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O que é Autismo

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma complexa condição neurológica que afeta o desenvolvimento social, comunicativo e comportamental de uma pessoa. Caracteriza-se por uma ampla variedade de costumes e níveis de gravidade, daí o termo "espectro". 

As características muitas vezes incluem dificuldades na interação social e na comunicação. Indivíduos nesse espectro podem apresentar desafios na compreensão de expressões faciais, linguagem corporal e nuances da linguagem verbal. 

Também apresentam dificuldade em iniciar ou manter conversas e em compartilhar interesses e emoções.

Uma importante ação nesse universo foi a mudança de terminologia de autismo para TEA, ela ocorreu para refletir uma compreensão mais abrangente e atualizada da condição. O termo tem a capacidade de  enfatizar a variedade de características e níveis de gravidade que podem ser encontrados nas pessoas com essa condição. 

O TEA não é uma circunstância única, mas sim um espectro de sintomas, habilidades e desafios que podem variar amplamente de pessoa para pessoa. Dando mais ênfase nas pessoas, suas habilidades e necessidades, em vez de apenas focar na condição como uma doença isolada.

Além de atualização científica, a mudança também busca reduzir o estigma associado ao termo autismo. Isso ajuda a promover uma compreensão mais inclusiva e aceitação de indivíduos com a condição.

Dados recentes divulgados pelo CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), revelam uma notável diferença entre os gêneros, com uma proporção de 1 menina para cada 4 meninos no espectro do autismo. Além disso, as estatísticas mostram que os diagnósticos de autismo continuam a aumentar. 

Essa diferença na incidência por gênero é um aspecto que continua a ser objeto de estudo e investigação, buscando compreender melhor as bases biológicas e genéticas do TEA.

De acordo com o CDC, 1 a cada 110 crianças nasce com autismo, o que pode representar um número considerável. A ONU estima que mais de 70 milhões de pessoas vivem com autismo, impactando profundamente a maneira como elas se comunicam e interagem com o mundo ao seu redor. 

Essas estatísticas ressaltam a necessidade de conscientização global a fim de promover ações que garantam uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todos os indivíduos.

É considerado uma deficiência?

Sim, a Lei nº 12.764/12 trouxe uma importante mudança ao estabelecer que indivíduos com transtorno do espectro autista sejam reconhecidos legalmente como pessoas com deficiência, abrangendo essa condição sob essa categoria em todos os aspectos legais.

A legislação consegue desempenhar um papel importante na mudança de percepção da sociedade, a lei ajuda a sensibilizar a população sobre as características e desafios associados a essa condição. Isso contribui para reduzir estigmas e preconceitos, promovendo uma cultura de inclusão e aceitação.

E principalmente, esses direitos visam garantir o suporte necessário para que essas pessoas alcancem seu pleno potencial. Com um reconhecimento legal para direitos e benefícios, isso inclui acesso a serviços de saúde, educação inclusiva, medidas de acessibilidade, proteção contra discriminação e inclusão no mercado de trabalho. 

Atenção aos sinais

Os primeiros meses de vida de uma criança são fundamentais para observar possíveis sinais de alerta no seu neurodesenvolvimento. Identificar os tipos precocemente é crucial, uma vez que o diagnóstico geralmente é confirmado por volta dos 2 a 3 anos de idade.

É durante essa fase inicial que os pais e cuidadores podem notar sinais que diferem do desenvolvimento típico, como atrasos no desenvolvimento da fala, dificuldades na interação social, comportamentos repetitivos ou restritivos, bem como outros padrões de comportamento que possam indicar questões no neurodesenvolvimento. 

A pronta detecção desses sinais permite o início de intervenções e suporte adequados, maximizando o potencial de desenvolvimento da criança.

Espectro

As disfunções do TEA variam em grau e manifestação, afetando de maneira única cada indivíduo no espectro. A seguir será listado o que é conhecido sobre as nuances desse transtorno. 

Traços de TEA

Quando é dito “traços de autismo" é usado para descrever comportamentos ou características que compartilham algumas semelhanças com o autismo, mas que podem não atender a todos os critérios para um diagnóstico completo de TEA. 

Isso pode incluir dificuldades na comunicação social, interesses específicos e padrões de comportamento repetitivos, embora em menor intensidade do que o observado em casos mais pronunciados de pessoas com autismo.

Autismo Leve (Grau 1)

O termo "autismo leve" normalmente é utilizado para descrever casos em que os sintomas do autismo estão presentes, mas com menor intensidade. 

Nas disfunções da linguagem, pode haver um desenvolvimento da fala típico, mas com dificuldades em manter uma conversa fluente. Pode haver tendência a se comunicar de maneira literal, dificultando a compreensão de metáforas ou expressões idiomáticas. 

A comunicação não verbal, como gestos ou expressões faciais, também pode ser limitada. A intervenção precoce e o apoio adequado podem fazer uma diferença significativa para esses indivíduos.

Síndrome de Asperger 

Anteriormente considerada um subtipo distinto dentro do TEA, a Síndrome de Asperger agora é abordada como um guarda-chuva sob o espectro autista. Com suas características distintivas. 

Indivíduos com Síndrome de Asperger frequentemente apresentam um desenvolvimento linguístico normal, mas podem ter dificuldades em compreender sutilezas sociais, expressar empatia e participar em interações sociais complexas. 

Eles podem se destacar em áreas específicas, como matemática ou ciência, e, muitas vezes, não apresentam atrasos cognitivos significativos.

TEA de Alto Funcionamento (Grau 2) 

Usada para se referir a pessoas com autismo que, apesar de terem desafios significativos em algumas áreas, também têm habilidades excepcionais em outras. 

Indivíduos com autismo de alto funcionamento geralmente têm um nível razoável de funcionamento intelectual e podem ser altamente competentes em campos específicos, como tecnologia, matemática, arte e música. 

Eles podem enfrentar desafios na comunicação social e flexibilidade, mas, com apoio adequado, podem levar vidas produtivas e significativas.

TEA Grave (Grau 3)

No outro extremo do espectro, temos o autismo grave, são casos em que os sintomas são mais pronunciados, com atrasos significativos no desenvolvimento da fala, comunicação social, interação e comportamento. Indivíduos com autismo grave podem ter necessidades de suporte substanciais em várias áreas da vida diária. 

A intensidade dos sintomas pode variar, mas, em geral, é caracterizada por um impacto mais profundo nas habilidades de comunicação, interação social e comportamento.

Comportamentos

As pessoas no Transtorno do Espectro Autista frequentemente apresentam uma série de atitudes distintas que podem variar consideravelmente de acordo com a individualidade e grau de cada pessoa. Alguns comportamentos mais comuns são:

Hiperfoco

Muitas pessoas com TEA têm a capacidade de se concentrar intensamente em interesses específicos, muitas vezes a ponto de se tornarem especialistas em determinados assuntos.

Esse hiperfoco pode ser notável e, em alguns casos, se traduzir em habilidades surpreendentes em várias áreas.

Interesses Específicos

Além do hiperfoco, as pessoas com TEA muitas vezes têm interesses extremamente intensos em assuntos específicos, que podem ser muito diferentes dos interesses típicos de outras crianças da mesma idade. Esses interesses podem ser profundos e persistentes.

Hipersensibilidade 

Ser sensorial leva indivíduos a ter experiências extremas do cotidiano, como sons, luzes, texturas de roupas e cheiros. Isso pode resultar em reações intensas, como desconforto, ansiedade ou irritação em resposta a estímulos sensoriais.

Além da hipersensibilidade sensorial, algumas pessoas com TEA podem ter sensibilidades alimentares, demonstrando preferências restritas ou aversões a certos alimentos devido a texturas, cores ou outros fatores sensoriais.

Hiperatividade

A hiperatividade pode incluir agitação física, movimentos repetitivos ou inquietação. No entanto, é importante notar que a hiperatividade nem sempre está presente e varia entre os indivíduos.

Movimentos Repetitivos 

Esses movimentos, também conhecidos como comportamentos estereotipados, são uma característica distintiva. Alguns exemplos são: balançar as mãos, bater, fazer movimentos repetitivos com objetos ou outros comportamentos repetitivos.

Rotina

A necessidade de manter uma rotina previsível é uma característica comum, mudanças inesperadas podem ser desafiadoras e causar ansiedade. Ter uma rotina consistente pode proporcionar conforto e segurança.

A resistência às mudanças de programação pessoais pode ser uma característica, levando à ansiedade em situações que envolvem transições ou mudanças não planejadas.

Dificuldades na Comunicação

Muitas pessoas com TEA podem enfrentar desafios na comunicação, seja na linguagem verbal ou não verbal. Isso pode incluir atrasos no desenvolvimento da fala, uso repetitivo de frases ou palavras, dificuldades em iniciar ou manter uma conversa e falta de compreensão de nuances sociais na comunicação.

Compreensão Social

A capacidade de compreender e responder a sinais sociais, como pistas não verbais (expressões faciais, linguagem corporal) e regras sociais implícitas, pode ser um desafio. 

Dificuldade em Mentir

É comum indivíduos com TEA ter impedimentos na hora de mentir ou em entender as nuances da comunicação não literal. A comunicação direta e a honestidade são frequentemente valorizadas por essas pessoas, o que pode levar a desafios em situações sociais que exigem habilidades de "mentir" ou entender as intenções ocultas.

Infelizmente, esses comportamentos afetam suas interações, levando a mal-entendidos ou ações complicadas em contextos sociais.

Complicações na saúde

Indivíduos com autismo estão suscetíveis a enfrentar várias complicações na saúde, que podem ser resultantes das características próprias. Algumas delas são:

  • Problemas de alimentação, a sensibilidade alimentar é capaz de levar a desafios como obesidade, anemia ou baixo peso;
  • Problemas gastrointestinais, como constipação, síndrome do intestino irritável e sensibilidades alimentares;
  • Distúrbios envolvendo saúde mental, como ansiedade, depressão e transtornos do humor;
  • Epilepsia;
  • Distúrbios do sono;
  • Lesões por conta dos movimentos repetitivos.

Diagnóstico

O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista envolve uma avaliação integradora e conduzida por profissionais de saúde especializados em desenvolvimento infantil, como pediatras e neuropediatras.

É necessário que os pais ou cuidadores comecem a se atentar quando a criança tiver entre 12 e 18 meses de idade, especialmente se tiver ausência ou atraso na evolução da linguagem. A percepção de que a criança não está se desenvolvendo como o esperado, muitas vezes serve como um sinal de alerta.

O diagnóstico é primariamente clínico, envolvendo a observação cuidadosa da criança, entrevistas com os pais e a aplicação de alguns instrumentos sensíveis na detecção de possíveis alterações que sugerem o TEA. 

Muitas vezes é apontado sintomas de agitação e agressividade. Essas manifestações podem ter várias origens, como a dificuldade em se comunicar, desconforto sensorial, dor ou outros desconfortos

No entanto, até o momento, ainda não existem marcadores biológicos ou exames específicos que possam diagnosticar o autismo de forma direta. A detecção do autismo continua sendo uma avaliação clínica complexa, que depende de observações, avaliações comportamentais e interação com profissionais especializados em desenvolvimento infantil.

O diagnóstico precoce também ajuda a identificar comorbidades médicas ou de saúde mental que possam estar presentes, permitindo o tratamento de condições adicionais.

Tratamento

Hoje existem diversas intervenções que podem ser benéficas para pessoas no espectro TEA. No entanto, como o transtorno é uma condição complexa e altamente variável, significa que as intervenções que funcionam bem para uma pessoa podem não ser igualmente eficazes para outra. 

O tratamento deve ser individualizado, levando em consideração as necessidades e características do indivíduo. Algumas das abordagens mais comuns para autismo incluem:

  • Terapia Comportamental, como a Terapia Comportamental Aplicada (ABA);
  • Terapia da Fala;
  • Intervenções de escolas e programas educacionais especializados.

Em alguns casos, a medicação pode ser usada para tratar sintomas associados ao autismo, como ansiedade, agressividade ou problemas de sono. O uso de medicamentos deve ser cuidadosamente avaliado por um médico especializado.

É incontestável o envolvimento da família no tratamento, permitindo que o indivíduo (principalmente criança) se beneficie de uma rede de apoio abrangente e fortaleça e promova o bem-estar pessoal.

Cuidados

Após o diagnóstico específico, avise as escolas e educadores para que possam adaptar o ambiente de aprendizado e implementar estratégias específicas para atender às necessidades da criança no espectro.

Alguns dos cuidados seriam principalmente na comunicação, ser o mais claro e direto possível e evitar linguagem figurativa ou ambígua, e dar tempo para a pessoa processar informações e responder.

Outras dicas úteis são: 

  • Respeitar as necessidades de um ambiente sensorialmente confortável, por exemplo, cuidar com som, luz e cheiros;
  • Manter uma programação consistente e avise antecipadamente sobre mudanças;
  • Respeitar o espaço pessoal da pessoa;
  • Incentive a independência e ajude a tomar decisões.

Uma dica poderosa é se informar sobre o TEA, suas características, estratégias de apoio e os recursos disponíveis. Isso ajudará você e o próximo em um ambiente mais compreensivo e respeitoso.


Quais são os sintomas do autismo?

Os sintomas do Transtorno do Espectro Autista podem se manifestar de maneira diferente em diferentes idades. Geralmente se enquadram em três áreas principais: dificuldades na comunicação, dificuldades na interação social e padrões de comportamento repetitivos ou restritos.

Outras manifestações associadas são: 

  • Dificuldades na compreensão, se expressar e demonstrar empatia;
  • Interesses específicos;
  • Resistência a mudanças;
  • Sensibilidades sensoriais.

Estão nascendo mais crianças autistas hoje?

O aumento no número de crianças diagnosticadas com autismo nas últimas décadas é uma tendência preocupante e, ao mesmo tempo, resultado de diversos fatores. 

Segundo o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), em 2020, a incidência de crianças com autismo é estimada em cerca de 1 a cada 36, o que representa um aumento significativo em comparação com as taxas anteriores. 

Algumas razões podem ter relação com o  aumento na conscientização sobre o autismo entre profissionais de saúde, educadores e a sociedade em geral levou a uma detecção mais precoce e precisa.

Embora não sejam completamente compreendidos, fatores genéticos e ambientais podem estar contribuindo para o aumento das taxas de autismo.

É importante ficar atento a novos estudos que podem fornecer informações adicionais sobre os possíveis fatores de risco e influências ambientais no desenvolvimento do autismo.

Qual a idade que se percebe o autismo?

O autismo pode ser identificado em idades diversas, mas os sinais de alerta geralmente ocorrem após os 6 meses de vida. Nesse período, é possível ver um avanço notável das habilidades linguísticas, tanto pré-verbais quanto verbais. Qualquer demora pode ser um possível sinal.

Importante que os pais ou cuidadores estejam atentos a esses marcos de desenvolvimento e estimulem o seu desenvolvimento adequado à idade.

O que faz a pessoa ter autismo?

A compreensão atual do Transtorno do Espectro Autista diz que não há uma única causa definitiva, mas sim uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais. 

Essa interação parece desempenhar um papel significativo no desenvolvimento do TEA, mas é fundamental distinguir que o termo "risco aumentado" não se traduz em uma causa direta. Isso significa que não podemos atribuir o autismo a um único fator ambiental específico.

As evidências que indicam que a genética desempenha um papel importante na predisposição ao autismo. Pessoas com parentes próximos que têm autismo têm um risco aumentado de desenvolver a condição.

Além dos fatores genéticos, há indicações de que fatores ambientais também podem influenciar o risco de autismo. No entanto, são mais bem descritos como "fatores de risco", o que significa que podem aumentar a probabilidade de que alguém desenvolva autismo, mas não são a causa única ou definitiva da condição.

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