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Bula do Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 19 de Outubro de 2020.

Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol, para o que é indicado e para o que serve?

Este medicamento é um analgésico e miorrelaxante destinado ao tratamento de todos os estados dolorosos, reumáticos ou traumáticos, tais como dores musculares, espasmos e distensão muscular, traumatismo de região não especificada do corpo, torcicolos, luxação, entorse e distensão de região não especificada do corpo.

Quais as contraindicações do Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol?

Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol é contraindicado nos casos de miastenia gravis, discrasias sanguíneas, porfiria aguda intermitente, gastrites, duodenites, úlceras gástricas ou duodenais, hipertensão, cardiopatias, nefropatias e hepatopatias.

Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol também é contraindicado para uso por pacientes alérgicos a um ou mais componentes do medicamento.

Como usar o Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol?

1 a 2 comprimidos, 2 a 4 vezes ao dia. Tomar os comprimidos com líquido, por via oral.

A dosagem máxima diária é limitada a 8 comprimidos.

A segurança e eficácia de Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol somente é garantida na administração por via oral.

Este medicamento não deve ser partido ou mastigado.

Quais as reações adversas e os efeitos colaterais do Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol?

Reação comum (> 1/100 e < 1/10)

Cefaléia, tonturas, reação alérgica tipo exantema.

A literatura cita ainda as seguintes reações adversas, sem frequências conhecidas

Distúrbios gastrintestinais como dispepsia, dor epigástrica, náuseas e vômitos; irritabilidade e insônia; prurido; danos hepáticos e/ou renais, principalmente em pacientes que consomem em excesso ou moderadamente bebidas alcoólicas e nos casos de ingestão excessiva ou uso crônico do produto.

Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol pode exacerbar as disfunções hepáticas ou renais em pacientes hepatopatas ou nefropatas.

Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária - NOTIVISA ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.

Riscos do Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol?

Não use junto com outros medicamentos que contenham paracetamol, com álcool, ou em caso de doença grave do fígado.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol com outros remédios?

Gravidade Medicamentos Efeito da interação
Maior Tranquilizantes (como por exemplo, alprazolam, midazolam, meprobamato). Quando usados concomitantemente podem interagir com Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol, aumentando ainda mais o seu poder relaxante e de sedação.
Moderada Neurolépticos (como por exemplo, clozapina). A cafeína altera os níveis sanguíneos de neurolépticos.
Menor Cloranfenicol. O paracetamol prolonga a meia-vida do cloranfenicol.

A literatura cita ainda a seguinte interação, apesar de não possuir significância clínica relevante

A atropina e os anticolinérgicos retardam a absorção do paracetamol.

Quais cuidados devo ter ao usar o Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol?

Uso em idosos

O uso de Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol em pacientes idosos, geralmente mais sensíveis aos medicamentos, deve ser cuidadosamente acompanhado.

Alterações na capacidade de dirigir veículos e operar máquinas

Apesar do componente cafeína na fórmula, a atividade músculo-relaxante de Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol é bastante pronunciada, podendo ocorrer, em pessoas mais sensíveis, sensação de relaxamento geral e sonolência, que devem ser considerados naqueles pacientes cujo tratamento exija pronto uso dos reflexos.

Gravidez e lactação

Categoria de risco na gravidez C.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.

Não use outro produto que contenha paracetamol.

Qual a ação da substância do Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol?

Resultados de eficácia

Em uma meta-análise publicada no JAMA em 1984, foram envolvidos mais de 10.000 pacientes, durante mais de 20 anos num total de 30 estudos, com o objetivo de avaliar o valor da cafeína como um analgésico adjuvante. Os estudos incluíram pacientes com dor pós-parto, cólicas uterinas, episiotomia, cirurgias orais e cefaléia. Em 21 dos 26 estudos, a potência relativa estimada de um analgésico com cafeína foi maior do que sem a cafeína.

A análise da potência relativa estimada baseada em todos os estudos sugere que, na média, quando um analgésico não estava associado à cafeína, uma dose 40% maior foi necessária para obter o mesmo grau de analgesia obtida com o mesmo analgésico associado à cafeína (potência relativa estimada de 1,41 CI 95%; 1,23-1,63). Baseado nestes resultados e na revisão da literatura, os autores concluíram que a adição de cafeína a um analgésico, tomados em 2 doses, resulta em analgesia mais efetiva. A melhora do humor também foi um ponto positivo, sendo considerado um ponto importante para alguns pacientes. A cafeína associada ao analgésico apresenta-se como uma importante opção terapêutica para tratar os pacientes com dor.

Renner e cols, em 2007, realizaram um estudo duplo-cego, controlado com placebo e cruzado, com o objetivo de investigar a atividade analgésica do paracetamol, comparado com a cafeína isolada e associada ao paracetamol, utilizando um modelo experimental de dor em humanos. Os autores também estudaram as ações da cafeína na melhora da dor, de forma subjetiva e objetiva, além da avaliação da farmacocinética. O modelo de dor experimental utilizado é baseado no potencial evocado cortical e intensidade da dor através de estimulação específica dos nociceptores nasais com dióxido de carbono (CO2), e também na da intensidade da dor após estimulação dolorosa tônica na mucosa nasal com ar seco com fluxo e temperatura controlados.

Foram estudados 24 sujeitos sadios (12 de cada sexo), com idade entre 18 e 45 anos (média de 26 anos). O estudo demonstrou evidências do aumento da analgesia da associação da cafeína com o paracetamol (P+C). No entanto, o modelo experimental escolhido não elucidou o mecanismo envolvido na melhora do potencial analgésico do paracetamol. Os autores concluíram que os efeitos analgésicos do paracetamol e do paracetamol + cafeína, mas não da cafeína isolada, causaram significante redução da dor com início da analgesia 30 minutos após a ingestão da medicação.

Na combinação (paracetamol + cafeína) o efeito analgésico se manteve por 3 horas. A cafeína acelerou a absorção do paracetamol, indicado pelo aumento da área sob a curva. Um efeito analgésico significante da combinação (P+C) na dor tônica foi encontrado em relação ao tempo, quando da comparação com o paracetamol isolado e com o placebo, mostrando que a cafeína melhorou e prolongou a eficácia analgésica do paracetamol.

Um estudo comparativo, duplo-cego, controlado com placebo avaliou a eficácia do carisoprodol (350 mg) na condução de desordens musculoesqueléticas nas costas. O carisoprodol foi efetivo em 79% dos casos, comparados a 14% dos pacientes que receberam placebo. A incidência de efeitos adversos foi baixa (4/68) sendo facilmente controlados com diminuição da dose.

O carisoprodol foi avaliado no tratamento de dor aguda, espasmos e rigidez associados a condições musculoesqueléticas num estudo controlado com placebo envolvendo 65 pacientes.

Em 80% dos pacientes a condição esteve presente por menos de 24 horas. Os pacientes receberam carisoprodol 350 mg, 4 vezes ao dia (com as refeições e ao deitar), por 10 dias ou placebo. A melhora global e o alívio dos sintomas foi melhor evidenciado com o carisoprodol do que com o placebo no 5o e no 10o dia de tratamento, com alívio completo em 23 pacientes do grupo carisoprodol e 11 no grupo placebo.

Em um estudo de 7 dias, multicêntrico, duplo-cego e controlado com placebo, o carisoprodol foi efetivo no alívio agudo da lombalgia mecânica idiopática em regimes de doses de 250 mg e de 350 mg. Pacientes entre 18 e 65 anos, com dor aguda por 3 dias ou menos, foram randomizados para receber carisoprodol 250 mg (n=264), carisoprodol 350 mg (n=273) ou placebo (n=269) no estudo 1 ou carisoprodol 250 mg (n=269) ou placebo (n=278) no estudo 2. A medicação foi administrada 3 vezes ao dia e ao deitar, por 7 dias. Baseado nos 5 pontos de alívio de dor relatados pelos pacientes e na impressão global foi preenchida uma escala onde zero significava o pior resultado e 4 o melhor resultado no primeiro estudo.

Em relação ao alívio da dor a média do score no terceiro dia após o início da terapia no estudo 1 foi de 1,4±0,1 no grupo placebo, comparado com 1,8±0,1 em ambos os grupos de carisoprodol (diferença de 0,4; 95% CI; 0,2-0,5 para a dose de 250 mg e 0,4; 95% CI; 0,2-0,6 para a dose de 350 mg). No estudo 2 a média do score de alívio da dor no terceiro dia foi de 1,1±0,1 no grupo placebo e 1,8±0,1 no grupo carisoprodol 250 mg (diferença de 0,7; 95% CI; 0,5-0,9). No estudo 1, os pacientes tratados com carisoprodol (250 mg e 350 mg) reportaram melhor impressão geral na mudança da escala (2,2; 2,2 e 1,9 respectivamente, diferença de 0,2; CI 95%; 0,1-0,4 para 250 mg e 0,3; 95% CI, 0,1-0,4 para 350 mg). No estudo 1 os pacientes tratados com o carisoprodol 250 mg alcançaram o melhor score comparados com o placebo (2,2 vs 1,7 respectivamente, diferença de 0,5; 95% CI; 0,4-0,7).

Ralph e cols. em 2008, realizaram um estudo multicêntrico prospectivo com duração de 7 dias, randomizado, duplo-cego, pareado e controlado com placebo com o objetivo de determinar a eficácia e a segurança do carisoprodol em condições musculoesqueléticas dolorosas, na dose de 250 mg, 3 vezes ao dia e ao deitar em espasmos musculares dolorosos agudos em região lombar.

Os pacientes qualificados foram randomizados para receber carisoprodol (n=277) ou placebo (n=285). A eficácia foi inicialmente avaliada através do relato do estado geral dos pacientes e através do relato de alívio da dor por meio de uma escala de dor composta por 5 pontos. A primeira avaliação ocorreu no terceiro dia de estudo.

A avaliação secundária da eficácia foi realizada através

  • Questionário de inabilidade de Roland-Morris (RMDO);
  • Tempo de melhora dos sintomas;
  • Utilização de medicação de resgate;
  • Avaliação da motilidade.

O carisoprodol foi mais efetivo do que o placebo na impressão global dos pacientes (2,24 vs 1,7; p<0,0001) e relato de alívio da dor nas costas (1,83 vs 1,12; p<0,0001). Os pacientes experimentaram melhora clínica com ou sem sedação. Houve melhora moderada ou marcante no terceiro dia com o carisoprodol e no sexto dia com o placebo (p<0,0001). Nenhum paciente descontinuou o uso da medicação por sonolência e não houve efeito adverso grave ou efeitos clínicos significantes nos valores laboratoriais e nos sinais vitais. Neste estudo, os pacientes com espasmo muscular agudo em região lombar, tiveram melhora significante e mais rápido alívio da dor, com melhora funcional durante o tratamento com carisoprodol 250 mg por via oral quando comparado com o placebo.

O paracetamol mostrou-se eficaz no tratamento de dor moderada a severa associada a pequenos procedimentos cirúrgicos de acordo com uma meta-análise de 145 estudos. Para determinar o
risco/benefício do paracetamol combinado com cafeína foram avaliados vários estudos, comparando paracetamol/cafeína com paracetamol isoladamente com relação ao benefício e aos dados relativos à hepatotoxicidade do paracetamol, quando combinado com cafeína. Oito estudos forneciam dados quantitativos suficientes para a meta-análise.

O benefício relativo (de atingir pelo menos 50% de alívio da dor) do paracetamol vs paracetamol/cafeína foi de 1,12 (95% Cl; 1,05-1,19) em vários estados de dor aguda (dor de cabeça, dismenorreia, dor pós-parto, e dor odontológica). A revisão dos efeitos adversos da combinação de paracetamol e cafeína no fígado não revelou nenhum dado clinicamente significativo de hepatotoxicidade com o uso de paracetamol. A combinação paracetamol/cafeína é eficaz e segura para uso em dor aguda.

Em outro estudo, o objetivo foi determinar o efeito analgésico do paracetamol em comparação com uma associação de cafeína e paracetamol ou só cafeína na estimulação tônica e fásica da dor. Vinte e quatro pacientes foram tratados por via oral com paracetamol, cafeína, e uma combinação de ambos, num cruzamento de 4 braços, duplo-cego, controlado com placebo. Foi demonstrado que a cafeína melhora e prolongada a atividade analgésica do paracetamol.

Características Farmacológicas

Propriedades farmacodinâmicas

O paracetamol é um derivado paraminofenol com definida ação analgésica e antipirética. Por atuar preferencialmente nas prostaglandinas do centro termorregulador hipotalâmico no sistema nervoso central, não altera a coagulação, nem quanto ao tempo de sangramento, nem quanto à agregação plaquetária. Tem pouco efeito na mucosa gástrica, mesmo em grandes doses.

Especificamente, o paracetamol é um potente inibidor da cicloxigenase no sistema nervoso central. Age como antipirético através de ação sobre o centro termorregulador hipotalâmico.

O carisoprodol é um relaxante muscular esquelético de ação central, quimicamente relacionado ao meprobamato, que reduz indiretamente a tensão da musculatura esquelética em seres humanos. O modo de ação pelo qual o carisoprodol alivia o espasmo muscular agudo de origem local, pode estar relacionado com o fato de deprimir preferencialmente os reflexos polissinápticos, mostrando eficácia no tratamento do desconforto decorrente do espasmo muscular esquelético. A sedação também é uma consequência do uso de relaxantes musculares esqueléticos.

A cafeína, uma metilxantina, é um estimulante do sistema nervoso central, estruturalmente relacionado com a teofilina. Atua sobre a musculatura estriada, aumentando o seu tônus, tornando-a menos suscetível à fadiga e melhorando o seu desempenho. A cafeína produz estado de alerta mental e tende a corrigir a sonolência que o carisoprodol provoca. A cafeína é um adjuvante analgésico.

Propriedades farmacocinéticas

Após a administração oral, o paracetamol é rapidamente absorvido pelo trato gastrintestinal, atingindo concentrações séricas máximas entre 30 e 60 minutos e meia-vida plasmática de cerca de 2-4 horas e meia-vida de eliminação de 4-5 horas. Na presença de insuficiência hepática, esta meia-vida de eliminação é aumentada. A disfunção renal não altera a sua meia-vida de eliminação.

A biotransformação resulta em metabólitos conjugados glucuronados, sulfonados e cisteínicos, assim como metabólitos hidroxilados e desacetilados, excretados pela via urinária e biliar.

Menos de 1% é excretado in natura.

O carisoprodol é bem absorvido após administração oral, sendo metabolizado no fígado e excretado na urina com uma meia-vida de eliminação de 8 horas. Tem um rápido início de ação terapêutica de 30 minutos e um pico de ação em 4 horas.

A cafeína é bem absorvida por via oral com níveis de pico plasmático entre 15-45 minutos. Sua meia-vida de eliminação é de 4-5 horas. Seu metabolismo é hepático e a excreção é renal. O tempo médio estimado para início da ação terapêutica após a administração de Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol é de 15 a 45 minutos.

Interação Alimentícia: posso usar o Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol com alimentos?

Bebidas alcoólicas quando usadas concomitantemente podem interagir com Cafeína + Carisoprodol + Paracetamol, aumentando ainda mais o seu poder relaxante e de sedação.

O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 19 de Outubro de 2020.

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 19 de Outubro de 2020.

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