Cicatrização: fases, medicamentos, o que ajuda e atrapalha.

O que é cicatrização? 

A cicatrização de feridas envolve um processo sequencial de eventos coordenados pelo nosso organismo, culminando na restauração do tecido lesionado. Este fenômeno é comum a todas as feridas, independente da causa que as originou. 

O ciclo de cicatrização é didaticamente subdividido em 3 fases, cada uma desempenhando um papel específico na recuperação.

A proteína predominante no corpo humano, o colágeno, desempenha um papel importantíssimo como principal componente da matriz extracelular dos tecidos, fornecendo suporte estrutural e organização ao novo tecido em formação. 

A síntese, fixação e degradação do colágeno são interações fundamentais que moldam a composição do tecido cicatricial.

Esse tecido cicatricial resultante é uma resposta dinâmica e adaptativa às demandas de cicatrização do organismo. Ele busca restaurar a integridade estrutural do local da ferida, promovendo a reconstrução e a regeneração tecidual. 

No entanto, é importante notar que o tecido cicatricial, embora crucial para a reparação, pode não replicar completamente a complexidade e funcionalidade do tecido original.

Fases da cicatrização

Primeira fase: Inflamatória

Iniciada imediatamente após o ferimento, esta fase envolve a interação entre elementos sanguíneos, como plaquetas, e substâncias da matriz extracelular. 

Células vasoconstritoras atenuam o sangramento, plaquetas formam coágulos essenciais à reconstrução, enquanto neutrófilos, as primeiras células de defesa, destroem bactérias. 

Macrófagos substituem os neutrófilos, continuando funções defensivas e produzindo fatores de crescimento para a cicatrização.

Segunda fase: Granulação

Iniciada geralmente no quarto dia após o ferimento, esta fase concentra-se na reconstrução dos tecidos. A proliferação celular, chamada epitelização, restaura a barreira protetora. A angiogênese forma novos vasos sanguíneos essenciais para a cicatrização. 

A formação de tecido de granulação envolve migração de fibroblastos, responsáveis pela produção de colágeno tipo I e transformação em miofibroblastos, que contraem a ferida. A deposição de colágeno inicia a transição para a próxima fase.

Terceira fase: Remodelamento ou Maturação

Marcada pela deposição organizada de colágeno, concluindo efetivamente a cicatrização e melhorando a aparência da ferida. 

O colágeno inicialmente produzido (tipo III) é mais fino do que o normal da pele, mas ao longo do tempo é reabsorvido, sendo substituído por colágeno mais espesso (tipo I), organizado ao longo das linhas de tensão da pele. 

Após cerca de três meses, isso aumenta a resistência do local da ferida. A pele cicatrizada, mesmo após um ano, ainda apresenta uma proporção reduzida de colágeno tipo III em comparação com a pele saudável.

O que fazer para a ferida cicatrizar mais rápido?

Para promover uma cicatrização rápida de feridas é fundamental algumas práticas para acelerar o processo de recuperação e prevenir complicações, como:

• Se hidratar: a água desempenha um super importante na regeneração celular e na promoção da saúde geral do organismo;
• Uso de curativos e pomadas recomendadas pelo profissional da saúde: importante principalmente para proteger a ferida contra infecções e agressões externas;
• Dieta equilibrada: alimentos ricos em nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e proteínas, fornece ao corpo os elementos necessários para o reparo e a regeneração dos tecidos;
• Descansar: para que o corpo direcione sua energia para o processo de recuperação;
• Moderar no consumo de álcool: garantir uma resposta imunológica eficaz e a minimização de fatores que possam retardar a cicatrização;
• Manter a ferida elevada: pode ajudar a reduzir o inchaço e melhorar a circulação sanguínea na área afetada. 

O que atrapalha a cicatrização?

• Alimentação inadequada: com a ingestão excessiva de alimentos ricos em sódio, como sorvetes, biscoitos e salgadinhos, não apenas favorece a inflamação, mas também desencadeia o inchaço, prejudicando a capacidade natural do corpo de cicatrizar;
• Características da ferida: como a dimensão, profundidade e aspectos como a presença de hematomas, edemas e corpos estranhos influenciam diretamente a cicatrização;
• Doenças crônicas: como diabetes mellitus, obesidade e hipertensão, impactam negativamente a cicatrização comprometendo a circulação sanguínea e reduzindo o fornecimento de nutrientes essenciais para a regeneração celular;
• Cuidados inadequados: a escolha inadequada de materiais de curativo, a falta de higienização adequada e o uso de substâncias irritantes podem retardar a cicatrização;
• Isquemia tecidual: definida pela a falta de oxigenação nos tecidos e que dificulta a proliferação celular, prejudicando a capacidade das células de realizar suas funções na região ferida;
• Infecção no local: a resposta inflamatória exacerbada desencadeada pela infecção compromete a capacidade natural do corpo de regenerar os tecidos.

Medicamentos para a doença

Stryphnodendron Adstringens (Mart.) Coville

Dexpantenol

Colagenase

Fibrinolisina + Desoxirribonuclease + Cloranfenicol

Medicação

O tipo de medicação mais usada nos casos de feridas e cicatrizes são pomadas e o ponto inicial para determinar a escolha mais adequada para a sua cicatriz reside na identificação do tipo e fase da lesão. 

Recomenda-se buscar a orientação de um profissional médico, uma vez que somente ele pode realizar um diagnóstico preciso e recomendar o tratamento mais eficaz.

As pomadas destinadas ao cuidado geralmente contêm ingredientes ativos que desempenham papéis específicos, agindo como esfoliantes ou hidratantes. Essas ações visam promover a remoção de células mortas ou fornecer hidratação essencial às células na área da cicatriz. 

Em casos de cicatrizes menores e mais leves, é comum que se tornem menos evidentes ao longo do tempo, e é neste contexto que as pomadas desempenham um papel auxiliar valioso, contribuindo para o processo de regeneração.

Preocupações comuns

Acompanhe agora alguns questionamentos comuns sobre o tema.

Qual é o tempo de cicatrização?

Determinar o tempo necessário para a cicatrização de uma ferida é influenciado por diversos fatores, incluindo a natureza da lesão, a saúde geral da pessoa afetada e a profundidade da ferida. 

Em linhas gerais, feridas simples em uma pessoa saudável geralmente demandam entre uma e quatro semanas para cicatrizar. Contudo, a estimativa é que o processo de cicatrização pode variar consideravelmente de uma pessoa para outra.

Feridas superficiais, aquelas que afetam apenas a camada mais externa da pele, geralmente apresentam uma recuperação mais rápida, com a formação de uma crosta inicial seguida pela regeneração celular. 

Por outro lado, feridas que atingem camadas mais profundas da pele, como as feridas que envolvem tecidos subcutâneos, músculos ou órgãos internos, podem demandar um período de cicatrização de até 6 meses.

Como saber se a ferida está sarando?

Para identificar os sinais de que uma ferida está evoluindo positivamente é importantíssimo monitorar o processo de cicatrização. 

Inicialmente, a presença de vermelhidão nos estágios iniciais da lesão é geralmente um indicativo positivo, pois sugere que o tecido está em processo de cicatrização, uma resposta natural do corpo para a regeneração celular.

Além disso, a sensação de coceira também pode ser interpretada como um reflexo do corpo em desenvolvimento e estimulando a regeneração celular na área afetada. Além da redução do tamanho da ferida ao longo do tempo.

Referências

1. Scielo — Cicatrização de feridas;
2. Sanar Medicina — Fases da Cicatrização: inflamatória, proliferativa, maturação e mais! | Colunistas;
3. Formularium — Cicatrização: fases, fatores que interferem o processo e tratamentos.