Bula do Lumasirana Sódica
Princípio Ativo: Lumasirana Sódica
Lumasirana Sódica, para o que é indicado e para o que serve?
Lumasirana Sódica é indicado para o tratamento da hiperoxalúria primária tipo 1 (HP1) para reduzir os níveis de oxalato urinário em pacientes pediátricos e adultos.
Quais as contraindicações do Lumasirana Sódica?
Lumasirana Sódica é contraindicado em pacientes com histórico de hipersensibilidade à lumasirana ou seus excipientes.
Como usar o Lumasirana Sódica?
Preparação e Administração
Apenas para uso subcutâneo.
Lumasirana Sódica é uma solução estéril, livre de conservantes, límpida, incolor a amarela. É fornecido em um frasco-ampola de vidro para injetáveis de uso único, como uma solução pronta para uso que não requer reconstituição ou diluição adicional antes da administração. Inspecione visualmente se há partículas e descoloração.
Não use se houver descoloração ou se houver partículas estranhas.
Use técnica asséptica e siga as instruções abaixo:
- Calcule o volume necessário de Lumasirana Sódica com base na dosagem recomendada baseada no peso do paciente.
- Divida as doses que requerem volumes superiores a 1,5 mL igualmente em várias seringas.
- Evite colocar Lumasirana Sódica na ponta da agulha antes que a mesma esteja no espaço subcutâneo. Considere trocar a agulha antes da administração, se possível.
- Administre Lumasirana Sódica com uma agulha estéril de calibre 25 a 31 gauges com um comprimento de agulha de 1/2" ou 5/8" para injeção subcutânea. Para volumes inferiores a 0,3 mL, recomenda-se uma seringa estéril de 0,3 mL.
- Administre a injeção subcutânea no abdômen, na coxa ou na lateral ou parte de trás dos braços. Alterne os locais de injeção. Não administrar em tecido cicatricial ou áreas avermelhadas, inflamadas ou edemaciadas.
- Se aplicar no abdômen, evite a área ao redor do umbigo.
- Se for necessária mais de uma injeção para uma única dose de Lumasirana Sódica, os locais de injeção devem estar separados por pelo menos 2 cm.
- Descarte a porção não utilizada do medicamento.
Geral
Injeção para uso subcutâneo.
Lumasirana Sódica deve ser administrado por um profissional de saúde.
A posologia recomendada de Lumasirana Sódica consiste em doses iniciais seguidas de doses de manutenção, conforme apresentado na Tabela abaixo.
A dose é baseada no peso corporal.
Lumasirana Sódica Regime posológico baseado no peso
Peso corporal | Dose inicial | Dose de manutenção (começa 1 mês após a última dose inicial) |
Menos de 10 kg | 6 mg/kg uma vez por mês por 3 doses | 3 mg/kg uma vez por mês |
10 kg a menos de 20 kg | 6 mg/kg uma vez por mês por 3 doses | 6 mg/kg uma vez a cada 3 meses (trimestralmente) |
20 kg e acima | 3 mg/kg uma vez por mês por 3 doses | 3 mg/kg uma vez a cada 3 meses (trimestralmente) |
Dose perdida
Se uma dose for atrasada ou esquecida, administre Lumasirana Sódica o mais rápido possível. Retome a dose prescrita mensal ou trimestralmente, a partir da dose administrada mais recentemente.
Outras populações
Pacientes idosos
Não é necessário ajuste da dose em pacientes com idade igual ou superior a 65 anos. Lumasirana Sódica não foi estudado em pacientes com idade igual ou superior a 65 anos.
Insuficiência hepática
Não é necessário ajuste de dose em pacientes com insuficiência hepática leve (bilirrubina total ≤ limite superior do normal [LSN] e aspartato aminotransferase [AST]> LSN; ou bilirrubina total> 1,0 a 1,5 × LSN). Lumasirana Sódica não foi estudado em pacientes com insuficiência hepática moderada ou grave.
Insuficiência renal
Não é necessário ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal leve (taxa de filtração glomerular estimada [TFGe] 60 a <90 mL/min/1,73 m2) ou moderada (TFGe 30 a <60 mL/min/1,73 m2).
Lumasirana Sódica não foi estudado em pacientes com insuficiência renal grave, doença renal em estágio terminal ou em diálise.
Quais as reações adversas e os efeitos colaterais do Lumasirana Sódica?
Os dados refletem estudos clínicos abertos e controlados por placebo em 77 pacientes com HP1 (incluindo 56 pacientes pediátricos). Os pacientes variaram de uma idade de 4 meses a 61 anos na primeira dose. A duração mediana da exposição foi de 9,1 meses (intervalo de 1,9 a 21,7 meses). No geral, 58 pacientes foram tratados por pelo menos 6 meses e 18 pacientes por pelo menos 12 meses. No estudo randomizado, controlado por placebo, duplo cego (ILLUMINATE-A) em pacientes pediátricos e adultos com HP1 com idades entre 6 e 61 anos, 26 pacientes receberam Lumasirana Sódica e 13 pacientes receberam placebo. Destes, 25 pacientes receberam tratamento ≥ 5 meses. A reação adversa mais comum (≥20%) relatada foi a reação no local da injeção. Todas as reações adversas não foram graves e nenhuma resultou na descontinuação do tratamento.
No estudo de braço único (ILLUMINATE-B) em pacientes com HP1 com menos de 6 anos de idade, o perfil de segurança foi semelhante ao observado no ILLUMINATE-A.
Lista tabulada de reações adversas
As reações adversas associadas à lumasirana obtidas em estudos clínicos estão tabuladas abaixo.
A frequência das reações adversas é expressa de acordo com as seguintes categorias:
Muito comuns (≥1/10)
Reações Adversas Relatadas para Lumasirana Sódica | ||
Classe de Sistema de Órgão | Reação adversa | Frequência |
Distúrbios grastrointestinais | Dor abdominala | Muito comum |
Distúrbios gerais e condições do local de administração | Reação no local de injeçãob | Muito comum |
a Inclui dor abdominal, dor abdominal superior, dor abdominal inferior, desconforto abdominal e sensibilidade abdominal.
b Inclui reação no local da injeção, eritema no local da injeção, dor no local da injeção, prurido no local da injeção, inchaço no local da injeção, desconforto no local da injeção, descoloração no local da injeção, massa no local da injeção, endurecimento do local da injeção, erupção cutânea no local da injeção, hematoma no local da injeção esfoliação no local da injeção.
Reações no local da injeção
Nos estudos clínicos aberto e controlado por placebo, foram relatadas reações no local da injeção em 25 de 77 pacientes (33%) tratados com Lumasirana Sódica, ocorrendo em 10% das injeções. Os sintomas mais comumente relatados foram eritema, dor, prurido e edema. As reações no local da injeção foram leves, transitórias e não resultaram na descontinuação do tratamento.
Dor abdominal
No estudo controlado com placebo, dor abdominal foi relatada em 1 de 13 (8%) pacientes tratados com placebo e 4 de 26 (15%) pacientes tratados com lumasirana. Nos estudos clínicos controlados com placebo e abertos, 12 de 77 pacientes (16%) relataram dor abdominal, incluindo dor abdominal superior ou inferior, desconforto abdominal ou sensibilidade abdominal. A maioria dos eventos foi leve, transitória e evoluiu sem tratamento. Nenhum resultou na descontinuação do tratamento.
Imunogenicidade
Em todos os estudos clínicos do programa de desenvolvimento da lumasirana incluindo pacientes com HP1 e voluntários saudáveis tratados com Lumasirana Sódica, 6 de 100 (6%) dos indivíduos tratados com lumasirana apresentaram resultado positivo para anticorpos antifármaco (ADA). Os títulos de ADA eram baixos e geralmente transitórios, sem impacto nos perfis de eficácia, segurança, farmacocinética ou farmacodinâmica da Lumasirana Sódica.
Atenção: este produto é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo quando indicado e usado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis e desconhecidos. Nesse caso, notifique os eventos adversos pelo Sistema de Notificação de Eventos Adversos e Medicamentos - VIGIMED, disponível em http://portal.anvisa.gov.br/vigimed, ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.
Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Lumasirana Sódica maior do que a recomendada?
Não foram relatados casos de superdose com Lumasirana Sódica em ensaios clínicos. Em caso de superdose, recomenda-se que o paciente seja monitorado quanto a sinais ou sintomas de efeitos adversos e receba tratamento adequado.
Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Lumasirana Sódica com outros remédios?
Interações Medicamento/Medicamento
A lumasirana não é metabolizada pelas enzimas do citocromo P450 (CYP) e sua farmacocinética não deve ser influenciada por outros medicamentos.
A farmacocinética e a farmacodinâmica da lumasirana não são influenciadas pelo uso concomitante de piridoxina (vitamina B6).
Interferência laboratorial e diagnóstica
Não são conhecidas interferências nos testes laboratoriais ou de diagnóstico.
Quais cuidados devo ter ao usar o Lumasirana Sódica?
Fertilidade, gestação e lactação
Fertilidade
Não existem dados sobre os efeitos de Lumasirana Sódica na fertilidade humana. Não foi detectado impacto na fertilidade masculina ou feminina em estudos com animais.
Gestação
Categoria C de risco de gravidez.
Não existem dados disponíveis sobre o uso de Lumasirana Sódica em mulheres grávidas.
A necessidade clínica de Lumasirana Sódica durante a gravidez deve ser considerada juntamente com os benefícios de saúde esperados para a mãe e quaisquer possíveis efeitos adversos no feto causados pela Lumasirana Sódica ou pela condição materna subjacente.
Não foram observados efeitos adversos na gravidez ou desenvolvimento fetal embrionário relacionados a Lumasirana Sódica em ratos com 45 vezes e em coelhos com 90 vezes a dose máxima humana recomendada para mulheres.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.
Lactação
Não existem dados sobre a presença de Lumasirana Sódica no leite humano, os efeitos no lactente amamentado ou os efeitos na produção de leite. O desenvolvimento e os benefícios de saúde da amamentação devem ser considerados, juntamente com a necessidade clínica da mãe pela Lumasirana Sódica e quaisquer possíveis efeitos adversos no lactente amamentado a partir do uso da Lumasirana Sódica ou da condição materna subjacente.
Efeitos sobre a capacidade de conduzir e usar máquinas
Não foram realizados estudos com Lumasirana Sódica para avaliar os efeitos na capacidade de conduzir e operar máquinas durante o tratamento. Com base em dados químicos, não clínicos e clínicos, não há evidências de que a Lumasirana Sódica possa afetar a condução ou operação de máquinas.
Qual a ação da substância do Lumasirana Sódica?
Resultados de Eficácia
Classe Terapêutica ou Farmacológica
Classe farmacológica: pequeno ácido ribonucleico de interferência (siRNA).
Eficácia
Lumasirana Sódica é um pequeno ácido ribonucleico de interferência de cadeia dupla (siRNA), ligado covalentemente a um ligante contendo três resíduos de N- acetilgalactosamina para permitir a entrega do siRNA aos hepatócitos.
A fórmula estrutural do princípio ativo lumasirana em sua forma sódica com o ligante GalNAc (L96) é apresentada abaixo:
A fórmula molecular da lumasirana é C530H712F10N173O320P43S6 e o peso molecular é 16.340,54 Da.
A eficácia de Lumasirana Sódica foi demonstrada em um estudo clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo em pacientes com 6 anos ou mais com HP1 (ILLUMINATE-A), e em um estudo clínico de braço único em pacientes com menos de 6 anos de idade com HP1 (ILLUMINATE-B).
ILLUMINATE-A
Um total de 39 pacientes com HP1 foram randomizados 2:1 para receber doses subcutâneas de Lumasirana Sódica ou placebo durante o período de 6 meses em um estudo duplo cego e controlado por placebo. Pacientes com 6 anos de idade ou mais com TFGe ≥30 mL/min/1,73 m2 foram incluídos e receberam 3 doses iniciais de 3 mg/kg de Lumasirana Sódica ou placebo administrado uma vez por mês, seguidas por doses de manutenção trimestrais de 3 mg/kg de Lumasirana Sódica ou placebo. Após o período de 6 meses de tratamento em duplo cego, pacientes, incluindo os originalmente designados para o placebo, entraram em um período de extensão com administração de Lumasirana Sódica.
Durante o período de 6 meses em duplo cego, controlado por placebo, 26 pacientes receberam Lumasirana Sódica, e 13 receberam placebo. A idade mediana dos pacientes na primeira dose foi de 14,9 anos (variação de 6,1 a 61,0 anos), 66,7% eram do sexo masculino e 76,9% eram brancos. A excreção mediana de oxalato urinário em 24 horas, corrigida para a área de superfície corporal (ASC) na linha de base foi de 1,7 mmoL/24 h/1,73m2, e o nível plasmático médio de oxalato na linha de base foi de 13,1 µmol/L. Os braços Lumasirana Sódica e placebo foram equilibrados na linha de base em relação à idade, nível de oxalato urinário e TFGe.
O desfecho primário foi a redução percentual da excreção do oxalato urinário em 24 horas corrigida para a ASC em relação à linha de base, em média ao longo dos meses 3 a 6. Lumasirana Sódica foi associado a uma redução clinicamente e estatisticamente significativa de 53,5% (IC 95%: 44,8, 62,3) no oxalato urinário de 24 horas corrigido para ASC comparado com placebo (p<0,0001). Consistente com o desfecho primário, foram observadas reduções clinicamente significativas na razão oxalato: creatinina em amostra única de urina em relação à linha de base. Além disso, pacientes tratados com Lumasirana Sódica tiveram uma diminuição rápida e sustentada no oxalato urinário de 24 horas corrigido para ASC, como demonstrado na figura abaixo.
ILLUMINATE-A: Alteração percentual no oxalato urinário de 24 horas corrigido para ASC por mês a partir da linha de base.
Abreviações: LB = linha de base; ASC = área de superfície corporal; M = mês; SEM = erro padrão da média.
Resultados são plotados como média (±SEM) da alteração percentual à partir da linha de base.
No mês 6, uma proporção maior de pacientes tratados com Lumasirana Sódica alcançou níveis normais ou quase normais de oxalato urinário de 24 horas corrigidos para ASC (≤1,5 × LSN) em comparação com pacientes tratados com placebo, conforme mostrado na tabela abaixo.
ILLUMINATE-A: Resultados do desfecho secundário durante o período de 6 meses em duplo cego, controlado por placebo.
Desfechos | Lumasirana Sódica (N=26) | Placebo (N=13) | Diferença de tratamento (IC 95%) | Valor-p |
Proporção de pacientes com níveis de oxalato urinário de 24 horas iguais ou inferiores a LSN‡ | 0,5 (0,3, 0,7)§ | 0 (0, 0,2)§ | 0,5 (0,2, 0,7)¶ | 0,001# |
Proporção de pacientes com níveis de oxalato urinário de 24 horas iguais ou inferiores a 1,5 × LSN‡ | 0,8 (0,6, 1,0)§ | 0 (0, 0,2)§ | 0,8 (0,5, 0,9)¶ | <0,0001# |
Redução percentual de oxalato plasmático a partir da linha de base *Þ | 39,8 (2,9)† | 0,3 (4,3)† | 39,5 (28,9, 50,1) | <0,0001 |
Abreviações: LSN = limite superior normal; SEM = Erro padrão da média.
Os resultados são baseados no ensaio de espectrometria de massa em tandem por cromatografia líquida (LC MS / MS).
*A estimativa baseada na média da média dos mínimos quadrados da redução percentual nos meses 3, 4, 5 e 6 usando um modelo misto para medidas repetidas.
† LS Média (SEM).
‡ LSN=0,514 mmol/24 hr/1,73 m2 para oxalato urinário de 24 horas corrigido para ASC.
§ IC 95% baseado no intervalo de confiança exato de Clopper Pearson.
¶ Calculado utilizando o Método Newcombe baseado na pontuação de Wilson.
# Valor-p é baseado no teste de Cochran–Mantel–Haenszel test estratificado por oxalato urinário basal de 24 horas corrigido para ASC (≤1,70 vs >1,70 mmol/24 hr/1,73 m2).
Þ Analisado em 23 pacientes Lumasirana Sódica e 10 pacientes placebo que tiveram níveis na linha de base que permitiam a redução.
A redução no oxalato urinário de 24 horas corrigida para ASC à partir da linha de base em pacientes com HP1 recebendo Lumasirana Sódica em comparação com placebo foi semelhante em todos os subgrupos pré-especificados, incluindo idade, sexo, raça, região, comprometimento renal, uso inicial de piridoxina (vitamina B6) e histórico de eventos sintomáticos de cálculos renais (Figura abaixo).
ILLUMINATE-A: Alteração Percentual no Oxalato Urinário de 24 horas Corrigido para ASC a partir da Linha de Base, Análise de Subgrupos.
Durante o período de 6 meses controlado por placebo, a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) permaneceu estável e a frequência de eventos de cálculos renais foi comparável entre os grupos de tratamento. Dos 34 pacientes com ultrassonografia na linha de base e no 6º mês, 3 de 22 no grupo Lumasirana Sódica apresentaram melhora na nefrocalcinose e 1 de 12 no grupo placebo apresentou piora na nefrocalcinose. Nenhum outro paciente tratado com Lumasirana Sódica ou placebo exibiu uma alteração na nefrocalcinose.
ILLUMINATE-B
Um total de 18 pacientes foram inscritos e tratados com Lumasirana Sódica em um estudo multicêntrico em andamento, de braço único, em pacientes com HP1 (ILLUMINATE-B). O estudo incluiu pacientes com menos de 6 anos de idade com TFGe> 45 mL/min/1,73 m2 em pacientes com 12 meses de idade ou mais e creatinina sérica normal em pacientes com menos de 12 meses de idade.
Na primeira dose, 3 pacientes tinham menos de 10 kg, 12 tinham de 10 kg a menos de 20 kg e 3 tinham 20 kg ou mais. A mediana de idade dos pacientes na primeira dose foi de 51.4 meses (variação de 4,0 a 74 meses), 55.6% eram do sexo feminino, e 88,9% eram brancos. A razão média de oxalato: creatinina em amostra única de urina na linha de base foi de 0,47 mmol/mmol. Na análise primária de 6 meses, pacientes tratados com Lumasirana Sódica alcançaram uma redução média (LS) de 72.0% (95% CI: 66.4, 77.5) na razão oxalato: creatinina em amostra única de urina a partir da linha de base (média dos meses 3 a 6), o desfecho primário. Lumasirana Sódica foi associado a reduções rápidas e sustentadas na razão oxalato: creatinina em amostra única de urina (Figura abaixo), que foram semelhantes em todos os estratos de peso. A redução percentual na excreção urinária de oxalato foi consistente com os dados do ILLUMINATE-A.
ILLUMINATE-B: Alteração percentual na razão oxalato: creatinina em amostra única de urina por mês, a partir da Linha de Base.
Abreviações: LB = linha de base; M = mês; SEM = erro padrão da média.
Resultados são plotados como média (±SEM) da alteração percentual a partir da linha de base.
Nove pacientes atingiram a quase normalização (≤1,5×LSN), incluindo 1 paciente que atingiu a normalização (≤LSN), na razão oxalato: creatinina em amostra única de urina no mês 6. Além disso, da linha de base ao mês 6 (média do mês 3 ao mês 6), foi observada uma redução média (LS) de oxalato plasmático de 31.7% (95% CI: 23.9, 39.5). Durante o período de 6 meses, a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) permaneceu estável, e 2 pacientes tiveram um único evento de cálculo renal leve pós linha de base, em comparação com 4 eventos de cálculo renal em 3 pacientes no período de 12 meses antes do consentimento. Quatorze dos 18 pacientes apresentaram nefrocalcinose na linha de base. Os dados de ultrassonografia renal no mês 6 indicaram melhora em 7 pacientes, incluindo 3 com melhora bilateral. Nenhum dos 18 pacientes tiveram novo início ou piora da nefrocalcinose.
Características Farmacológicas
Propriedades farmacodinâmicas
Mecanismo de ação
A lumasirana é um pequeno ácido ribonucleico de interferência de cadeia dupla (siRNA) que reduz os níveis da enzima glicolato oxidase (GO) visando o ácido ribonucleico mensageiro HAO1 (RNAm) nos hepatócitos através da interferência do RNA. Os níveis reduzidos de enzimas GO reduzem a quantidade de glioxilato disponível, um substrato para a produção de oxalato. Isso resulta na redução dos níveis de oxalato urinário e plasmático, a causa subjacente das manifestações da doença em pacientes com HP1. Como a enzima GO está a montante da enzima deficiente alanina:glioxilato aminotransferase (AGT) que causa HP1, o mecanismo de ação da lumasirana é independente da mutação do gene AGXT subjacente. Não é esperado que a lumasirana seja eficaz na hiperoxalúria primária tipo 2 (PH2) ou tipo 3 (PH3) pois o seu mecanismo de ação não afeta as vias metabólicas que causam hiperoxalúria em PH2 e PH3.
Características farmacodinâmicas
Os efeitos farmacodinâmicos da Lumasirana Sódica foram avaliados em pacientes adultos e pediátricos com HP1 em uma faixa de doses e frequência de dosagem. Foram observadas reduções dose-dependentes nos níveis de oxalato plasmático e urinário, resultando na seleção dos regimes posológicos recomendados para início e manutenção, baseados no peso corporal. Com os regimes posológicos recomendados, observou-se um início rápido do efeito duas semanas após a primeira dose e reduções máximas no oxalato urinário e plasmático foram observadas ao final da fase posológica inicial. As reduções máximas no oxalato urinário e plasmático foram mantidas com o regime posológico de manutenção a partir de então.
Eletrofisiologia cardíaca
A lumasirana não teve efeito no intervalo QTc em indivíduos saudáveis e pacientes com HP1 que receberam placebo ou Lumasirana Sódica até 6 mg/kg (n=52). Não foi realizado um estudo minucioso e dedicado de QT com a Lumasirana Sódica.
Propriedades farmacocinéticas
As propriedades farmacocinéticas (PK) da Lumasirana Sódica foram caracterizadas pela medição das concentrações plasmáticas e urinárias de lumasirana. A lumasirana exibiu farmacocinética plasmática linear, independente do tempo, após doses únicas subcutâneas que variavam de 0,3 a 6 mg/kg e doses múltiplas de 1 e 3 mg/kg uma vez ao mês ou 3 mg/kg e 6 mg/kg trimestralmente. Não houve acúmulo de lumasirana no plasma após doses repetidas mensalmente ou trimestralmente.
Absorção
Após administração subcutânea, a lumasirana é rapidamente absorvida com um tempo médio (faixa) para atingir a concentração plasmática máxima (tmax) de 4,0 (0,5 a 12,0) horas. No nível da dose de 3 mg/kg, o pico de concentração plasmática de lumasirana (Cmax) e a área sob a curva de concentração do tempo zero até a última concentração mensurável após a administração (AUC0-último) foram 462 (38,5 a 1500) ng/mL e 6810 (2890 a 10700) ng h/mL, respectivamente. Em crianças com menos de 20 kg, a Cmax e a AUC0-último de lumasirana após a dose recomendada de 6 mg/kg foram 912 (523 a 1760) ng/mL e 7960 (5920 a 13300) ng·h/mL. As concentrações de lumasirana foram mensuráveis até 24 a 48 horas após a dose.
Distribuição
A ligação da lumasirana às proteínas é moderada a alta (77 to 85%) em concentrações clinicamente relevantes. Para um paciente adulto com HP1, a estimativa da população para o volume de distribuição aparente central (Vd/F) para a lumasirana é de 4,9 L. A lumasirana é distribuída principalmente para o fígado após administração subcutânea.
Metabolismo
A lumasirana é metabolizada por endo e exonucleases em oligonucleotídeos de comprimentos mais curtos. Estudos in vitro indicam que a lumasirana não sofre metabolismo pelas enzimas CYP450.
Eliminação
A lumasirana é eliminada do plasma principalmente por captação hepática, com apenas 7 a 26% da dose administrada recuperada na urina como lumasirana. A meia-vida terminal média (%CV) da lumasirana no plasma é de 5,2 (47,0%) horas. A estimativa da população para depuração plasmática aparente foi de 26,5 L/h para um adulto típico de 70 kg. A depuração renal da lumasirana foi menor, e variou de 2,0 a 3,4 L/h.
Populações especiais
Sexo e Raça
Nos estudos clínicos, não houve diferença na exposição plasmática ou farmacodinâmica da lumasirana com base no sexo ou raça.
Peso corporal
Em crianças com <20 kg, a Cmax da lumasirana foi (2 vezes) maior devido à dose nominalmente mais alta de 6 mg/kg e à taxa de absorção mais rápida. Os regimes posológicos recomendados produziram AUC semelhante nos grupos de peso corporal estudados (6,2 a 110 kg).
Insuficiência hepática
Pacientes com insuficiência hepática leve (bilirrubina total ≤ LSN e AST> LSN; ou bilirrubina total> 1,0 a 1,5 × LSN) apresentaram exposição plasmática à lumasirana comparável e farmacodinâmica semelhante aos pacientes com função hepática normal. Lumasirana Sódica não foi estudado em pacientes com insuficiência hepática moderada ou grave.
Insuficiência renal
Pacientes com insuficiência renal leve (TFGe 60 a <90 mL/min/1,73 m2) ou moderada (TFGe 30 a <60 mL/min/1,73 m2) apresentaram exposição plasmática à lumasirana comparável e farmacodinâmica semelhante aos pacientes com função renal normal (TFG ≥90 mL/min/1,73 m2). Lumasirana Sódica não foi estudado em pacientes com insuficiência renal grave, doença renal em estágio terminal ou em diálise.
Idade
Pacientes pediátricos
A farmacocinética e a farmacodinâmica da lumasirana foram semelhantes em pacientes adultos e pediátricos.
Pacientes idosos
Lumasirana Sódica não foi estudado em pacientes com idade igual ou superior a 65 anos. A idade não foi uma covariável significativa na farmacocinética da lumasirana.
Dados de segurança pré-clínicos
Farmacologia/ Toxicologia
Animal Em estudos de toxicidade de dose repetida realizados em ratos e macacos, nenhum órgão alvo de toxicidade foi identificado na dose mais alta testada [a exposição à AUC no plasma multiplica 76 e 260 vezes, respectivamente, quando comparada às exposições alcançadas na dose humana máxima recomendada (DHMR) de 6 mg/kg administrada a cada 3 meses (quando normalizada para 2mg/kg/mês)]. Baseado na ausência de achados em estudos não-clínicos, a lumasirana não é considerada como tendo um potencial imunoestimulador ou de imunotoxicidade. Um estudo de toxicidade em animais jovens não revelou achados relevantes.
Carcinogenicidade
Não foram realizados estudos em animais para avaliar o potencial carcinogênico da lumasirana.
Genotoxicidade
A lumasirana não foi genotóxica em um ensaio in vitro de mutação bacteriana reversa (Ames), no ensaio in vitro de aberração cromossômica em cultura de linfócitos de sangue periférico humano ou no ensaio in vivo de micronúcleo em ratos.
Teratogenicidade
Em um estudo de desenvolvimento fetal de embriões em ratas prenhes, a lumasirana foi administrada por via subcutânea nas doses de 3, 10 e 30 mg/kg/dia durante a organogênese (dias gestacionais 6-17).
A administração de lumasirana não resultou em efeitos na sobrevivência fetal ou no peso corporal do embrião. As variações esqueléticas fetais relacionadas à lumasirana (ossificação bipartida do esterno e arcos cervicais deformados) não foram consideradas adversas e não foram observadas malformações fetais relacionadas à lumasirana. A dose de 30 mg/kg/dia em ratos é 45 vezes a DHMR para mulheres de 3 mg/kg/mês normalizada para 0,1 mg/kg/dia, com base na área da superfície corporal. Em um estudo de desenvolvimento fetal de embriões em coelhos fêmeas, a lumasirana foi administrada por via subcutânea nas doses de 3, 10 e 30 mg/kg/dia durante a organogênese (dias gestacionais 7-19). Houve diminuições mínimas no consumo de alimentos e no peso corporal absoluto materno em ≥3 mg/kg/dia.
Não houve achados fetais relacionados à lumasirana identificados em doses de até 30 mg/kg/dia (90 vezes a DHMR normalizada com base na área da superfície corporal).
Em um estudo de desenvolvimento pós-natal, a lumasirana administrada por via subcutânea em ratos fêmeas prenhes nos dias 7, 13, 19 de gestação e nos dias 6, 12, e 18 de lactação até o desmame em doses de até 50 mg/kg, não produziu toxicidade materna ou efeitos no desenvolvimento da ninhada.
Comprometimento da fertilidade
A administração de lumasirana em doses subcutâneas semanais de 0, 5, 15 e 50 mg/kg em ratos machos e fêmeas antes e durante o acasalamento e continuando nas fêmeas no dia 6 da gestação presumida não resultou em efeitos adversos nos desfechos de fertilidade masculina e feminina avaliados.
Interações medicamentosas
Estudos clínicos
Não foram realizados estudos clínicos de interação medicamentosa. O uso concomitante de piridoxina (vitamina B6) não influenciou a farmacodinâmica ou a farmacocinética da lumasirana.
Estudos In Vitro
Estudos in vitro indicam que a lumasirana não é um substrato ou inibidor das enzimas do citocromo P450 (CYP). Não se espera que a lumasirana iniba ou induza as enzimas CYP ou module as atividades dos transportadores de medicamentos.
Interação Alimentícia: posso usar o Lumasirana Sódica com alimentos?
Não aplicável.
Fontes consultadas
- Bula do Profissional do Medicamento Oxlumo®.
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O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 20 de Outubro de 2021.