células sanguíneas já coaguladas, reduzindo e eliminando os trombos existentes.

Os anticoagulantes são usados para evitar que a trombose cause a embolia pulmonar ou um AVC, além de poder ser usados para prevenir a formação de trombos em pessoas em situação de risco (como após uma grande cirurgia).

Filtro na Veia Cava Inferior (FVCI)

Existe também a possibilidade de se instalar um Filtro na Veia Cava Inferior (FVCI). Este filtro é uma pequena estrutura colocada via catéter na veia cava inferior (a principal e mais larga das veias que leva sangue dos membros inferiores ao coração), e serve para impedir que coágulos passem e alcancem veias mais estreitas, que podem ficar entupidas.

O procedimento é indicado para pacientes que possuem risco de desenvolver trombose ou embolia pulmonar decorrente da trombose, mas não podem usar anticoagulantes por conta de alguma contraindicação.

Existem, entretanto, alguns problemas no tratamento com o FVCI. Não existe comprovação científica de que o filtro previne completamente a embolia pulmonar, apesar de poder reduzir as chances.

Além disso, podem haver complicações em decorrência da presença do filtro, como o deslocamento da região onde foi colocado. Também é possível que um trombo que passaria normalmente pela veia cava fique preso no filtro, bloqueando a passagem de sangue.

Por isso, busca-se usar o FVCI de maneira temporária, em pacientes que não podem usar anticoagulantes ou naqueles em que o medicamento anticoagulante não é efetivo para evitar a formação de trombos por algum motivo.

Recomenda-se a remoção do FVCI assim que possível, buscando substituí-lo pelo medicamento anticoagulante quando e se a contraindicação for superada.

Cirurgia

A cirurgia para o tratamento de trombose é rara, mas viável. É utilizada quando os trombos não respondem ao tratamento medicamentoso e apresentam risco de gangrena (morte do tecido) em um membro do corpo. A cirurgia para remoção de um trombo se chama trombectomia.

A cirurgia pode ser feita de três maneiras diferentes. A primeira envolve a inserção de um catéter com um balão que é inflado depois de passar pelo trombo e, em seguida, puxado, trazendo o coágulo consigo. O problema deste procedimento é que ele pode causar lesões no vaso, levando a novos trombos.

Pode ser feita também através de um catéter que suga o trombo, removendo-o e causando menos lesões no local.

Em uma terceira opção, a trombectomia pode ser feita com uma incisão direta no vaso afetado para a remoção do coágulo, ou seja, sem o uso de catéter.

Amputação

Em casos extremos, a amputação do membro pode ser necessária para o tratamento da trombose. Isso acontece quando um vaso grande é totalmente bloqueado pelos trombos, o que pode desencadear necrose do tecido. Quando muito tecido entra em necrose, a amputação é a única solução.

A trombose costuma chegar a este ponto apenas quando é ignorada, mas é possível que a doença evolua depressa o bastante para causar necrose em pouco tempo.

Por isso, é essencial que os sintomas sejam percebidos rapidamente e levem a pessoa ao hospital, já que além da necrose, as outras consequências dos coágulos, como a embolia pulmonar e o AVC isquêmico, podem aparecer de uma hora para outra.

Medicamentos para trombose

Os medicamentos recomendados para trombose costumam ser anticoagulantes ou drogas trombolíticas, que destróem os coágulos. Os mais usados são:

Anticoagulantes

Drogas trombolíticas

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Convivendo com trombose

Algumas pessoas podem enfrentar a trombose crônica caso tenham predisposição para a formação de coágulos dentro de seu sistema circulatório, devido a doenças genéticas que afetam a coagulação, movimentos reduzidos por alguma razão, entre outros motivos.

O importante nesses casos é prevenir a doença, reduzindo as chances de que um novo trombo se forme nas veias ou artérias. Cuidar dos hábitos, parar de fumar, alimentar-se de maneira saudável, praticar exercícios, manter o corpo em movimento são importantes para que você reduza todas as possibilidades de a trombose voltar.

Medicamentos anticoagulantes podem ser necessários por algum tempo caso a trombose seja relacionada à coagulatividade de seu sangue.

Além disso, existem meias de compressão, que aplicam uma pressão leve nas pernas, fazendo com que o sangue circule com mais facilidade. Este tipo de meia é usada em hospitais após cirurgias para evitar que o paciente desenvolva uma trombose por ficar tempo demais na cama se recuperando.

Varfarina e a Vitamina K

A varfarina é um dos anticoagulantes mais utilizados no tratamento da trombose devido à sua eficácia.

Como todo medicamento, seu efeito pode ser alterado de acordo com interações com outros princípios ativos, mas no caso da varfarina, a nutrição também é capaz de causar estas alterações, especificamente a vitamina K.

A vitamina K reduz o efeito da varfarina, portanto é importante que você não altere sua dieta durante o tratamento. Se você reduz a quantidade média de vitamina K, o efeito da droga pode ficar forte demais, da mesma forma se você aumentar a ingestão da vitamina, o efeito pode ser reduzido, aumentando as chances do aparecimento de coágulos. Por isso, mantenha o consumo de alimentos com esta vitamina estável.

Entre os alimentos com vitamina K estão:

  • Brócolis;
  • Acelga;
  • Alface americana;
  • Espinafre;
  • Salsa;
  • Repolho verde;
  • Rúcula;
  • Aspargo;
  • Óleo de oliva.

Evite mudanças dietárias durante o tratamento com varfarina e siga as recomendações de seu médico.

Além disso, este é um medicamento com diversas interações medicamentosas. Isso quer dizer que seu uso com outros remédios pode causar alterações nos efeitos esperados de ambos. Avise seu médico sobre quais medicamentos está tomando antes de iniciar o tratamento.

Prognóstico

A trombose tem cura e normalmente o tratamento é capaz de revertê-la, porém é importante lembrar que se você teve trombose uma vez, é provável que vá ter mais. O acompanhamento médico deve ser regular e os hábitos devem mudar para garantir que as chances de retorno dos trombos seja as menores possíveis.

É possível ter qualidade de vida alta depois da trombose e mesmo com predisposição para a doença. A prevenção se torna importantíssima após um diagnóstico, justamente para garantir a manutenção ou recuperação da qualidade de vida.

Complicações da trombose

A trombose é uma condição que pode trazer diversas complicações sérias, portanto é muito importante que seja tratada o mais rápido possível. Entre as mais frequentes estão:

Embolia pulmonar

Quando um coágulo se desprende e vai até uma artéria do pulmão, ou quando se desenvolve nela, um bloqueio pode se formar e assim acontece a chamada embolia pulmonar.

Por definição, a embolia pulmonar pode ocorrer quando qualquer material causa um bloqueio, mas o mais comum é que esse material seja um coágulo de sangue — um trombo.

O coágulo originário de outro lugar do corpo é mais comum do que aqueles que se formam diretamente na região dos pulmões. A embolia pulmonar pode causar falta de ar, tosse, dor no peito e a morte.

AVC Isquêmico

Um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVC isquêmico) acontece quando algo bloqueia o caminho das artérias no cérebro. Da mesma maneira que acontece com a embolia pulmonar, o que costuma causar este tipo de AVC é um coágulo que se desprendeu.

Este tipo de condição também é uma emergência, já que a falta de circulação em uma área do cérebro pode levar à morte dos neurônios, o que deixa sequelas severas que variam dependendo de onde o trombo se encontra na artéria. Entre as complicações estão a paralisia, dor de cabeça severa, perda da fala e funções cerebrais, podendo causar a morte.

Infarto

Um infarto é a morte de um órgão ou de uma região dele. Quando um coágulo impede a passagem de sangue para certas regiões, o sangue não é capaz de oxigenar as células, o que resulta na morte delas.

A condição pode acontecer em qualquer lugar do corpo, mas o mais conhecido é o infarto do miocárdio, o famoso ataque cardíaco. Se um trombo bloqueia o caminho das artérias que nutrem o coração com oxigênio, uma parte do órgão pode morrer. O coração é um órgão essencial e infartos podem ser letais, dependendo do tamanho da região afetada.

Mas é claro que infartos podem acometer todos os órgãos. Fígado, rins, baço, estômago, intestino, qualquer um. Basta que algo impeça sua oxigenação, o que está perfeitamente dentro das possibilidades de um trombo que se desprende de uma veia de qualquer lugar do corpo.

Necrose

A necrose é a morte do tecido, que começa a apodrecer. Infartos são necroses localizadas em órgãos quando um coágulo bloqueia o caminho do sangue, mas isso pode acontecer com membros inteiros. Se uma trombose venosa profunda consegue bloquear o fluxo sanguíneo de uma veia grande, o sangue acaba ficando preso no órgão, que morre.

Essa condição pode afetar uma mão, um pé, até uma perna inteira. Não é possível recuperar tecido necrosado e ele precisa ser retirado, já que as células mortas atraem bactérias que podem causar infecções sérias que podem afetar o corpo inteiro.

Infecção generalizada

A infecção generalizada pode ocorrer quando bactérias alcançam a corrente sanguínea e se espalham pelo corpo através do sistema vascular. Depois de uma necrose, as bactérias podem começar a se acumular no tecido morto, eventualmente se espalhando para tecido vivo, e o resultado é uma infecção que pode se disseminar pelo corpo todo.

Morte

Todas as complicações listadas aqui podem levar à morte. A trombose é uma doença séria, perigosa e que deve ser tratada com urgência e seriedade para evitar que pessoas morram em decorrência dela.

Como prevenir trombose?

A prevenção da trombose é essencial, especialmente para aqueles que já têm predisposição para a doença. Entre as medidas que pode ser adotadas estão:

Meias de compressão

As meias de compressão são meias feitas para apertar levemente as pernas de maneira uniforme, facilitando o transporte do sangue através das veias.

Elas são usadas após cirurgias grandes, onde o paciente será obrigado a se recuperar deitado por vários dias, para evitar tromboses, junto de medicamentos anticoagulantes.

As meias são uma boa ideia também para voos e viagens extensas. Se você está em algum dos grupos de risco, considere comprar um par para estes momentos em que deve ficar muito tempo sentado. Mas não as use todos os dias, já que com o uso, o tecido começa a ficar mais solto e o efeito é reduzido.

Não fume

O tabaco desacelera a circulação, o que facilita a formação de trombos, além de causar inflamações nas veias, as flebites, o que também pode causar trombose. Parar de fumar reduz consideravelmente suas chances de desenvolver a doença.

Alimente-se bem

Uma alimentação balanceada pode manter seu corpo saudável e protegido de diversas doenças. Nesse caso, evitar muitos alimentos ricos em colesterol, por exemplo, reduz as chances da formação de coágulos em seu sistema vascular.

Cuide de seu peso

Manter-se em um peso saudável é importantíssimo para a saúde. Se você estiver acima do peso ideal para seu corpo, as chances do aparecimento de trombos sobem consideravelmente.

Faça exercícios

Os exercícios fazem bem para seu coração, músculos, circulação e peso. A função vascular fica mais eficiente e saudável, o que é essencial para que coágulos fiquem longe das veias.

Leia mais: Exercícios para perder barriga: como fazer, aeróbicos e abdominais

Não fique muito tempo na mesma posição

Se você trabalha sentado, busque levantar e dar uma breve caminhada de tempos em tempos. Tente não ficar deitado na mesma posição por longos períodos. O hábito de se mover e permitir que o sangue passe de maneira adequada pelo seu corpo evita que tromboses se formem em suas veias e artérias.

Perguntas frequentes

Viajar de avião causa trombose?

Sim e não. Não é o avião que aumenta as chances de você desenvolver uma trombose, mas o tempo que você fica nele. Viagens longas de avião significam muito tempo sentado. Todo esse tempo na mesma posição pode reduzir o fluxo sanguíneo das pernas, o que por sua vez facilita a coagulação do sangue nas veias.

Então não é o avião que causa a trombose. Qualquer período de tempo longo em que se fica sentado pode levar a trombos nas pernas. Viagens de trem, carro e ônibus também apresentam este risco.

Que alimentos comer para evitar a trombose?

Não existem alimentos específicos para evitar a trombose, mas existem alguns que você pode evitar em excesso para reduzir as chances. Sal e gorduras são alimentos necessários para o corpo, mas em excesso podem facilitar a formação de coágulos.

Varizes podem virar trombose?

Sim, em alguns casos. As varizes fazem com que seja mais fácil para o sangue ficar parado ou se movimentar pouco em certa região, o que propicia um ambiente ideal para a coagulação dentro do sistema sanguíneo. Portanto é importante observar bem as varizes e consultar um médico.


A trombose é uma doença causada pela formação de coágulos dentro do sistema circulatório e pode ser extremamente perigosa se não tratada. Compartilhe este texto com seus amigos para que eles possam cuidar do próprio corpo também!

Publicado originalmente em: 29/06/2017 | Última atualização: 30/10/2018

Fonte consultada

  • Dr. Paulo Caproni (CRM/PR 27.679 | CRM/SC 25.853 | CRM/SP 144.063), graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Residência Médica em Medicina Preventiva e Social pela USP-SP (PROAHSA). MBA em Gestão Hospitalar e de Sistemas de Saúde (CEAHS) pela FGV-SP
Imagem do profissional Paulo Caproni
Este artigo foi escrito por:

Dr. Paulo Caproni

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