Beractanto
(2)Preço
Tipo de receita
- Branca Comum (Dispensação Sob Prescrição Médica Restrito a Hospitais)
Classe terapêutica
- Surfactantes Pulmonares
Forma farmacêutica
- Suspensão injetável
Categoria
- Aparelho Respiratório
- Medicamentos
- Medicamentos Alto Custo
Dosagem
- 25mg/mL
Fabricante
- AbbVie
Princípio ativo
- Beractanto
Tipo do medicamento
- Biológico
Quantidade
- 4 mL
- 8 mL
Survanta 25mg/mL, caixa com 1 frasco-ampola com 8mL de suspensão de uso intratraqueal
Indisponível
AbbVie
Beractanto
Survanta 25mg/mL, caixa com 1 frasco-ampola com 4mL de suspensão de uso intratraqueal
Indisponível
AbbVie
Beractanto
Bula do Beractanto
Beractanto, para o que é indicado e para o que serve?
Beractanto é destinado à prevenção e tratamento (“resgate”) da Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) ou Doença da Membrana Hialina (DMH) neonatal. Beractanto reduz significativamente a incidência de SDR, a mortalidade dela decorrente e as complicações por escapes de ar.
Quais as contraindicações do Beractanto?
Não foram definidas por estudos clínicos contraindicações específicas para Beractanto.
Tipo de receita
Como usar o Beractanto?
Instruções Importantes
Para administração intratraqueal somente. Produto de uso único.
Beractanto deve ser administrado sob a supervisão de profissionais qualificados, com experiência em intubação, procedimentos de ventilação e cuidados gerais de neonatos prematuros. O procedimento é facilitado se uma pessoa administrar a dose enquanto outra pessoa posicionar e monitorar o neonato.
Uma melhora acentuada na oxigenação, com consequente redução das necessidades de ventilação, geralmente ocorre minutos após a instilação do surfactante. Portanto, uma observação clínica frequente e cuidadosa, além da monitorização rigorosa da oxigenação sistêmica e pressão ventilatória são essenciais para evitar hiperóxia.
Prevenção
Em neonatos prematuros com peso corporal abaixo de 1.250 g ou com evidência de deficiência de surfactante, administrar Beractanto assim que possível, preferencialmente dentro de 15 minutos pós-parto.
Tratamento
Para tratar neonatos com SDR confirmada por raio-X e com necessidade de ventilação mecânica, administrar Beractanto assim que possível, preferencialmente antes de completar 08 horas de vida.
Preparação da Suspensão de Beractanto
Beractanto deve ser inspecionado visualmente quanto à descoloração, antes da administração.
Se surgir algum sedimento durante o armazenamento, rode o frasco suavemente (não agite) para dispersar novamente. Não filtrar Beractanto. Alguma espuma poderá ser observada na superfície do líquido durante o manuseio e é inerente à natureza do produto.
Antes da administração, o produto deve ser deixado por pelo menos 20 minutos a temperatura ambiente, ou aquecido nas mãos por pelo menos 08 minutos. Métodos artificiais de aquecimento não devem ser utilizados.
Quando uma dose de prevenção for administrada, a preparação do Beractanto deve ser iniciada antes do nascimento do neonato.
Cada frasco de uso único de Beractanto deve ser introduzido apenas uma vez. Frascos usados com medicamento residual devem ser descartados.
Beractanto não requer reconstituição ou exposição ao ultrassom antes do uso.
Procedimentos gerais de administração
Com base no procedimento selecionado, cada dose pode ser administrada em bolus único ou dividida em doses fracionadas.
Cada dose fracionada pode ser administrada em duas metades de doses ou em quatro quartos de dose com o neonato em uma posição diferente.
Para administrar Beractanto em duas metades de dose, as posições recomendadas são (ver ilustrações):
- Com o neonato na posição supina, cabeça e corpo virados aproximadamente 45° para a direita;
- Com o neonato na posição supina, cabeça e corpo virados aproximadamente 45° para a esquerda.
Para administrar Beractante em quatro quartos de dose, as posições recomendadas são:
- Cabeça e corpo inclinados 5-10° para baixo, com a cabeça virada para a direita (facilita a distribuição no quadrante superior direito).
- Cabeça e corpo inclinados 5-10° para baixo, com a cabeça virada para a esquerda (facilita a distribuição no quadrante superior esquerdo).
- Cabeça e corpo inclinados 5-10° para cima, com a cabeça virada para a direita (facilita a distribuição no quadrante inferior direito).
- Cabeça e corpo inclinados 5-10° para cima, com a cabeça virada para a esquerda (facilita a distribuição no quadrante inferior esquerdo).
Administração
Instilação Através de Cateter End-Hole em Pacientes Ventilados Mecanicamente
Retirar lentamente o conteúdo total de surfactante do frasco com uma seringa plástica, utilizando agulha de calibre grande (no mínimo 20G).
Conectar o cateter n° 5 French de orifício terminal à seringa. Preencher o cateter com Beractanto e desprezar o excesso do produto, a fim de que apenas a dose total a ser administrada permaneça na seringa.
Antes da administração de Beractanto, assegurar a adequada disposição e permeabilidade do tubo endotraqueal. A critério do médico, o tubo endotraqueal pode ser aspirado antes de administrar Beractanto. O neonato deve ser estabilizado antes de prosseguir com a administração.
Posicionar o neonato adequadamente em uma das posições recomendadas.
Insira o cateter nº 5 French End-hole no tubo endotraqueal. O comprimento do cateter deve ser diminuído fazendo com que a ponta do cateter se projete um pouco além do tubo endotraqueal acima da carina do neonato.
Beractanto não deve ser instilado nos brônquios.
Injetar suavemente a primeira dose fracionada através do cateter durante 2 a 3 segundos.
Após administração da primeira dose fracionada, remover o cateter do tubo endotraqueal e ventilar manualmente o paciente por 30 segundos ou até que ele esteja clinicamente estável. Ventilar com oxigênio suficiente para prevenir cianose, e pressão positiva suficiente para fornecer adequada troca de ar e movimentação da parede do tórax.
Quando o neonato estiver estável, reposicionar o paciente para instilação da próxima dose fracionada.
Instilar as doses fracionadas restantes utilizando os mesmos procedimentos. Após a instilação da última dose fracionada, remover o cateter sem esvaziá-lo. Não aspirar o neonato por 1 hora após a administração, a menos que ocorram sinais significativos de obstrução das vias aéreas.
Instilação Através do Lúmen Secundário de um Tubo Endotraqueal com Dois Lúmens em Pacientes Ventilados Mecanicamente
Certificar que o neonato está intubado com o tubo endotraqueal de dois lúmens de tamanho apropriado. Retirar lentamente a dose total do frasco com uma seringa de plástico através de uma agulha de grande calibre (por exemplo, pelo menos calibre 20).
Antes de administrar Beractanto, assegure a colocação adequada e a permeabilidade do tubo endotraqueal. A critério do médico, o tubo endotraqueal pode ser aspirado antes de administrar Beractanto. O neonato deve estar estabilizado antes de prosseguir com a dosagem.
Conectar a seringa contendo Beractanto ao lúmen secundário. Posicionar o neonato apropriadamente em uma das posições recomendadas e gentilmente injetar a primeira dose fracionada através do lúmen secundário durante dois a três segundos sem interromper a ventilação. Se for ventilado manualmente, ventilar o neonato por pelo menos 30 segundos ou até que ele fique estável. Ventilar com oxigênio suficiente para prevenir cianose e pressão positiva suficiente para proporcionar troca de ar adequada e excursão (ou movimentação) da parede torácica.
Reposicionar o neonato para a instilação da próxima dose fracionada.
Instilar as doses fracionadas restantes usando os mesmos procedimentos.
Após a instilação da dose final fracionada, remover a seringa do lúmen secundário, injetar 0,5 mL de ar para esvaziar o lúmen secundário e tampá-lo
Instilação em Pacientes Respirando Espontaneamente
Intubação Surfactante Extubação (INSURE – INtubation-SURfactant-Extubation)
Após a intubação e a cateterização, conforme descrito acima, colocar o neonato em uma posição neutra e gentilmente injetar a dose em bolus por 1 a 3 minutos na sala de parto ou posteriormente, após a admissão na unidade neonatal. Após a instilação do surfactante, use uma técnica de retirada e prossiga com a extubação e a instalação do CPAP (Pressão Nasal Positiva Contínua) conforme indicado clinicamente.
Administração menos invasiva do surfactante (LISA)
Um cateter de pequeno diâmetro pode ser usado para administrar a dose sem intubação. Nesses casos, colocar o cateter diretamente na traqueia com visualização das cordas vocais por laringoscopia e injetar gentilmente a dose em bolus único por 1 a 3 minutos. Após a instilação, retire imediatamente o cateter. Assegure a respiração espontânea contínua e continue o tratamento com CPAP durante todo o procedimento.
Posologia do Beractanto
A dose de Beractanto é de 100 mg de fosfolipídeos/kg de peso corporal (4 mL/kg).
Na estratégia de prevenção, administrar a dose o mais rapidamente possível após o nascimento, preferencialmente dentro de 15 minutos.
Na estratégia de resgate, a primeira dose deve ser administrada o mais rapidamente possível após a confirmação da SDR por achados radiográficos ou clínicos, preferencialmente com 8 horas de vida.
Quatro doses de Beractanto podem ser administradas nas primeiras 48 horas de vida. As doses não devem ser administradas com intervalo inferior a 6 horas entre elas.
A necessidade de doses adicionais de Beractanto é determinada pela evidência de dificuldade respiratória persistente. A confirmação radiográfica da SDR deve ser obtida antes da administração de doses adicionais àqueles que receberam uma dose de prevenção.
Quais as reações adversas e os efeitos colaterais do Beractanto?
Estudos Clínicos
Pacientes ventilados mecanicamente
As reações adversas mais frequentes estão associadas ao procedimento de administração do medicamento, que requer prévia intubação endotraqueal do paciente.
Em estudos clínicos controlados de múltiplas doses, cada dose de beractanto foi dividida em quatro quartos. Cada quarto de dose foi instilado através de um cateter inserido no tubo endotraqueal do neonato, desconectando-o rapidamente do ventilador. Bradicardia transitória foi observada em 11,9% das administrações. Dessaturação de oxigênio ocorreu em 9,8% das administrações.
Outras reações durante o procedimento de administração ocorreram em menos de 1% das doses e incluíram refluxo de tubo endotraqueal, palidez, vasoconstrição, hipotensão, bloqueio do tubo endotraqueal, hipertensão, hipocapnia, hipercapnia e apneia. Nenhum caso de morte foi observado durante o procedimento de administração e todas as reações desapareceram com tratamento sintomático.
Um estudo clínico comparou o regime de administração em quatro quartos de dose com o mesmo procedimento, utilizando-se apenas duas metades de dose e outro procedimento utilizando-se duas metades de dose com ventilação ininterrupta, acompanhada pela inserção do cateter através de uma válvula de sucção neonatal no tubo endotraqueal. Com a primeira dose, observou-se significativamente menos refluxo no tubo endotraqueal no grupo com regime em quartos de dose (p=0,007) do que no grupo com ventilação ininterrupta. Também, com a primeira dose, houve significativamente menos dessaturação de oxigênio no grupo com ventilação ininterrupta (p=0,008) do que no grupo que recebeu duas metades de dose. Não foram observadas diferenças nestes eventos após doses repetidas e nenhuma alteração foi observada na frequência cardíaca após qualquer dose. Ver o item Como usar o Beractanto? para informações adicionais.
A ocorrência de doenças concomitantes comuns em neonatos prematuros foi avaliada em estudos controlados. As frequências em todos os estudos controlados encontram-se na Tabela 3.
Tabela 3
Tabela 3 – Estudos controlados (todos) |
|||
Evento Concomitante |
Beractanto (%) |
Controle (%) |
Valor de p* |
Persistência do canal arterial |
46,9 | 47,1 |
0,814 |
Hemorragia intracraniana |
48,1 | 45,2 |
0,241 |
Hemorragia intracraniana grave |
24,1 | 23,3 |
0,693 |
Escapes de ar pulmonar |
10,9 | 24,7 |
<0,001 |
Enfisema pulmonar intersticial |
20,2 | 38,4 |
<0,001 |
Enterocolite necrotizante |
6,1 | 5,3 |
0,427 |
Apneia |
65,4 | 59,6 |
0,283 |
Apneia grave |
46,1 | 42,5 |
0,114 |
Sepse pós-tratamento |
20,7 | 16,1 |
0,019 |
Infecção pós-tratamento |
10,2 | 9,1 |
0,345 |
Hemorragia pulmonar |
7,2 | 5,3 |
0,166 |
*Valores de p comparando grupos em estudos controlados.
Quando da análise conjunta de todos os estudos controlados, não houve diferença quanto à hemorragia intracraniana. Entretanto, em um dos estudos com dose única de tratamento e em um dos estudos de múltiplas doses de prevenção, a frequência de hemorragia intracraniana foi significativamente maior nos pacientes do grupo Beractanto quando comparado ao grupo controle (63,3% vs 30,8%, P = 0,001; e 48,8% vs 34,2%, P = 0,047, respectivamente). A frequência em um estudo envolvendo aproximadamente 8100 pacientes foi menor que nos estudos controlados.
Em estudos clínicos controlados, não houve efeitos de beractanto nos testes laboratoriais comuns:
- Contagem de glóbulos brancos, sódio, potássio, bilirrubina e creatinina séricos.
Mais de 4300 amostras séricas de aproximadamente 1500 pacientes pré e pós-tratamento foram analisadas através de ensaio imunoenzimático pelo método “western blot” para anticorpos de proteínas SP-B e SP-C associadas ao surfactante. Anticorpos para IgG ou IgM não foram detectados.
Sabe-se que ocorrem diversas outras complicações em neonatos prematuros.
As seguintes condições foram relatadas nos estudos clínicos controlados. As frequências das complicações não foram diferentes entre neonatos tratados e os neonatos controles e nenhuma das complicações foi atribuída ao Beractanto:
- Distúrbios do sangue e do sistema linfático: coagulopatia, trombocitopenia, coagulação intravascular disseminada.
- Distúrbios endócrinos: hemorragia adrenal, secreção inapropriada do hormônio antidiurético.
- Distúrbios do metabolismo e nutricionais: hiperfosfatemia, intolerância alimentar.
- Distúrbios do sistema nervoso: convulsões.
- Distúrbios cardíacos: taquicardia, taquicardia ventricular, insuficiência cardíaca, parada cardiorrespiratória,
- aumento do pulso apical, circulação fetal persistente, retorno venoso pulmonar total anômalo.
- Distúrbios vasculares: hipotensão, hipertensão, trombose aórtica, embolia gasosa.
- Distúrbios respiratórios, torácicos e mediastinais: consolidação do pulmão, sangramento proveniente do tubo
- endotraqueal, deterioração após desmame, descompensação respiratória, estenose subglótica, paralisia
- diafragmática, insuficiência respiratória.
- Distúrbios gastrointestinais: distensão abdominal, hemorragia gastrointestinal, perfurações intestinais, vôlvulo,
- infarto intestinal, úlcera de estresse, hérnia inguinal.
- Distúrbios hepatobiliares: insuficiência hepática.
- Distúrbios renais e urinários: insuficiência renal e hematúria.
- Distúrbios gerais e condições no local da administração: febre, deterioração.
Experiência pós-comercialização
Nenhuma complicação ou sequela de terapia em longo prazo foi observada com Beractanto.
Estudos de dose única
As avaliações ajustadas de acompanhamento de seis meses de idade de 232 neonatos (115 tratados) não demonstraram diferenças clinicamente importantes entre os grupos de tratamento nas sequelas pulmonar e neurológica, incidência ou gravidade da retinopatia da prematuridade, reinternações, crescimento ou manifestações alérgicas.
Estudos de dose múltipla
Avaliações ajustadas de acompanhamento de seis meses de idade foram concluídas em 631 (345 tratados) de 916 neonatos sobreviventes. Houve significativamente menos paralisia cerebral e necessidade de oxigênio suplementar em neonatos de Beractanto do que os neonatos do grupo de controle. Chiado no momento do exame foi mais frequente entre os neonatos de Beractanto, embora não houvesse diferença na terapia broncodilatadora.
Os dados finais de doze meses de acompanhamento dos estudos de dose múltipla estão disponíveis em 521 (272 tratados) de 909 neonatos sobreviventes. Houve significativamente menos chiado em neonatos de beractanto do que os neonatos do grupo de controle, em contraste com os resultados de seis meses. Não houve diferença na incidência de paralisia cerebral aos doze meses.
Foram completadas as avaliações de idade ajustadas para vinte e quatro meses em 429 (226 tratados) de 906 neonatos sobreviventes. Havia significativamente menos neonatos de Beractanto com roncos, chiados e taquipneia no momento do exame. Nenhuma outra diferença foi encontrada.
Técnicas INSURE e LISA
Os resultados de segurança com as técnicas INSURE e LISA foram comparáveis aos dos grupos controle, embora a bradicardia e hipoxemia tenham sido relatadas com maior frequência em alguns casos com LISA.
Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificação de Eventos Adversos a Medicamentos - VIGIMED, disponível em http://portal.anvisa.gov.br/vigimed ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.
Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Beractanto maior do que a recomendada?
Casos de superdosagem com Beractanto não foram relatados. Baseado em dados obtidos de estudos animais, a superdosagem pode resultar em obstrução aguda das vias aéreas. O tratamento deve ser sintomático e de suporte.
Roncos, estertores bolhosos ou crepitantes podem ocorrer transitoriamente após a administração de Beractanto. Geralmente não é necessária aspiração endotraqueal ou outras medidas, a menos que sinais claros de obstrução das vias aéreas estejam presentes.
Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.
Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Beractanto com outros remédios?
Nenhuma interação foi observada entre o beractanto e medicamentos comumente utilizados em cuidados intensivos neonatais como catecolaminas, indometacina, tolazolina, pancurônio, fenobarbital, opiáceos, antibióticos e nutrientes parenterais. Medicamentos administrados no período pré-natal, como tocolíticos e corticosteroides, também não interferem com o uso do beractanto no neonato.
Quais cuidados devo ter ao usar o Beractanto?
Beractanto deve ser utilizado somente pela via intratraqueal.
Beractanto pode afetar rapidamente a oxigenação e a complacência pulmonar. Portanto, seu uso deve ser restrito a instalações clínicas rigorosamente supervisionadas, com disponibilidade imediata de pessoal médico e de enfermagem experientes em intubação, procedimentos de ventilação e cuidados gerais de neonatos prematuros. O responsável pela administração de Beractanto deve permanecer com o neonato o tempo necessário para assegurar sua estabilidade. Neonatos recebendo Beractanto devem ser frequentemente monitorizados através de medidas arteriais ou transcutâneas de oxigênio e dióxido de carbono sistêmicos.
Durante o procedimento de administração, foram reportados episódios transitórios de bradicardia e diminuição da saturação de oxigênio. Neste caso, interromper a administração e adotar medidas apropriadas para aliviar essa condição. Após estabilização do neonato, reiniciar o procedimento de administração.
Gerais
Roncos, estertores bolhosos ou crepitantes podem ocorrer transitoriamente após a administração de Beractanto. Geralmente não é necessária aspiração endotraqueal ou outras medidas, a menos que sinais claros de obstrução das vias aéreas estejam presentes. Uma elevada probabilidade de sepse nosocomial póstratamento foi observada em estudos clínicos controlados em neonatos tratados com beractanto. O elevado risco de sepse, entretanto, não foi associado com taxa de mortalidade aumentada nesses neonatos. Os organismos causadores foram similares em neonatos tratados e em neonatos controles, não havendo diferença significativa entre grupos na frequência de infecções pós-tratamento com exceção da sepse.
O uso de Beractanto em neonatos com peso abaixo de 600 g ou acima de 1.750 g não foi avaliado em estudos controlados. Não existe experiência com o uso de Beractanto associado a terapias experimentais para SDR (ex: ventilação de alta frequência ou oxigenação de membrana extracorpórea).
Não existem informações sobre os efeitos de doses diferentes de 100 mg de fosfolipídeos/kg, mais de 04 doses, doses mais frequentes do que a cada 06 horas, ou administração após 48 horas de vida.
Cuidados e advertências para populações especiais
O beractanto não é indicado para uso adulto. Também não se sabe se o beractanto pode causar dano ao feto quando administrado a mulheres grávidas ou se pode comprometer a capacidade reprodutiva.
Categoria de Risco: C.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.
Carcinogênese, mutagênese, dano à fertilidade
Beractanto em até 500 mg de fosfolipídeos/kg/dia foi administrado subcutaneamente em ratos prematuros por 05 dias. Os ratos se reproduziram normalmente, não havendo efeitos adversos observáveis em seus descendentes.
Estudos de mutagenicidade foram negativos. Estudos de carcinogenicidade não foram realizados com Beractanto.
Qual a ação da substância do Beractanto?
Resultados de Eficácia
Pacientes mecanicamente ventilados
Os efeitos clínicos de beractanto foram demonstrados em 06 estudos de doses simples e 04 estudos de doses múltiplas, randomizados, multicêntricos e controlados envolvendo aproximadamente 1700 bebês. Três estudos clínicos abertos, incluindo o Tratamento IND, envolveram mais de 8500 pacientes. Cada dose de beractanto em todos os estudos foi de 100 mg de fosfolipídeos/kg de peso de nascimento e foi baseada em experiências publicadas com Surfactante TA, uma forma farmacêutica de pó liofilizado de beractanto contendo a mesma composição.
Estudos de Prevenção
Bebês de 600 a 1250 g de peso ao nascer e com 23 a 29 semanas de idade gestacional estimada foram analisados em 02 estudos de múltipla-dose. A dose de beractanto foi administrada nos primeiros 15 minutos do nascimento para prevenir o desenvolvimento de SDR.
Foram administradas até 03 doses adicionais nas primeiras 48 horas, uma a cada 06 horas, se a SDR se desenvolvesse posteriormente e em crianças que necessitaram de ventilação mecânica com FiO2 ≥ 0,30. Os resultados dos estudos aos 28 dias de vida são apresentados na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1
Estudo 01 |
|||
|
Beractanto |
Controle |
Valor de P |
Número de bebês estudados |
119 | 124 | - |
Incidência de SDR (%) |
27,6 | 63,5 |
<0,001 |
Morte por SDR (%) |
2,5 | 19,5 |
<0,001 |
Morte ou DBP1 devido à SDR (%) |
48,7 | 52,8 |
0,536 |
Morte por qualquer razão (%) |
7,6 | 22,8 |
0,001 |
Escapes de ar* (%) |
5,9 | 21,7 |
0,001 |
Enfisema pulmonar intersticial (%) |
20,8 | 40,0 |
0,001 |
* Pneumotorax ou pneumopericárdio. |
|||
Estudo 02** |
|||
Beractanto | Controle |
Valor de P |
|
Número de bebês estudados |
91 | 96 | - |
Incidência de SDR (%) |
28,6 | 48,3 |
0,007 |
Morte por SDR (%) |
1,1 | 10,5 |
0,006 |
Morte ou DBP devido à SDR (%) |
27,5 | 44,2 |
0,018 |
Morte por qualquer razão*** (%) |
16,5 | 13,7 |
0,633 |
Escapes de ar* (%) |
14,5 | 19,6 |
0,374 |
Enfisema pulmonar intersticial (%) |
26,5 | 33,2 |
0,298 |
*Pneumotorax ou pneumopericárdio. |
1. DBP: displasia broncopulmonar.
Estudos de Resgate
Bebês de 600 a 1750 g de peso ao nascer com SDR necessitando de ventilação mecânica e uma FiO2 ≥ 0,40 foram analisados em 02 estudos de resgate de múltipla dose. A dose inicial de beractanto foi administrada após o desenvolvimento de SDR e antes dos bebês completarem 08 horas de vida. Os bebês poderiam receber até 03 doses adicionais nas primeiras 48 horas, uma a cada 6 horas, se fosse necessário ventilação mecânica e uma FiO2 ≥ 0,30. Os resultados dos estudos aos 28 dias de vida são apresentados na Tabela 2, a seguir.
Tabela 2
Estudo 03* |
|||
Beractanto | Controle |
Valor de P |
|
Número de bebês estudados |
198 | 193 | - |
Morte por SDR (%) |
11,6 | 18,1 |
0,071 |
Morte ou DBP devido à SDR (%) |
59,1 | 66,8 |
0,102 |
Morte por qualquer razão (%) |
21,7 | 26,4 |
0,285 |
Escapes de ar** (%) |
11,8 | 29,5 |
<0,001 |
Enfisema pulmonar intersticial (%) |
16,3 | 34,0 |
<0,001 |
Estudo 04 |
|||
Beractanto | Controle |
Valor de P |
|
Número de bebês estudados |
204 | 203 | - |
Morte ou DBP devido à SDR (%) |
43,6 | 63,4 |
<0,001 |
Morte por qualquer razão (%) |
15,2 | 28,2 |
0,001 |
Escapes de ar** (%) |
11,2 | 22,2 |
0,005 |
Enfisema pulmonar intersticial (%) |
20,8 | 44,4 |
<0,001 |
* Estudo descontinuado quando o tratamento IND foi iniciado. |
Doses Fracionadas
Nos estudos clínicos que estabeleceram a segurança e eficácia, Beractanto foi instilado através de um cateter que foi inserido no tubo endotraqueal do bebê, desconectando brevemente o tubo endotraqueal do ventilador. Cada dose foi administrada em quatro doses de um quarto, como descrito em “Como usar o Beractanto?”. Este método de administrar o beractanto foi comparado com dois outros métodos em um estudo clínico multicêntrico e randomizado envolvendo 299 bebês pesando 600 g ou mais com SDR necessitando ventilação mecânica.
Os outros métodos avaliados foram:
- Duas meias-doses administradas pela inserção do cateter através do tubo endotraqueal, enquanto o tubo endotraqueal foi desconectado brevemente do ventilador. As meias-doses foram administradas nas duas posições descritas acima.
- Duas meias-doses administradas sem desconectar o tubo endotraqueal do ventilador, inserindo o cateter através de uma válvula de sucção neonatal no tubo endotraqueal. As meias-doses foram administradas nas duas posições descritas acima.
Não houve diferenças significativas entre os três grupos em média de frações inspiradas de oxigênio (FiO2), oxigênio arterial-alveolar (a/APO2) ou pressão média das vias aéreas (MAP) até 72 horas de idade, ou na incidência de escapes de ar pulmonar, enfisema pulmonar intersticial, desobstrução do ducto arterial ou mortalidade até 72 horas de idade.
Técnica LISA
O método de administração LISA (Less Invasive Surfactant Administration ou Administração de Surfactante Menos Invasiva) foi avaliado em dois estudos multicêntricos e sete estudos de centro único. Um total de 745 bebês foram tratados com Beractanto via método LISA com um adicional de 583 bebês tratados com Beractanto via tubo endotraqueal como grupo controle. Todos os neonatos receberam uma dose de 100 mg/kg do peso ao nascer. As médias individuais do estudo variaram de 610 a 1865 gramas de peso de nascimento, e de 25,3 semanas a 32 semanas de idade gestacional. Os bebês tratados com CPAP e LISA tiveram uma redução na necessidade de ventilação mecânica, tempo de ventilação mecânica reduzido, necessidade reduzida de oxigênio, necessidade reduzida de analgésicos e sedativos e redução do risco de desenvolvimento de displasia broncopulmonar devido à SDR.
Efeitos Clínicos Agudos
Pode ocorrer notada melhora na oxigenação dentro de minutos após a administração de beractanto. Todos os estudos clínicos controlados com beractanto promoveram informações quanto aos efeitos agudos de beractanto sobre a razão de oxigênio arterial-alveolar (a/APO2), FiO2 pressão média das vias aéreas (MAP) durante as primeiras 48 a 72 horas de vida. Melhorias significativas destas variáveis foram sustentadas por 48 a 72 horas em bebês tratados com beractanto em quatro estudos de resgate de dose simples e dois estudos de resgate de doses múltiplas. Nos estudos de prevenção de dose simples, a FiO2 melhorou significativamente.
Referências Bibliográficas:
Caso haja interesse em conhecer as referências bibliográficas e/ou estudos clínicos disponíveis para este medicamento, por favor, entre em contato com a Central de Relacionamento – AbbVie Line através do telefone 0800 022 2843.
Características Farmacológicas
Descrição
Beractanto é uma suspensão estéril, não pirogênica, de surfactante pulmonar, para uso intratraqueal. É um extrato natural de pulmões bovinos, suplementado com três lipídios sintéticos derivados e proteínas associadas a surfactante, tais como o palmitato de colfoscerila (dipalmitoilfosfatidilcolina), ácido palmítico e tripalmitina para padronizar a composição e imitar as propriedades de diminuição de tensão superficial do surfactante natural dos pulmões. A composição resultante provê 25 mg/mL de fosfolipídeos e menos de 1,0 mg/mL de proteínas. Seu conteúdo de proteínas consiste de duas proteínas hidrofóbicas de baixo peso molecular, associadas ao surfactante, conhecidas como SP-B e SP-C. Não contém a proteína hidrofílica de alto peso molecular, conhecida como SP-A. Beractanto suspensão intratraqueal é apresentado como um líquido opaco esbranquiçado a marrom claro.
Farmacologia clínica
O surfactante pulmonar endógeno diminui a tensão da superfície alveolar durante a respiração, estabilizando os alvéolos contra colapsos em pressões transpulmonares no repouso. A deficiência do surfactante pulmonar causa a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) em neonatos prematuros. Beractanto repõe o surfactante e restabelece a atividade da superfície alveolar nos pulmões desses neonatos.
Atividade
In vitro, Beractanto diminui a tensão superficial mínima dos alvéolos para menos de 08 dinas/cm, conforme medido pelo surfactômetro de bolha pulsante e estabilizador de superfície Wilhelmy. In situ, Beractanto restabelece a complacência pulmonar em pulmões extirpados de ratos com deficiência de surfactante provocada artificialmente. In vivo, uma dose única de Beractanto melhora a medida da pressão-volume dos pulmões, a complacência pulmonar e a oxigenação em coelhos e ovelhas prematuros.
Metabolismo animal
Beractanto é administrado diretamente nos órgãos-alvos, os pulmões, onde o efeito biofísico ocorre na superfície alveolar. Em coelhos e cordeiros prematuros com deficiência de surfactante, a depuração alveolar de componentes lipídicos radiomarcados do Beractanto é rápida. A maioria das doses incorpora-se ao pulmão dentro de horas após a administração, e os lipídios seguem as mesmas vias de reutilização e reciclagem do surfactante endógeno. Em animais adultos surfactante-suficientes, a depuração do Beractanto é mais rápida do que em animais jovens e prematuros. Existe menos reutilização e reciclagem de surfactante em animais adultos. Experimentos limitados em animais não demonstraram efeitos do Beractanto no metabolismo do surfactante endógeno. Incorporação do precursor e subsequente secreção de fosfatidilcolina saturada em ovelhas prematuras não é alterada pelo tratamento com Beractanto.
Não há informação disponível sobre o metabolismo de proteínas associadas ao surfactante do Beractanto. O metabolismo em humanos não foi estudado.
Fontes consultadas
- Bula do Profissionaldo Medicamento Survanta®.
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