Saúde

Teníase e cisticercose: sintomas, diferenças e tratamentos

Publicado em: 29/06/2017Última atualização: 19/06/2023
Publicado em: 29/06/2017Última atualização: 19/06/2023
Visão microscópica de uma tênia em preto e branco.Escólex (cabeça) de uma Taenia Saginata. (Imagem: Dra. Yester Basmadjián; Wikimedia Commons)
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cisticercose humana é uma doença causada pelo parasita popularmente conhecido como “solitária” ou “tênia”, mas que se desenvolve de uma forma diferente da teníase, caracterizada pela presença de um verme adulto no intestino.

No caso da cisticercose, a ingestão dos ovos de tênia conduz os vermes a um ciclo diferente, fazendo com que eles se instalem em outros tecidos do corpo, como no cérebro, por exemplo.

Neste artigo, explicaremos quais as diferenças entre teníase e cisticercose, além de listar os principais sintomas e formas de tratamento.

Índice — Neste artigo, você irá encontrar:

  1. Qual a diferença entre cisticercose e teníase?
  2. Sintomas
  3. Como é feito o diagnóstico?
  4. Tratamento
  5. Prevenção

Qual a diferença entre cisticercose e teníase?

A teníase é causada pelo verme platelminto adulto de pelo menos duas espécies diferentes, enquanto a cisticercose é causado pelas larvas de uma espécie. Além disso, as duas doenças têm ciclos diferentes, podendo envolver também animais bovinos e suínos.

Para entender melhor a diferença entre as doenças, precisamos saber como funciona o ciclo dos parasitas e como os humanos podem se tornar hospedeiros:

Ciclo da teníase

A teníase é uma doença causada por espécies de vermes parasitas do gênero Taenia, sendo a Taenia soliumTaenia saginata os mais comuns.

O ciclo é iniciado quando ovos de uma tênia adulta (parasita de um intestino humano) são eliminados por meio das fezes de indivíduos infectados. Sem as condições sanitárias básicas, essas fezes podem contaminar o solo e a vegetação com ovos.

A teníase, para ter seu ciclo completo, necessita de hospedeiros intermediários, que normalmente são os suínos (T. solium) e os bovinos (T. saginata). Esses animais podem ter contato com o ambiente ou alimento contaminado, ingerindo os ovos.

Esses ovos de tênia eclodem no trato digestivo do animal e as larvas liberadas penetram na parede intestinal, chegando aos músculos ou ao sistema nervoso central, onde se desenvolvem e formam cisticercos, podendo chegar a cerca de 5 mm de diâmetro e permanecendo viáveis por até 2 anos.

Até esse ponto do ciclo, as larvas de tênia causam um quadro veterinário conhecido como cisticercose bovina ou suína. No entanto, se alguém ingerir a carne crua ou malcozida contendo cisticercos, o escólex (cabeça) do parasita pode se fixar na mucosa do intestino delgado e se desenvolver em um verme adulto, completando o ciclo.

Com o verme adulto parasitando o intestino, surge a doença chamada teníase.

Ciclo da cisticercose

A cisticercose, por outro lado, é a situação em que o ser humano se torna hospedeiro intermediário acidental da T. solium.

O ciclo começa também com a eliminação dos ovos de uma tênia por meio de fezes humanas, com o diferencial de que os alimentos contaminados são consumidos por humanos ao invés de passar pelo organismo de outros animais.

Nesse caso, os ovos eclodem e as larvas penetram na parede intestinal, migrando para os músculos, órgãos ou sistema nervoso central, formando os chamados cisticercos, que podem trazer sérios danos à saúde do hospedeiro.

Leia também: Giardíase: o que é, sintomas, tratamento, prevenção e mais 

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Sintomas

Os sintomas e complicações, tanto da teníase quanto da cisticercose, podem variar de uma pessoa para outra. Além disso, nem sempre os sinais da infecção são facilmente perceptíveis, o que dificulta a realização de um diagnóstico.

No entanto, quando as tênias ou suas larvas trazem consequências, os principais sintomas relatados são:

Sintomas da teníase

  • Desconforto ou dores abdominais;
  • Inchaço;
  • Náuseas;
  • Sensação de fraqueza;
  • Perda de peso;
  • Gases;
  • Distúrbios digestivos;
  • Alteração da flora intestinal;
  • Diarreia ou constipação;
  • Proglotes nas fezes.

Sintomas da cisticercose

Como os cisticercos podem se instalar em diversas partes do organismo, a doença pode manifestar diferentes sintomas, dependendo da localização, do número de larvas e da saúde imunológica do hospedeiro.

Na manifestação conhecida como neurocisticercose, podem surgir sintomas neuropsiquiátricos como convulsões, distúrbios de comportamento e hipertensão intracraniana.

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Como é feito o diagnóstico?

Os diagnósticos de teníase e de cisticercose demandam diferentes métodos, que serão escolhidos dependendo da fase da infecção e dos sintomas relatados pelo paciente.

Diagnóstico da teníase

Para o diagnóstico da teníase, é preciso investigar e detectar a presença de vermes adultos no intestino do paciente.

Para isso, poderá ser solicitada a análise das fezes do paciente, com o intuito de encontrar proglotes grávidas, ou seja, segmentos do corpo da tênia que contêm os ovos e que são eliminados juntamente com as fezes, onde podem ser vistas até mesmo a olho nu.

As diferenças entre as espécies são poucas, mas vale apontar que a T. saginata libera as proglotes grávidas uma a uma, enquanto a T. solium pode eliminar essas partículas em grupos contendo cinco ou seis proglotes.

Diagnóstico da cisticercose

Causada apenas pelas larvas (cisticercos) da espécie T. solium, a cisticercose é um pouco mais difícil de ser diagnosticada, além de poder ser confundida com outras doenças.

Vale lembrar, ainda, que a cisticercose consegue afetar diferentes órgãos do corpo, incluindo o cérebro, meninges e outras partes do sistema nervoso central. Esse caso específico é o tipo mais comum da doença e recebe o nome de neurocisticercose.

Diferentes sintomas podem surgir dependendo do modo como a cisticercose se desenvolver no organismo, o que pode demandar a utilização de diversos métodos para efetuar um diagnóstico mais preciso.

No caso da neurocisticercose, por exemplo, poderão ser solicitados exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM), pois conseguem detectar presença de cisticercos em diferentes estágios de desenvolvimento, além de indicar reações inflamatórias e os danos causados aos tecidos cerebrais.

Já nos casos de suspeita de cisticercose ocular, por exemplo, poderão ser realizados exames oftalmológicos específicos, como a oftalmoscopia ou a ultrassonografia ocular, capazes de revelar a presença de cisticercos no globo ocular.

Leia tambémAscaridíase: quais os sintomas? Entenda o ciclo de vida 

Tênia vista microscopicamente e colorida de fúcsia.
Escólex (cabeça) de uma Taenia Saginata, aumentada 40 vezes por um microscópio ótico (Imagem: Roberto J. Galindo; Wikimedia Commons)

Tratamento

Em caso de suspeita de teníase ou cisticercose, é fundamental buscar orientação médica para obter um diagnóstico preciso, pois somente esse processo poderá ajudar a determinar o tratamento mais adequado para determinado quadro.

Além disso, a definição do tratamento precisará considerar outros fatores, como a individualidade de cada paciente, gravidade da infecção e condições de saúde, além de considerar possíveis contraindicações ou interações medicamentosas.

Tratamento para teníase

A Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, recomenda os seguintes fármacos no combate ao parasita adulto:

  • Mebendazol (200mg, via oral): 2 vezes ao dia, durante 3 dias;
  • Niclosamida ou clorossalicilamida (duas doses, via oral): 2g para adultos e crianças com 8 anos ou mais, 1g para crianças de 2 a 8 anos;
  • Praziquantel: dose única, via oral;
  • Albendazol (400mg, via oral): uma vez ao dia, durante 3 dias.

Tratamento para cisticercose

Em casos de neurocisticercose, pode haver o desenvolvimento de epilepsia secundária, demandando também o uso de anticonvulsivantes. De modo geral, o protocolo de tratamento para cisticercose envolve o uso de:

  • Praziquantel: recomenda-se a administração de 50mg por quilograma ao dia, processo que deve durar 21 dias. O tratamento pode ser associado à Dexametasona para reduzir os riscos de inflamação que surgem com a morte dos cisticercos;
  • Albendazol: 15mg por dia, durante 30 dias. O medicamento deve ser consumido em 3 doses diárias e geralmente é associado a 100mg de Metilpredinisolona.
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Prevenção

Higiene é um dos principais modos de prevenir a contaminação e infecção por ovos ou larvas de tênia. Recomenda-se lavar as mãos com água e sabão com frequência, principalmente antes das refeições, após o uso do banheiro e ao lidar com alimentos.

Além disso, é preciso que as pessoas tenham garantidas as condições sanitárias básicas, com tratamento de esgoto e água potável. Por outro lado, os fornecedores de alimentos devem assegurar condições de higiene adequadas, sobretudo na criação, abate e manipulação de animais destinados ao consumo.

Ao consumir carne bovina ou suína, certifique-se de que o alimento esteja bem cozido, evitando o consumo de carne mal passada ou crua. 

 


 

A teníase e a cisticercose são doenças causadas por parasitas e são respectivamente caracterizadas pela presença de vermes adultos no intestino e pela detecção de larvas em outras partes do corpo. 

As diferenças entre as doenças incluem o tipo de verme, o ciclo de infecção e as consequências da infecção. Medidas de higiene e cuidados com o consumo de carne são essenciais na prevenção.

Para saber mais sobre doenças, seus sintomas e tratamentos, continue acompanhando os artigos do Minuto Saudável e siga nossos perfis nas redes sociais.

 


Referências

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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