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Bula do Lidocaína + Polimixina B

Princípio Ativo: Lidocaína + Polimixina B

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 19 de Outubro de 2020.

Lidocaína + Polimixina B, para o que é indicado e para o que serve?

Lidocaína + Polimixina B é indicado para o tratamento de otite externa aguda ocasionada ou complicada por infecção bacteriana e em pós-operatório das cavidades auriculares.

Quais as contraindicações do Lidocaína + Polimixina B?

Lidocaína + Polimixina B é contraindicado nos seguintes casos:

  • Otite fúngica;
  • Otite por herpes simples ou zóster ou outras infecções locais causadas por vírus;
  • Otite tuberculosa;
  • Perfuração da membrana timpânica suspeita ou confirmada;
  • Otite média;
  • Hipersensibilidade a qualquer componentes da fórmula.

Não há contraindicação relativa às faixas etárias.

Este medicamento não deve ser aplicado nos olhos, utilize-o apenas na orelha.

Como usar o Lidocaína + Polimixina B?

O paciente deverá ser instruído a limpar e secar cuidadosamente a orelha afetada antes de cada administração do medicamento, tendo-se o cuidado de não utilizar sabão, pois o mesmo pode inativar o antibiótico.

As gotas devem ser instiladas com a orelha externa afetada voltada para cima, mantendo-se esta posição por alguns minutos para facilitar a penetração do medicamento. Durante a aplicação, deve-se evitar que a ponta do gotejador toque a orelha para prevenir a contaminação do medicamento.

A solução pode ser aplicada saturando-se uma mecha de gaze ou algodão, que pode ser deixada no canal auricular por 12 ou 24 horas, mantendo-se a mecha úmida pela adição de algumas gotas de solução, se necessário.

Posologia

Adultos

Instilar 3 ou 4 gotas, 3 a 4 vezes ao dia.

Crianças e lactentes

Instilar 2 ou 3 gotas, 3 a 4 vezes ao dia.

A dose limite é de 4 gotas 4 vezes ao dia.

Quais as reações adversas e os efeitos colaterais do Lidocaína + Polimixina B?

São descritas raras reações adversas (ocorrem entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam o medicamento). São elas:

  • Irritação ou sensibilidade na área em que o medicamento foi administrado.
  • Nova infecção, por fungos, ou por outros microrganismos resistentes à polimixina B, em casos de uso prolongado ou por períodos repetidos.

Em caso de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária – NOTIVISA, disponível em www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou para a Vigilãncia Sanitária Estadual ou Municipal.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Lidocaína + Polimixina B com outros remédios?

Não há informação sobre interações medicamentosas com Lidocaína + Polimixina B.

O sulfato de polimixina B e a lidocaína não são absorvidos de maneira significativa. Logo, é muito pouco provável que haja algum tipo de interação com outros medicamentos usados concomitantemente.

Quais cuidados devo ter ao usar o Lidocaína + Polimixina B?

Lidocaína + Polimixina Bnão deve ser aplicado em áreas com perda da integridade da pele devido à maior risco de absorção sistêmica.

Devido ao potencial neurotóxico e de nefrotoxicidade do sulfato de polimixina B, o uso de Lidocaína + Polimixina Bem grandes quantidades e por tempo prolongado não é recomendado, principalmente quando houver maior risco de absorção sistêmica.

Como ocorre com outras preparações contendo antibiótico, o uso prolongado de Lidocaína + Polimixina Bpode resultar em crescimento exagerado de microrganismos não sensíveis à polimixina B; Medidas apropriadas devem ser tomadas num eventual supercrescimento de organismos resistentes.

É importante que o paciente mantenha o ouvido infectado limpo e seco; • Orientar o paciente a não usar sabão na limpeza da orelha externa para que não ocorra a inativação do antibiótico.

Embora não seja necessário, a solução otológica pode ser levemente aquecida antes de ser usada. Isto pode proporcionar maior conforto para o paciente. No entanto, recomenda-se cuidado para evitar temperaturas acima da temperatura normal do corpo (até 37°C) para evitar perda da potência do antibiótico.

O uso de Lidocaína + Polimixina Bnão exclui tratamento sistêmico concomitante com antibióticos, quando for necessário.

Se houver aumento ou persistência da sensação de queimação ou coceira, o uso do medicamento deverá ser suspenso e o médico informado.

Quando Lidocaína + Polimixina B é usado repetida e prolongadamente, sem interrupção, pode haver crescimento excessivo de microorganismos não suscetíveis ao medicamento, inclusive fungos.

Crianças e Idosos

Na há restrição quanto ao uso de Lidocaína + Polimixina Bem crianças e pacientes idosos.

Gravidez e lactação

Fator de risco na gravidez C.

Gravidez

Não foram realizados estudos específicos sobre o uso de Lidocaína + Polimixina Bem pacientes grávidas; nem se tem conhecimento sobre efeitos indesejáveis relacionados ao uso tópico no ouvido dos seus constituintes durante a gravidez.

Como regra geral, neste caso, aconselha-se evitar o uso do medicamento durante os primeiros três meses da gravidez. Quanto ao uso nos demais trimestres da gravidez, devem-se avaliar os benefícios frente aos perigos potenciais ao feto.

Lactação

Não se tem informação sobre excreção no leite materno da polimixina B ou da lidocaína quando usadas topicamente em solução otológica. Aconselha-se precaução.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.

Qual a ação da substância do Lidocaína + Polimixina B?

Resultados de Eficácia

Jahn AF e Hawke M, em 1977, em uma revisão sobre a otite externa, suas apresentações, diagnóstico, tratamento e prevenção, relataram um predomínio da Pseudomonas aeruginosa dentre os principais agentes etiológicos da otite externa difusa aguda.

Ressaltaram o uso das gotas otológicas como tratamento de primeira escolha nos casos de infecção da orelha externa sem complicação. Listaram vários medicamentos tópicos que podem ser utilizados no tratamento desta doença, dentre eles, o Lidosporin, solução que contém polimixina B, lidocaína e propilenoglicol. Segundo os autores, a antibioticoterapia sistêmica só deve ser instituída nos casos de febre moderada a alta, linfonodomegalia dolorosa à palpação, não resolução da doença com o uso dos medicamentos tópicos, presença de celulite ou pericondrite ou quando o paciente é diabético e houver evolução para otite externa maligna.

Um estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, determinou a eficácia de uma solução tópica aquosa de lidocaína a 2%, em gotas auriculares, no alívio da otalgia, em crianças com otite média aguda sem perfuração da membrana timpânica. Dos 63 pacientes, com idades de 3 a 12 anos, portadoras de otite média aguda, 31 foram tratadas com lidocaína e 32 com placebo (soro fisiológico).

O efeito analgésico, foi avaliado, em períodos de 10, 20 e 30 minutos após a administração do tratamento, utilizando-se a escala de faces de dor de Bieri revisada (FPS-R), para crianças ate 6 anos, e escala visual analógica (VAS; escores de 0-10, para crianças de mais de 7 anos. As crianças que receberam a lidocaína apresentaram escores de dor significativamente mais baixos, com uma redução de 50%, em relação ao período basal, em 10 minutos (RR 2,06, IC 95% 1,03-4,11, p = 0,03) e 30 minutos (RR 1,44, IC 95% 1,07-1,93, p = 0,009). Os resultados deste estudo mostraram que a administração de gotas auriculares de uma solução aquosa de lidocaína a 2% é eficaz na promoção de rápido alívio da otalgia associada a otite média aguda em crianças.

Prasad S e Ewigman B, em 2008, realizaram uma atualização sobre o uso de gotas anestésicas no alívio da dor em crianças com otite média aguda. Relataram que, segundo uma revisão feita pela Cochrane em 2004, os antibióticos não são efetivos no combate à otalgia 24 horas após a sua utilização, e que apenas uma redução de 30% da dor pode ser observada após dois a sete dias de antibioticoterapia isolada.

Comentaram que o uso de lidocaína ou benzocaína tópica na redução imediata da dor em pacientes com otite média aguda é útil, já que os antibióticos não oferecem alívio significativo da dor. Ressaltaram que os preparados de benzocaína, por serem em suspensão oleosa, são pouco ou nada absorvidos em casos de perfuração da membrana timpânica. Já a lidocaína em suspensão aquosa poderia ser utilizada nesses casos, pois seria absorvida pela mucosa da orelha média e teria ação mais efetiva.

Mösges R e cols., em 2010, realizaram estudo duplo-cego, randomizado, multicêntrico, com 105 pacientes com otite externa não bacteriana, divididos em três grupos. O diagnóstico foi clínico e a ausência de bactérias confirmada por swab do meato acústico externo. Os pacientes de cada grupo receberam uma solução otológica para ser aplicada na orelha externa, três vezes ao dia, por sete dias. Os frascos contendo as soluções eram idênticos e as gotas otológicas tinham as mesmas características físicas. Trinta e quatro pacientes aplicaram solução contendo apenas glicerol; 36 pacientes utilizaram uma solução contendo glicerol e lidocaína a 0,5% e, 35 pacientes, uma solução contendo lidocaína a 2%. Foram avaliados cinco sintomas típicos de otite externa (otalgia, prurido, otorreia, redução da acuidade auditiva e plenitude auricular). Os pacientes foram orientados a preencher um diário, em dois períodos (manhã e noite), e os sintomas foram graduados de 0 a 3 (0=ausente, 1=leve, 2=moderado, 3=acentuado). Foi calculada uma média dos escores dos cinco sintomas para cada paciente, em cada período do dia. Os pacientes foram avaliados, no dia do diagnóstico e no final do tratamento, quanto ao grau de hiperemia, edema e descamação do meato acústico externo, presença de secreção e dor à manipulação do pavilhão auricular. Esses sinais também foram graduados de 0 a 3. Em relação às observações feitas pelos pacientes no período da manhã, a melhora mais pronunciada ocorreu no grupo que usou lidocaína a 0,5%, seguida do grupo tratado com lidocaína a 2%.

O tratamento com gotas contendo apenas glicerol foi o que apresentou os piores resultados. Nas observações do período da noite, os resultados foram melhores nos grupos que utilizaram lidocaína, quando comparados àquele que usou apenas a solução de glicerol. Concluíram que a associação de gotas otológicas contendo glicerol e lidocaína (0,5 ou 2%) é segura, com poucos efeitos colaterais e consiste em uma combinação efetiva no tratamento da otite externa não bacteriana.

Hui CPS, em 2013, em uma revisão sobre otite externa aguda, comentando sobre a sua etiologia e a predominância da Pseudomonas aeruginosa e o Staphylococcus aureus como causadores da otite externa aguda, salientou a importância do uso de antibióticos tópicos nesses casos, como tratamento de primeira escolha, que permite uma melhora clínica evidente após 48 a 72 horas da instituição do tratamento. Dentre as medicações tópicas, listou o uso de gotas com sulfato de polimixina combinado com lidocaína, polimixina com neomicina e hidrocortisona, ciprofloxacino com dexametasona, gentamicina com betametasona ou gentamicina isolada.

Jones RN et al, 1997, em um estudo simples-cego (cego para o avaliador), randomizado multicêntrico, com 314 adultos (≥ 12 anos) e 287 crianças(< 12 anos) com otite média aguda demonstrou que uma solução otológica contendo sulfato de polimixina B teve eficácia e segurança comparáveis às de uma solução otológica de ofloxacino.

Foi observada cura em 82% e 97% dos adultos e crianças tratadas com ofloxacino e em 84% e 95% dos adultos e crianças tratadas com a solução contendo sulfato de polimixina B, respectivamente. Os patógenos mais comuns na visita pré-tratamento eram Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e bacilos entéricos. Não houve diferenças na cura clínica ou cura microbiológica ou nas taxas de eventos adversos entre os dois grupos.

Características Farmacológicas

A olimixina B, usada sob a forma de sulfato, é um dos componentes de um grupo de polipeptídeos isolados de culturas de cepas de Bacillus polymyxa.

As polimixinas são decapeptídeos policatiônicos cíclicos. Atuam nas bactérias sensíveis como detergentes catiônicos, ligando-se aos fosfolipídios da membrana citoplasmática, deslocando aí os íons cálcio e magnésio, que atuam na sua estabilidade. Com isso ocorre desorganização da estrutura da membrana citoplasmática, com consequente aumento da sua permeabilidade, ruptura e morte do agente patogênico.

A polimixina B é ativa contra a maioria das bactérias causadoras de otites externas, incluindo organismos Gram-negativos, como a Pseudomonas aeruginosa, Acinnetobacter spp, Citrobacter spp, Escherichia coli, Klebsiella spp, Haemophilus influenzae, Bordetella pertussis, Salmonela e Shiguella spp.

O sulfato de polimixina B é muito pouco absorvido pelas mucosas e não é absorvido pela pele íntegra e, por esse motivo, seu uso tópico no conduto auditivo, com a membrana timpânica íntegra, não provoca reações sistêmicas. Quando absorvida, a polimixina B sofre metabolização hepática, sendo em seguida excretada (< 1% como droga não modificada) na urina.

A lidocaína é um anestésico tópico, que atua aliviando a dor e o prurido que geralmente estão associados à otite externa. É altamente estável e tem início de ação rápido. A solução otológica tem um pH de aproximadamente cinco, facilitando a restauração do meio ácido e auxiliando, portanto, a cicatrização.

Doenças relacionadas

O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 19 de Outubro de 2020.

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 19 de Outubro de 2020.

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