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Bula do TachoSil

Princípio Ativo: Fibrinogênio + Trombina

Classe Terapêutica: Preparações Para Colagem Tecidual

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 7 de Dezembro de 2024.

TachoSil, para o que é indicado e para o que serve?

TachoSil® (fibrinogênio humano + trombina humana) é indicado como tratamento de suporte no controle de sangramento durante cirurgias de órgãos internos e vasos e no selamento desses órgãos quando as técnicas padrão demonstram ser insuficientes.

Como o TachoSil funciona?

TachoSil® é uma esponja feita de colágeno (uma das principais proteínas do organismo). É revestida no lado amarelo com fibrinogênio e trombina (substâncias ativas importantes para o processo de coagulação), para ser utilizada durante cirurgias. Quando a esponja entra em contato com fluidos do corpo (como sangue, linfa ou solução salina), o fibrinogênio e a trombina são ativados e formam uma rede de fibrina. Isto significa que a esponja adere à superfície da ferida, o sangue coagula e a ferida é fechada. No corpo a esponja se degradará até ser reabsorvida completamente.

Quais as contraindicações do TachoSil?

TachoSil® é contraindicado em caso de hipersensibilidade a qualquer um dos componentes do produto.

Este medicamento é contraindicado para menores de 18 anos.

Não existem informações suficientes para o uso em pacientes pediátricos.

Como usar o TachoSil?

TachoSil® é um medicamento de uso exclusivamente hospitalar e restrito a cirurgiões experientes. Portanto, somente o cirurgião administrará TachoSil® durante a cirurgia, colocando a esponja no órgão com hemorragia para parar o sangramento. Com o tempo, a esponja se dissolverá até ser reabsorvida completamente.

O produto é de uso interno – local, exclusivamente. Não usar por via injetável (intramuscular ou endovenosa). Não ingerir.

O que devo fazer quando me esquecer de usar o TachoSil?

TachoSil® é um medicamento de uso exclusivamente hospitalar e restrito a cirurgiões experientes. Portanto, somente o cirurgião administrará TachoSil® durante a cirurgia, colocando a esponja no órgão com hemorragia para parar o sangramento. Com o tempo, a esponja se dissolverá até ser reabsorvida completamente.

Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou de seu médico ou cirurgião-dentista.

Quais cuidados devo ter ao usar o TachoSil?

Assim como ocorre com qualquer produto composto de proteína, há possibilidade de reações de tipo alérgico. Os sinais de reações desse tipo incluem erupções na pele, urticária generalizada, pressão no tórax, chiados no peito, queda de pressão e reação alérgica generalizada e grave. Caso ocorram estes sintomas, a administração deve ser imediatamente interrompida.

Considerando a origem e as características biológicas das substâncias ativas de TachoSil®, assim como a experiência em diversos tipos de cirurgia, não existem recomendações especiais sobre o seu uso em pacientes idosos e na insuficiência hepática ou renal.

TachoSil® não deve ser aplicado intravascularmente.

Para evitar o desenvolvimento de aderências teciduais em locais não desejados, o profissional deve garantir que as áreas de tecido fora da área de aplicação pretendida sejam devidamente limpas antes da administração de TachoSil®. Foram relatados eventos de aderências aos tecidos gastrointestinais que levaram a obstrução gastrointestinal com o uso em cirurgia abdominal realizada próxima ao intestino.

Efeitos na habilidade de dirigir e operar máquinas

O produto não causa efeitos na habilidade de dirigir ou operar máquinas.

Gravidez e lactação

A segurança de TachoSil® para uso durante a gravidez ou a amamentação não foi estabelecida. Os estudos experimentais em animais são insuficientes para avaliar a segurança com relação à reprodução, o desenvolvimento do embrião ou do feto, a evolução da gestação e o desenvolvimento perinatal e pós-natal.

Portanto, o médico deve avaliar o risco/benefício da utilização do produto em mulheres grávidas ou em amamentação.

TachoSil® deve ser administrado a mulheres grávidas ou em amamentação apenas se claramente necessário.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.

Quais as reações adversas e os efeitos colaterais do TachoSil?

Imunogenicidade

Embora a produção de anticorpos contra os componentes do selante de fibrina/produtos hemostáticos seja rara, pode ocorrer.

Os anticorpos de colágeno equino que se desenvolveram em alguns pacientes após o uso de Tachosil não foram reagentes com colágeno humano. Um paciente desenvolveu anticorpos para o fibrinogênio humano.

Não houve efeitos adversos atribuíveis ao desenvolvimento de anticorpos para fibrinogênio humano ou colágeno equino

Dados clínicos disponíveis sobre a reexposição ao Tachosil são muito limitados.

As reações adversas relatadas foram:

  • Reação comum (> 1/100 e < 1/10): distúrbios gerais e condições no local de administração: pode ocorrer febre.
  • Reação incomum (> 1/1.000 e < 1/100): distúrbios do sistema imune: reações de hipersensibilidade ou alérgicas (que podem incluir inchaço na pele, queimação e dor no local da aplicação, contração da musculatura dos brônquios, calafrios, vermelhidão, urticária generalizada, dor de cabeça, erupções na pele, queda de pressão, cansaço e dificuldade de concentração, náusea, agitação, batimentos cardíacos acelerados, aperto no peito, formigamento, vômito, chiado no peito) podem ocorrer raramente em pacientes tratados com selante de fibrina. Em casos isolados, estas reações podem evoluir para choque anafilático. Estes tipos de reação podem ser observados especialmente se a preparação for aplicada repetidamente ou administrada a pacientes sabidamente hipersensíveis aos componentes do produto.
  • Reação muito rara (< 1/10.000): distúrbios vasculares: trombose.
  • Frequência desconhecida:
    • Distúrbios gastrintestinais: Obstrução intestinal (em cirurgias abdominais), íleo (em cirurgias abdominais).
    • Distúrbio gerais e no local de administração: Aderência.

Investigação laboratorial

Pode ocorrer, raramente, formação de anticorpos contra ingredientes de produtos selantes de fibrina.

Atenção: Este produto é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos. Nesse caso, informe seu médico ou cirurgião-dentista. Informe também a empresa através do seu serviço de atendimento.

Apresentações do TachoSil

Esponja 5,5 mg/cm2 + 2,0 UI/cm2

  • Embalagens com uma esponja de 9,5 x 4,8 cm.
  • 2 esponjas de 4,8 cm x 4,8 cm.
  • 1 esponja de 3,0 cm x 2,5 cm.
  • 5 esponjas de 3,0 cm x 2,5 cm.

Uso interno – local.

Uso adulto acima de 18 anos.

Qual a composição do TachoSil?

Cada esponja contém por cm2:

Fibrinogênio humano

5,5 mg

Trombina humana

2,0 U.I.

Excipientes: colágeno, riboflavina, albumina humana, cloreto de sódio, citrato de sódio, cloridrato de arginina.

Superdose: o que acontece se tomar uma dose do TachoSil maior do que a recomendada?

Nenhum caso de superdosagem foi relatado.

Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para 0800 722 6001 se você precisar de mais orientações.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar TachoSil com outros remédios?

Não se realizou nenhum estudo formal de interação. Α exemplo de produtos comparáveis ou soluções de trombina, o selante (Tachosil®) pode se desnaturar após exposição a soluções que contenham álcool, iodo ou metais pesados (por exemplo soluções antissépticas). Tais substâncias devem ser removidas, tanto quanto possível, antes de se aplicar o selante.

Informe ao seu médico ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento.

Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para a sua saúde.

Qual a ação da substância do TachoSil?

Resultados de Eficácia


Fibrinogênio + Trombina foi bem avaliado em vários estudos clínicos como suporte à hemostasia em diferentes tipos de cirurgia, principalmente em órgãos parenquimatosos. A hemostasia e a selagem tecidual induzida por selantes de fibrina seguem essencialmente o mesmo mecanismo biológico, ou seja, a formação de uma rede estável de fibrina na superfície com sangramento ou perda de fluidos. Apesar da dificuldade metodológica para sua execução, as atividades hemostática e selante do produto foram bem estudadas e demonstradas em estudos comparativos.

Cirurgia hepática

Um estudo fase III aberto, randomizado, prospectivo, multicêntrico, em grupos paralelos (estudo TC014-IN) 1 , comparou a eficácia hemostática e a segurança de Fibrinogênio + Trombina com o feixe de argônio. Participaram do estudo 121 pacientes hospitalizados e submetidos à ressecção eletiva do fígado por qualquer razão médica, principalmente por doenças hepáticas malignas. Constatou-se ocorrência de hemorragia leve ou moderada persistente após intervenção hemostática cirúrgica primária antes da randomização do paciente para o tratamento com Fibrinogênio + Trombina (n=59) ou com feixe de argônio (n=62). Embora os pacientes elegíveis ao tratamento apresentassem características semelhantes, observou-se que a área de ferida alvo era ligeiramente maior no grupo tratado com Fibrinogênio + Trombina (média: 84 cm2 ) do que no grupo tratado com feixe de argônio (média: 65 cm2 ). O desfecho primário, ou seja, o tempo de hemostasia, revelou uma diferença altamente significativa a favor de Fibrinogênio + Trombina (p=0,0007). O tempo médio de hemostasia foi 3,9 min [mediana 3,0 (3-20min)] com Fibrinogênio + Trombina e 6,3 min [mediana 4,0 (3-39min)] com o feixe de argônio. Análise paramétrica de suporte forneceu variação estimada do Fibrinogênio + Trombina relativa ao feixe de argônio de 0,38 (IC de 95%: 0,22-0,68, p=0,0009), demonstrando assim hemostasia com Fibrinogênio + Trombina em 38% do tempo requerido pelo feixe de argônio.

Nenhuma diferença entre os dois grupos de tratamento foi encontrada quanto às variáveis de desfecho secundário, que incluíram a proporção de pacientes com hemostasia 10 minutos após o início do tratamento teste e o volume de drenagem de fluidos nos dias 1 e 2 após a cirurgia. A concentração de hemoglobina no fluido de drenagem 48 h após a cirurgia foi significativamente menor no grupo tratado com Fibrinogênio + Trombina do que no grupo tratado com feixe de argônio (p=0,012), mas não apresentou significância estatística após 24 h. No grupo de feixe de argônio, a duração média da drenagem foi significativamente menor do que no grupo Fibrinogênio + Trombina (p=0,005). Os drenos foram removidos após 5,7 dias [mediana de 5,1 dias (2-15 dias)] no grupo tratado com feixe de argônio, e após 8,2 dias [mediana 6,0 dias (2- 27 dias)] no o grupo tratado com Fibrinogênio + Trombina . É possível que o fato de os indivíduos tratados com Fibrinogênio + Trombina apresentarem maior área de ferida cirúrgica do que os pacientes do grupo do feixe de argônio tenha contribuído para um tempo de drenagem maior. Frilling e cols.2 publicaram o estudo TC-014-IN. Resultados semelhantes foram reportados por Broelsch e cols.3

Na avaliação da propriedade selante de Fibrinogênio + Trombina , Frena e Martin4 verificaram a não-ocorrência de fístulas após o uso rotineiro de Fibrinogênio + Trombina em ressecção hepática eletiva. Anteriormente ao uso do produto relataram a ocorrência destas em 3,9% dos casos com ressecção eletiva e em 5,1% com os procedimentos padrão. Toti e cols.5 também demonstraram com sucesso o benefício da propriedade selante do produto versus cola de fibrina em 16 pacientes submetidos a transplante hepático. Apenas um dos 16 pacientes que utilizaram Fibrinogênio + Trombina apresentaram drenagem biliar, em contraste com sete dos 16 pacientes que utilizaram a cola de fibrina.

Cirurgia renal

Um estudo aberto, randomizado, prospectivo, multicêntrico, em grupos paralelos (TC-015-IN) 6 comparou a eficácia e a segurança do Fibrinogênio + Trombina com tratamento cirúrgico padrão em 185 pacientes submetidos à ressecção cirúrgica de tumor renal superficial. Após hemostasia primária, os pacientes eram randomizados para tratamento com Fibrinogênio + Trombina ou para técnica de sutura padrão. O desfecho primário foi testar a eficácia hemostática (tempo intraoperatório para hemostasia) e a segurança de Fibrinogênio + Trombina em comparação com a sutura padrão. Os desfechos secundários incluíram a proporção de pacientes com hemostasia após 10 min de tratamento, ocorrência de hematoma no dia 2 após a cirurgia, descrição do volume e da concentração de hemoglobina no líquido de drenagem pós-operatória e a classificação do cirurgião quanto à utilidade do tratamento testado e a ocorrência de hematoma no dia 2 após a cirurgia.

A segurança foi avaliada pela ocorrência de eventos adversos. Os resultados do estudo mostraram diferenças significativas a favor de Fibrinogênio + Trombina nos desfechos de eficácia primários (i.e. tempo para a hemostasia): tempo médio de 5,3 min e mediana de 3,0 min no grupo Fibrinogênio + Trombina e tempo médio de 9,5 min e mediana de 8,0 min no grupo submetido a técnica de sutura padrão (p<0,0001). O número (porcentagem) de pacientes com hemostasia antes ou aos 10 min foi de 84 (92%) no grupo Fibrinogênio + Trombina e de 62 (67%) no grupo com tratamento padrão (p<0,0001). No grupo Fibrinogênio + Trombina , a proporção de pacientes com hemostasia após 10 minutos de tratamento foi de 7 (8%) e 30 (33%) no grupo com tratamento padrão. Os outros objetivos secundários não revelaram diferenças entre os grupos. Os resultados mostraram claramente a eficácia hemostática de Fibrinogênio + Trombina nas variáveis primárias de eficácia em relação ao tratamento padrão seguido de hemostasia secundária em cirurgia renal. Siemer e cols.7 e van Poppel e cols.8 publicaram esses resultados.

Laitsikos e Stolzenburg9 utilizaram Fibrinogênio + Trombina em complemento ao campleamento em prostatectomia radical por via endoscópica.

Cirurgia torácica

Um estudo fase IIIb, aberto, randomizado, prospectivo e multicêntrico (TC -021-IM) 10 comparou Fibrinogênio + Trombina com o tratamento cirúrgico padrão para avaliar a eficácia no controle de escape de ar (grau I e II) e segurança do produto em lobectomia pulmonar com linfadenectomia intrapulmonar em indivíduos com neoplasia. Foram randomizados 301 pacientes: população de intenção de tratar (intention-to-treat) (ITT) = 299 e população por protocolo (PP) = 273. A duração de escape de ar pós-operatório após provocação por tosse (desfecho primário) exibiu uma diferença significativa entre os tratamentos na população ITT, com um período mais curto de escape de ar para Fibrinogênio + Trombina em comparação com os dos pacientes com tratamento padrão (p=0,030). A porcentagem de pacientes sem escape de ar foi mais alta no grupo Fibrinogênio + Trombina em todos os momentos. A mediana do tempo estimado para cessar o escape de ar foi de 15,3 h no grupo Fibrinogênio + Trombina e de 20,5 h no grupo sob tratamento padrão. Na população PP, o grupo tratado com Fibrinogênio + Trombina também apresentou menor duração de escape de ar no pós-operatório (p=0,006). A mediana do tempo estimado para cessar o escape de ar foi de 11,8 h no grupo Fibrinogênio + Trombina e de 17,7 h no grupo submetido ao tratamento padrão. A eficácia de Fibrinogênio + Trombina na selagem intraoperatória de ar foi demonstrada por meio do desfecho secundário, redução de escape intraoperatório de ar desde o primeiro (antes da randomização) até o segundo teste de submersão. Dos pacientes que receberam Fibrinogênio + Trombina , 71% conseguiram redução de um ou dois graus, em comparação com 62% dos pacientes submetidos ao tratamento padrão (p=0,042 ), indicando um efeito selante imediato superior de Fibrinogênio + Trombina . Na avaliação comparativa de segurança, os eventos adversos mais frequentes foram pneumonia (10 no grupo Fibrinogênio + Trombina / 10 no grupo submetido ao tratamento padrão), atelectasia (7/10), fibrilação atrial (11/5), constipação (5/9), fístula broncopleural (4/10), flatulência (2/7), pirexia (6/3), pneumotórax (4/5), derrame pleural (5/2) e anemia (3/4), que são complicações passíveis de ocorrência em procedimentos cirúrgicos em pacientes com câncer. Não houve diferenças significativas na distribuição desses eventos adversos entre os dois tratamentos propostos. Vários pesquisadores11-14 relataram eficácia selante do Fibrinogênio + Trombina em comparação com técnicas cirúrgicas padrão, com menor tempo para a selagem da passagem de ar após ressecção pulmonar (lobectomia/segmentectomia). Anegg e cols.11 estudaram 173 pacientes submetidos a ressecção pulmonar e relataram que Fibrinogênio + Trombina apresentou, quando comparado com os procedimentos padrão, uma tendência maior de reduzir a incidência pós-operatória de escape de ar tanto no segundo como após o sétimo dia pós-operatório (30,7% vs 38,96% e 24% vs 32,46%, respectivamente), além de um tempo médio menor para a retirada do dreno torácico e alta hospitalar (p=0,022 e p=0,01, respectivamente). A perda de ar intraoperatória pós-tratamento com Fibrinogênio + Trombina foi significativamente mais baixa (média de 153,32 ml/min, variando de 10 a 450 ml/min) do que com o tratamento padrão (média de 251,04 ml/min, variando de 15 a 970 ml/min; p=0,009).

Resultados semelhantes foram relatados por Droghetti e cols.15 durante avaliação de 40 pacientes submetidos à lobectomia pulmonar. Observou-se redução da perda de ar com uso de Fibrinogênio + Trombina em comparação com as técnicas padrão, considerando-se o grupo globalmente, (50% vs 95%, respectivamente, p=0,0001), da duração das perdas de ar (1,7 dias vs 4,5 dias, P=0,003) e dos custos dos procedimentos (p=0,0001).

Cirurgia cardiovascular

Um estudo randomizado, aberto, de grupos paralelos, multicêntrico, comparou a eficácia e a segurança de Fibrinogênio + Trombina com a do tratamento hemostático padrão em cirurgia cardiovascular (estudo TC-023-IM) 16. Foram elegíveis pacientes com cirurgia planejada no coração, na aorta ascendente ou no arco aórtico, requerendo um procedimento de derivação (bypass) cardiopulmonar. O tratamento hemostático primário foi sutura, clipagem, eletrocoagulação ou nenhum (com base na prática cirúrgica). Foram randomizados 120 pacientes que apresentavam presença de sangramento do músculo cardíaco, do pericárdio ou de um vaso grande ou leito vascular e que necessitavam tratamento hemostático de suporte (n=120). A população ITT foi de 119 e a população PP foi de 111 (na população PP foi analisado somente o desfecho primário). Os tratamentos randomizados foram Fibrinogênio + Trombina ou qualquer material espongiforme hemostático sem compostos adicionais ativos estimulantes da coagulação. O desfecho primário/secundário de eficácia foi a proporção de pacientes que conseguiram hemostasia após 3 min/6min (ITT).

Outras variáveis observadas foram: duração de drenagem, volume de drenagem pós-operatória, transfusões pósoperatórias.

O resultado do desfecho primário de eficácia, ou seja, a proporção (IC de 95%) de pacientes com hemostasia em 3 minutos, foi de 0,75 (0,64 – 0,86) com Fibrinogênio + Trombina e de 0,35 (0,22 – 0,48) com o tratamento padrão (p<0,0001). O desfecho secundário, isto é, a proporção (IC de 95%) de pacientes com hemostasia em 6 minutos foi de 0,95 (0,89 – 1,0) com Fibrinogênio + Trombina e de 0,72 (0,60 – 0,83) com o tratamento padrão (p=0,0006). Não houve evidência de heterogeneidade nas razões de probabilidades entre os centros de estudo.

Os resultados altamente significativos em favor do Fibrinogênio + Trombina em relação à obtenção de hemostasia no estudo cardiovascular (TC-023-IM) indicam fortemente que o efeito combinado de forte aderência do coágulo de fibrina depositado sobre o sítio de aplicação e de suporte mecânico da esponja de colágeno e da rede de fibrina do coágulo são capazes de selar contra o extravazamento de sangue os orifícios da sutura e os sítios anastomóticos nas grandes artérias, bem como do sangramento capilar do músculo cardíaco. Mais da metade dos sangramentos tratados no estudo TC-023- IM ocorreu a partir da aorta (56% dos casos), isto é, em estruturas vasculares com a pressão sanguínea mais elevada.

Além disso, observa-se que Fibrinogênio + Trombina manteve uma boa eficácia hemostática também quando aplicado em pacientes antes da reversão com protamina, assim demonstrando as propriedades selantes e hemostáticas independentes da capacidade de coagulação do sangue. Da mesma forma, deve-se mencionar que um número razoável de procedimentos cirúrgicos incluídos no estudo TC-023-IM era de procedimentos combinados ou complexos, ou seja, envolvendo dois ou mais procedimentos cardiovasculares, que necessitam de período prolongado de circulação de derivação extracorpórea. A proporção mais alta de pacientes necessitando de procedimentos combinados/complexos no grupo randomizado de pacientes vs. no grupo de pacientes selecionados (61% vs. 40%) no estudo TC-023-IM também indica a necessidade de um tratamento hemostático de suporte em função de um elevado risco de sangramento nos procedimentos cirúrgicos complexos. O estudo TC-023-IM foi publicado por Maisano e cols17

Onoratti e cols.18 avaliaram 29 pacientes submetidos a cirurgia na aorta ascendente com enxerto de Dracon comparando a redução de derrame pericárdico com o uso de Fibrinogênio + Trombina (11 pacientes), envolvendo o enxerto em 360 graus e sem Fibrinogênio + Trombina (18 pacientes). Nenhum paciente no grupo Fibrinogênio + Trombina apresentou derrame pericárdico significativo em ecocardiografia pós-operatória, enquanto uma proporção significativa de pacientes do grupo sem Fibrinogênio + Trombina o fez em algum grau. Na avaliação da drenagem torácica, o grupo tratado com Fibrinogênio + Trombina apresentou menor volume de drenagem (p=0,0001), menor tempo de drenagem (p=0,002), menor necessidade de pericardiocentese (p=0,0039), menor volume de derrame pericárdico na avaliação ecocardiográfica pré-alta (p=0,026), menor ocorrência de febre (p=0,029), menor necessidade de uso de antibióticos (p=0,007) e permanência hospitalar (p=0,01). O envolvimento do enxerto com Fibrinogênio + Trombina foi eficaz na redução do derrame pericárdico e dos efeitos deletérios que se seguem à cirurgia da aorta.

O benefício das esponjas hemostáticas foi enfatizado por Aziz e cols.19 e Carbon e cols.20 Rychlik R21 reafirmou, numa revisão sobre o assunto, os benefícios da selagem tissular com este tipo de esponja em cirurgia. Haas S22 , relatando os resultados de um estudo multicêntrico que incluiu 408 pacientes submetidos a cirurgias em vários órgãos – fígado (26%), sistema vascular (16%), trato gastrintestinal (10%), coração (8%), rim (7%), tórax (7%), baço (4%) e pâncreas (4%), concluiu que o uso de Fibrinogênio + Trombina apresenta benefícios relevantes e que pode oferecer oportunidades para melhorar a hemostasia em pacientes sob risco de complicações hemorrágicas, além de facilitar o controle do sangramento excessivo no campo cirúrgico.Tagliabue e col.23 relatam sua experiência pessoal com o uso de Fibrinogênio + Trombina em esplenectomias e nefretomia.

Do ponto de vista farmacoeconômico, María-Borro e cols. 24 e Anegg e cols.25 confirmaram uma relação custo-benefício melhor com Fibrinogênio + Trombina .

A eficácia clínica em complemento aos procedimentos cirúrgicos em vários sistemas orgânicos indica claramente que Fibrinogênio + Trombina pode ser considerado benéfico e de utilidade em uma ampla gama de processos cirúrgicos.

Referências Bibliográficas:

1- Nycomed Clinical Trial Report.Trial ID - TC-014-IN. TC-014-IN. 2004.
2- Frilling A, et al. Langenbecks Arch Surg. 2005;390(2):114-20.
3 -Broelsch C, et al. HPB (Oxford). 2005;7(Suppl 1):28.
4- Frena A, Martin F. Chir Ita. 2006;58(6): 793-5.
5 - Toti L et al. HPB, 2008; 10(Suppl 1):78.
6- Nycomed Clinical Trial Report.Trial ID - TC-015-IN. TC-015-IN. 2005.
7- Siemer S, et al. Eur Urol. 2007;52(4):1156-63.
8- van Poppel, et al. Eur Urol Suppl. 2006;5(2):180.
9- Laitsikos E, Stolzenburg JU. J Endourol. 2006;20(Suppl 1):A294.
10- Nycomed Clinical Trial Report.Trial ID - TC-021-IM. TC02-IM. 2008.
11- Anegg U, et al. Eur J Cardiothorac Surg. 2007;31(2):198-202.
12- Carbon R, et al. Inflamm Res 2007;56(Suppl 2):A446.
13- Lang G, et al. Eur J Cardiothorac Surg. 2004;25(2):160-6.
14-Marta GM, et al. 16th European Conference on General Thoracic Surgery Bologna, Italy, 2008: abstract#32974.
15 - Droghetti A, et al. J Thorac Cardiovasc Surg 2008;136(2):383-91.
16 - Nycomed Clinical Trial Report.Trial ID - TC-023-IM. TC-023-IM. 2008.
17 - Maisano F, et al. Eur J Cardiothorac Surg 2009;36:708-14.
18- Onoratti F, et al. J Cardiovasc Surg 2008;49:1-5.
19 -Aziz O, Athanasiou T, Darzi A. Surg Technol Int. 2005;14:35-40.
20 -Carbon RT, et al. Trabalho apresentado no 6th World Congress of Trauma, Shock, Inflammation and Sepsis. Bologne: Medimond, 2004:257-267.
21- Rychlik R. Krankenhauspharmazie. 2006; 27(5):199-204.2.
22- Haas S. Clin Appl Thromb Hemost. 2006;12(4):445-50.
23 - Tagliabue et al.Minerva Chir 2007;62(1):73-8.
24- María-Borro J, et al. Pharmacoeconomics 2006;3(3):99-107.
25- Anegg U, et al. Interact Cardiovasc Thorac Surg. 2008;7(2):292-6.

Características Farmacológicas


Propriedades farmacodinâmicas

Fibrinogênio + Trombina contém fibrinogênio e trombina na forma de um revestimento seco na superfície de uma esponja de colágeno.

Em contato com fluidos fisiológicos, como sangue, linfa ou solução salina fisiológica, os componentes do revestimento se dissolvem e se difundem parcialmente na superfície da ferida. Em seguida ocorre a reação de fibrinogênio com trombina, que dá início à última fase da coagulação sanguínea fisiológica. O fibrinogênio é convertido em monômeros de fibrina que se polimerizam espontaneamente num coágulo de fibrina, mantendo a esponja de colágeno firmemente aderida à superfície da ferida. A fibrina sofre então uma ligação cruzada pelo fator XIII endógeno, criando uma rede firme e mecanicamente estável, com boas propriedades adesivas e selantes.

Propriedades farmacocinéticas

Fibrinogênio + Trombina destina-se exclusivamente ao uso epilesional. Os selantes de fibrina/hemostáticos são metabolizados por fibrinólise e fagocitose, da mesma forma que a fibrina endógena.

Em estudos com animais, Fibrinogênio + Trombina se biodegrada após administração sobre uma superfície de ferida, deixando poucos fragmentos remanescentes após 13 semanas. A degradação completa do Fibrinogênio + Trombina foi observada em alguns animais, 12 meses após a sua administração a um ferimento de fígado, enquanto que pequenos fragmentos ainda foram observados em outros. A degradação foi associada à infiltração de granulócitos e à formação de tecido de granulação reabsorvível encapsulando os restos degradados de Fibrinogênio + Trombina . Nenhuma evidência de intolerância local tem sido observada em estudos com animais.

Em humanos, foram observados casos isolados onde fragmentos remanescentes foram coincidentemente encontrados, sem sinais de comprometimento funcional.

Como devo armazenar o TachoSil?

Conserve o produto na embalagem original e à temperatura ambiente (15°C a 30°C).

Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.

Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original.

Após aberto o sachê de alumínio, este medicamento deve ser utilizado imediatamente. Não voltar a esterilizar.

Características do medicamento

Tachosil® é uma esponja de cor branco-amarelada revestida com fibrinogênio e trombina. O lado revestido é de cor amarela.

Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças.

Dizeres Legais do TachoSil

M.S – 1.0965.0005

Farm. Resp.:
Rafaela Bonchoski Siolin
CRF-PR nº 29.240

Fabricado por:
Takeda Áustria GmbH
Linz – Áustria 

Importado por:
Mandala Brasil Importação e Distribuição de Produto Médico Hospitalar Ltda.
Av. Horácio Raccanello Filho nº 5570, salas 1201, 1202 e 502
Ed. São Bento
Maringá - PR
CEP: 87020-035
CNPJ: 09.117.476/0001-81

Uso restrito a hospitais.

Uso profissional.

Venda sob prescrição médica.

Quer saber mais?

Consulta também a Bula do Fibrinogênio + Trombina


O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 7 de Dezembro de 2024.

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 7 de Dezembro de 2024.

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