Leptospirose: o que é, transmissão e tratamento
Definição
A leptospirose é uma doença que surge a partir da infecção pela bactéria Leptospira. Ela é aguda e pode ser leve, moderada ou grave. Neste último caso, existe um risco de letalidade maior.
É mais comum que a doença afete grupos que vivem em condições onde não há saneamento básico eficiente, embora ela também possa atingir qualquer pessoa que, de alguma forma, teve contato com a bactéria.
A doença gera sintomas diversos no corpo, e em casos graves, pode comprometer órgãos e sistemas importantes.
Transmissão: como se pega leptospirose?
A transmissão do agente causador da leptospirose ocorre pelo contato com a urina de um animal infectado pela bactéria, especialmente ratos. Ao tocar a pele por longos períodos, ou mesmo um contato rápido mas na região da mucosa ou na pele lesionada, a bactéria já é capaz de adentrar o organismo.
Por isso, a ocorrência é mais comum em locais que tenham alta quantidade de animais que possam ser transmissores. A falta de saneamento básico gera maior risco de contaminação.
Episódios de enchentes também podem ocasionar um surto, já que nesse contexto é comum que as pessoas fiquem em contato com a água por muito tempo, que pode estar contaminada.
Em casos mais raros, a bactéria também pode ser adquirida por meio da ingestão de alimentos contaminados.
Quais são os sintomas?
Os primeiros sintomas podem surgir até 30 dias depois do contato com a bactéria, mas, em geral, esse tempo é de 7 a 14 dias.
As manifestações podem ser divididas de acordo com a fase da doença, que pode ser precoce ou tardia. Na fase precoce, os sintomas mais comuns são:
- Febre alta;
- Dor de cabeça;
- Náuseas e vômitos;
- Falta de apetite;
- Dor ocular;
- Sensibilidade à luz;
- Vermelhidão e hemorragia conjuntival;
- Dor muscular, especialmente na região das panturrilhas.
Eventualmente, ainda podem ocorrer diarreias, dores nas articulações, aumento de linfonodos (caroços), aumento do fígado ou do baço e sufusão conjuntival (quando há vermelhidão nos olhos pela dilatação de vasos sanguíneos).
Na fase tardia, a leptospirose provoca sintomas mais graves, tais como:
- Hemorragia pulmonar e comprometimento do órgão, com tosse seca, expectoração e falta de ar;
- Síndrome da angústia respiratória aguda;
- Hemorragia em outros locais do corpo, incluindo órgãos e áreas do sistema nervoso central;
- Síndrome de Weil, que provoca insuficiência renal, hemorragias e icterícia (pele e olhos amarelados).
Diagnóstico
Uma das principais formas de diagnosticar a doença é por meio do exame de microaglutinação. É coletado o sangue do paciente uma vez e depois de 7 a 10 dias, a coleta é repetida, para analisar a presença de anticorpos.
Por ser relativamente complexo, muitas vezes ele acaba não sendo realizado, o que atrasa o diagnóstico e o início do tratamento.
Também é possível fazer exames que buscam detectar a presença da bactéria Leptospira no organismo.
Quanto antes a condição for descoberta, mais eficiente poderá ser o tratamento, evitando um agravamento da doença.
Tratamento
O tratamento pode ser feito com diversos medicamentos. Se o paciente estiver em boas condições, pode realizar a terapia em casa, sob as orientações médicas.
Porém, em casos mais sérios, é necessário fazer a internação hospitalar.
Medicação
Para eliminar a bactéria causadora da leptospirose do organismo, o tratamento é baseado no uso de antibióticos da classe dos beta-lactâmicos, tetraciclinas ou cefalosporinas.
A partir do momento em que o paciente tem a suspeita de leptospirose, deve-se encaminhar a um serviço de saúde para dar início à antibioticoterapia. A eficácia é maior quando o tratamento começa na primeira semana em que os sintomas aparecem.
Em estágios iniciais da doença, os médicos podem indicar o uso de doxiciclina ou amoxicilina. Já na fase tardia, as penicilinas e cefalosporinas, como a ceftriaxona, são mais utilizadas.
A dosagem específica de cada medicamento e duração do tratamento vai depender de uma série de fatores, como o histórico clínico do paciente, faixa etária e peso corporal.
Em alguns casos, os médicos podem orientar para que seja feita a prevenção, principalmente se o paciente irá viajar para alguma área com risco de leptospirose.
Vale ressaltar que a automedicação não é recomendada, principalmente com antibióticos. Procure o médico em caso de suspeita ou caso planeje viajar para áreas com risco de infecção da doença.
Prevenção
A forma de prevenir o contágio pela bactéria causadora da leptospirose é com ações relacionadas à proteção do meio ambiente e das pessoas, especialmente em áreas menos desenvolvidas.
O saneamento básico é fundamental para manter a água em condições adequadas, assim como evitar o contato com o esgoto e lixo. Combater animais transmissores, especialmente os ratos, também é uma ação necessária.
Em casos de enchentes ou lama, deve-se evitar o contato com a água o máximo possível. O uso de luvas, botas e outros materiais protetores podem ajudar a manter a pele preservada.
Quais são as chances de cura da leptospirose?
As chances de cura são muito boas, especialmente se a doença é descoberta ainda no início. Quando mais cedo for diagnosticada, mais rápido e eficiente poderá ser o tratamento.
Os riscos são grandes quando os pacientes já estão em fases mais avançadas, principalmente quando há hemorragia pulmonar.
Apenas com uma análise individual de cada caso é possível prever o tratamento e a recuperação. Por isso, o auxílio médico é fundamental.
Quais são as sequelas da leptospirose?
Diversas complicações podem ocorrer por conta da leptospirose, sejam elas temporárias ou permanentes. Alguns exemplos são:
- Insuficiência renal aguda;
- Distúrbios no coração;
- Distúrbios neurológicos;
- Pancreatite;
- Anemia.
Casos mais raros podem ainda provocar paralisias, encefalite, distúrbios visuais, convulsões, entre outras manifestações.