Bula do Livtencity
Princípio Ativo: Maribavir
Classe Terapêutica: Outros Antivirais, Exceto Produtos Anti-HIV
Livtencity, para o que é indicado e para o que serve?
Como o Livtencity funciona?
Livtencity é um medicamento de prescrição antiviral que contém o princípio ativo maribavir.
É utilizado no tratamento de adultos submetidos a um transplante de órgão ou medula óssea e que desenvolveram infecção por CMV (citomegalovírus) que não desapareceu ou voltou após tomar outro medicamento antiviral.
CMV é um vírus que muitas pessoas têm, sem sintomas e que normalmente, permanece no corpo e não causa danos. No entanto, se o sistema imune estiver enfraquecido após um transplante de órgão ou medula óssea, pode haver um risco alto de ficar doente por CMV.
Quais as contraindicações do Livtencity?
Não use Livtencity:
- Se você for alérgico ao maribavir ou a qualquer um dos outros ingredientes do medicamento.
- Se você estiver usando qualquer um desses medicamentos:
- Ganciclovir (utilizado para controlar infecção por CMV);
- Valganciclovir (utilizado para controlar infecção por CMV).
Você não deve tomar Livtencity se alguma das situações acima se aplicar a você. Caso tenha dúvidas, converse com seu(sua) médico(a), farmacêutico(a) ou enfermeiro(a) antes de usar Livtencity.
Como usar o Livtencity?
Sempre tome o medicamento exatamente como seu(sua) médico(a), farmacêutico(a) ou enfermeiro(a) lhe recomendou. Verifique com eles caso não tenha certeza.
A dose recomendada é de 400 mg duas vezes ao dia. Isto significa que você toma dois comprimidos de Livtencity 200 mg pela manhã e outros dois comprimidos de 200 mg à noite. Você pode tomar este medicamento com ou sem alimentos, como um comprimido inteiro ou um comprimido triturado.
Caso pare de tomar Livtencity
Mesmo se você se sentir melhor, não pare de usar Livtencity sem conversar com seu(sua) médico(a). Tomar Livtencity conforme recomendado deve dar a você a melhor chance de cessar a infecção e/ou doença por CMV.
Caso ainda tenha dúvidas sobre a utilização deste medicamento, fale com o seu(a) médico(a), farmacêutico(a) ou enfermeiro(a).
Siga a orientação de seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento.
Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico.
Este medicamento não deve ser mastigado.
O que devo fazer quando me esquecer de usar o Livtencity?
Se você perder uma dose e faltar menos de 3 horas para a próxima dose regular, pule a dose perdida e volte ao seu horário normal. Não tome uma dose dupla para compensar uma dose esquecida.
Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou de seu médico, ou cirurgião-dentista.
Quais cuidados devo ter ao usar o Livtencity?
Converse com seu(sua) médico(a) ou farmacêutico(a) antes de usar Livtencity se já estiver sendo tratado com ciclosporina, tacrolimo, sirolimo ou everolimo (medicamentos para prevenir a rejeição de transplantes).
Exames sanguíneos adicionais podem ser necessários para verificar os níveis sanguíneos destes medicamentos. Altos níveis destes medicamentos podem causar efeitos colaterais graves.
Crianças e adolescentes
Livtencity não é destinado para uso em crianças e adolescentes abaixo de 18 anos de idade, uma vez que Livtencity ainda não foi estudado nesse grupo etário.
Gravidez
Se você estiver grávida, achar que está grávida ou planejando engravidar, consulte seu(sua) médico(a) antes de administrar este medicamento. Livtencity não é recomendado durante a gravidez, uma vez que não foi estudado durante a gravidez e não se sabe se Livtencity causará danos a seu bebê enquanto você estiver grávida.
Amamentação
Se você estiver amamentando ou planejando amamentar, informe ao(à) seu(sua) médico(a). A amamentação não é recomendada enquanto estiver recebendo Livtencity. Isto porque não se sabe se Livtencity pode passar para o leite materno ou se isso afetaria o seu bebê.
Efeitos na capacidade de dirigir veículos e operar máquinas
Livtencity não tem influência na sua capacidade de dirigir ou operar máquinas.
Livtencity contém sódio
Esse medicamento contém menos de 1 mmol de sódio (23 mg) por comprimido, o que significa que é essencialmente ‘sem sódio’.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.
Quais as reações adversas e os efeitos colaterais do Livtencity?
Como todos os medicamentos, este medicamento pode causar efeitos colaterais, apesar que nem todos que tomam apresentam efeitos colaterais. Informe seu(sua) médico(a), farmacêutico(a) ou enfermeiro(a) se você observar quaisquer dos seguintes efeitos colaterais:
Muito comuns: podem afetar mais de 1 em 10 pessoas
Comuns: podem afetar até 1 em 10 pessoas
- Níveis sanguíneos aumentados de medicamentos utilizados para prevenir rejeições de transplantes.
- Dor no estômago (abdominal).
- Perda de apetite.
- Cefaleia (dor de cabeça).
- Perda de peso.
Atenção: este produto é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos. Nesse caso, informe seu médico ou cirurgião-dentista.
Apresentações do Livtencity
Comprimidos revestidos 200 mg
Embalagem com 28 ou 56 comprimidos.
Uso oral.
Uso adulto.
Qual a composição do Livtencity?
Cada comprimido revestido contém:
200 mg de maribavir.
Excipientes: Núcleo do comprimido: celulose microcristalina, amidoglicolato de sódio, estearato de magnésio.
Revestimento: álcool polivinílico, macrogol, dióxido de titânio, talco, azul brilhante 133 laca de alumínio.
Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Livtencity maior do que a recomendada?
Se você achar que usou mais Livtencity do que o recomendado, converse com o seu(sua) médico(a) imediatamente.
Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.
Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Livtencity com outros remédios?
Informe seu(sua) médico(a) ou farmacêutico(a) se você estiver tomando, tenha tomado recentemente ou se vier a tomar outro medicamento. Isto porque Livtencity pode afetar a forma que outros medicamentos funcionam e os outros medicamentos podem afetar como Livtencity funciona. O seu(sua) médico(a) ou farmacêutico(a) informará se é seguro tomar Livtencity com outros medicamentos.
Há alguns medicamentos que não devem ser administrados com Livtencity. Consulte a lista abaixo “Não administrar com Livtencity”.
Além disso, informe seu(sua) médico(a) se você estiver tomando qualquer um dos seguintes medicamentos, uma vez que seu(sua) médico(a) poderá ter de alterar seus medicamentos ou alterar as suas doses:
- Rifabutina, rifampicina – para tuberculose (TB) ou infecções relacionadas.
- Erva-de-São-João (Hypericum perforatum) - um medicamento vegetal para depressão e problemas do sono.
- Estatinas, como atorvastatina, fluvastatina, rosuvastatina, sinvastatina, pravastatina, pitavastatina – para colesterol alto.
- Carbamazepina, fenobarbitol, fenitoína – normalmente para ataques ou convulsões (epilepsia).
- Efavirenz, etravirina, nevirapina - utilizados para tratar infecção por HIV.
- Antiácido (suspensão oral de alumínio e hidróxido de magnésio) - para azia ou indigestão devido a excesso de ácido no estômago.
- Famotidina - para azia ou indigestão devido a excesso de ácido no estômago.
- Digoxina – medicamento cardíaco.
- Claritromicina - antibiótico.
- Cetoconazol e voriconazol – para infecções fúngicas.
- Diltiazem – medicamento cardíaco.
- Dextrometorfano - medicamento para tosse.
- Varfarina - anticoagulante.
- Contraceptivos esteroides orais - para controle de natalidade.
- Midazolam - utilizado como um sedativo.
Você pode perguntar a seu(sua) médico(a), farmacêutico(a) ou enfermeiro(a) sobre a lista completa de medicamentos que podem interagir com Livtencity.
Informe ao seu médico ou cirurgião dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento.
Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para a sua saúde.
Qual a ação da substância do Livtencity?
Resultados de Eficácia
Um estudo de superioridade ativa controlada, multicêntrico, randomizado, de fase 3 (Estudo SHP620-303) avaliou a eficácia e segurança do tratamento com maribavir em comparação com o tratamento atribuído pelo investigador (IAT) em 352 receptores de TCTH e TOS com infecções por CMV que eram refratárias a tratamento com ganciclovir, valganciclovir, foscarnet ou cidofovir, incluindo infecções por CMV com ou sem resistência confirmada a 1 ou mais agentes anti CMV. A infecção refratária por CMV foi definida como falha documentada em atingir uma redução de > 1 log10 no nível de DNA de CMV no sangue total ou no plasma após um período de tratamento de 14 dias ou mais com ganciclovir/valganciclovir oral, foscarnet intravenoso ou cidofovir intravenoso. Essa definição foi aplicada à infecção atual por CMV e ao agente anti-CMV administrado mais recentemente.
Os pacientes foram estratificados por tipo de transplante (TCTH ou TOS) e triagem dos níveis de DNA do CMV e, em seguida, randomizados em uma proporção de 2:1 para receber maribavir 400 mg duas vezes ao dia ou IAT (ganciclovir, valganciclovir, foscarnet ou cidofovir) para um período de tratamento de 8 semanas e uma fase de acompanhamento de 12 semanas.
A idade média dos indivíduos do estudo foi de 53 anos e a maioria dos indivíduos era do sexo masculino (61%), brancos (76%) e não hispânicos ou latinos (83%), com distribuições semelhantes nos dois braços de tratamento. As características da doença de linha de base estão resumidas na Tabela 1 abaixo.
Tabela 1: Resumo das características da doença na linha basal da população do estudo 303
Característicaa | IAT (N=117) |
Maribavir 400 mg duas vezes ao dia (N=235) |
IAT tratamento antes da randomização, n (%)c | ||
Ganciclovir/ Valganciclovir | 98 (84) | 204 (87) |
Foscarnet | 18 (15) | 27 (12) |
Cidofovir | 1 (1) | 4 (2) |
IAT tratamento após randomização, n (%) | ||
Foscarnet | 47 (41) | n/a |
Ganciclovir/ Valganciclovir | 56 (48) | n/a |
Cidofovir | 6 (5) | n/a |
Foscarnet+ Ganciclovir/Valganciclovir | 7 (6) | n/a |
Tipo de transplante, n (%) | ||
TCTH | 48 (41) | 93 (40) |
TOSd | 69 (59) | 142 (60) |
Rinse | 32 (46) | 74 (52) |
Pulmãoe | 22 (32) | 40 (28) |
Coraçãoe | 9 (13) | 14 (10) |
Múltiploe | 5 (7) | 5 (4) |
Fígadoe | 1 (1) | 6 (4) |
Pâncrease | 0 | 2 (1) |
Intestinoe | 0 | 1 (1) |
Categoria dos níveis de DNA do CMV, conforme relatado pelo laboratório central, n (%)f | ||
Alto | 7 (6) | 14 (6) |
Intermediário | 25 (21) | 68 (29) |
Baixo | 85 (73) | 153 (65) |
Infecção sintomática por CMV na linha basalg | ||
Não | 109 (93) | 214 (91) |
Simg | 8 (7) | 21 (9) |
Síndrome de CMV (Apenas TOS), n (%)e, g, h | 7 (88) | 10 (48) |
Doença invasiva dos tecidos, n (%)g, e, h | 1 (13) | 12 (57) |
CMV=citomegalovírus, DNA=ácido desoxirribonucleico, TCTH=transplante de células-tronco hematopoiéticas, IAT=tratamento anti-CMV designado pelo investigador, máx=máximo, mín=mínimo, N=número de pacientes, SD=desvio padrão, TOS=transplante de órgão sólido.
a A linha basal foi definida como o último valor na data ou antes da data da primeira dose do tratamento designado pelo estudo ou a data de randomização para pacientes que não receberam o tratamento designado pelo estudo.
b A idade foi calculada como a diferença entre a data de nascimento e a data do consentimento informado, cortado em anos.
c Percentuais baseados no número de indivíduos no conjunto randomizado dentro de cada coluna. Agente anti-CMV mais recente, usado para confirmar os critérios de elegibilidade refratários.
d O transplante mais recente. e Percentuais são baseados no número de pacientes dentro da categoria.
f A carga viral foi definida para análise pelos resultados de qPCR de DNA do CMV do plasma do laboratório central especializado da linha de base como alta (≥ 91.000 UI/mL), intermediária (≥ 9.100 e < 91.000 UI/mL) e baixa (< 9.100 UI/mL).
g Confirmado pelo Comitê de Adjudicação do Desfecho (CAE).
h Pacientes poderiam ter a síndrome do CMV e doença invasiva do tecido.
O desfecho primário de eficácia foi o clearance de viremia de CMV confirmado (concentração de DNA de CMV no plasma abaixo do limite inferior de quantificação (< LLOQ; ou seja, < 137 UI/mL)) na Semana 8, independentemente de qualquer tratamento atribuído ao estudo ter sido descontinuado antes do final do período estipulado de 8 semanas de terapia. O desfecho secundário chave foi a eliminação da viremia por CMV e o controle dos sintomas da infecção por CMV na Semana 8 com manutenção deste efeito do tratamento até a Semana 16 do Estudo. O controle dos sintomas da infecção por CMV foi definido como resolução ou melhora da doença invasiva do tecido ou síndrome de CMV para pacientes sintomáticos no início do estudo, ou sem novos sintomas para pacientes assintomáticos na linha basal.
Para o desfecho primário, o maribavir foi superior ao IAT (56% vs. 24%, respectivamente, p < 0,001). Para o desfecho secundário chave, 19% vs. 10% alcançaram o clearance de viremia por CMV e o controle dos sintomas de infecção por CMV no grupo maribavir e IAT, respectivamente (p=0,013) (Ver Tabela 2).
Tabela 2: Análise dos desfechos de eficácia primário e secundário principal (conjunto randomizado) no Estudo 303
IAT (N=117) n(%) |
Maribavir 400 mg duas vezes ao dia (N=235) n (%) |
|
Desfecho Primário: Resposta de Clearance de Viremia por CMV na Semana 8 | ||
Geral | ||
Responsivos | 28 (24) | 131 (56) |
Diferença ajustada na proporção de responsivos (IC 95%)a | 32,8 (22,8, 42,7) | |
Valor de p ajustadoa | < 0,001 | |
Principal Desfecho Secundário: Obtenção do Clearance de Viremia por CMV e Controle de Sintoma de Infecção por CMVb na Semana 8, com Manutenção até Semana 16b | ||
Geral | ||
Responsivos | 12 (10) | 44 (19) |
Diferença ajustada na proporção de responsivos (IC 95%)a | 9,45 (2,0, 16,9) | |
Valor de p ajustadoa | 0,013 |
IC=intervalo de confiança; CMV=citomegalovírus, TCTH=transplante de células-tronco hematopoiéticas, IAT=tratamento antiCMV designado pelo investigador, N=número de pacientes, TOS=transplante de órgão sólido.
a Uma abordagem de média ponderada de Cochran-Mantel-Haenszel foi usada para a diferença ajustada na proporção (maribavirIAT), o IC 95% correspondente e o valor de p após ajuste para o tipo de transplante e concentração plasmática basal de DNA de CMV.
b O controle de sintomas da infecção por CMV foi definido como resolução ou melhora de doença invasiva no tecido ou síndrome por CMV para pacientes sintomáticos no basal ou sem novos sintomas para pacientes que eram assintomáticos no basal.
O efeito do tratamento foi consistente entre o tipo de transplante, a faixa etária e a presença de síndrome de CMV/doença na linha basal. Entretanto, maribavir foi menos efetivo em indivíduos com níveis aumentados no DNA de CMV (≥ 50.000 UI/mL) e pacientes com ausência de resistência genotípica (vide tabela 3).
Tabela 3: Percentual de Responsivos por Subgrupo no Estudo 303
IAT (N=117) |
Maribavir 400 mg Duas vezes ao dia (N=235) |
|||
n/N | % | n/N | % | |
Tipo de transplante | ||||
TOS | 18/69 | 26 | 79/142 | 56 |
TCTH | 10/48 | 21 | 52/93 | 56 |
Carga viral basal de DNA de CMV | ||||
Baixa | 21/85 | 25 | 95/153 | 62 |
Intermediária/Alta | 7/32 | 22 | 36/82 | 44 |
Resistência genotípica a outros agentes anti-CMV | ||||
Sim | 14/69 | 20 | 76/121 | 63 |
Não | 11/34 | 32 | 42/96 | 44 |
Síndrome/ doença por CMV no basal | ||||
Sim | 1/8 | 13 | 10/21 | 48 |
Não | 27/109 | 25 | 121/214 | 57 |
Grupo etário | ||||
18 a 44 anos | 8/32 | 25 | 28/55 | 51 |
45 a 64 anos | 19/69 | 28 | 71/126 | 56 |
≥ 65 anos | 1/16 | 6 | 32/54 | 59 |
CMV=citomegalovírus, DNA=ácido desoxirribonucleico, TCTH=transplante de células-tronco hematopoiéticas, TOS=transplante de órgão sólido.
Recorrência
O desfecho secundário de recorrência de viremia por CMV foi relatado em 57% dos pacientes tratados com maribavir e em 34% dos pacientes tratados com IAT. Destes, 18% no grupo maribavir tiveram recorrência de viremia por CMV durante o tratamento em comparação com 12% no grupo IAT. A recorrência de viremia por CMV durante o seguimento foi observada em 39% dos pacientes no grupo maribavir e em 22% dos pacientes no grupo IAT.
Mortalidade geral
A mortalidade por todas as causas foi avaliada durante todo o período do estudo. Uma porcentagem semelhante de indivíduos em cada grupo de tratamento morreu durante o estudo (maribavir 11% [27/235]; IAT 11% [13/117]).
Braço resgate
Vinte e dois pacientes receberam maribavir como terapia resgate devido à piora de viremia por CMV ou infecções novas/ persistentes sintomáticas por CMV em 7 (31,8%) ou falta de melhora da infecção por CMV mais intolerância a IAT em 15 (68,2%) pacientes. Dos 22 pacientes, 11 (50,0%) pacientes obtiveram clearance de viremia por CMV confirmado na Semana 8 da fase de tratamento de resgate com maribavir e 11 (50,0%) pacientes foram não responsivos.
Características Farmacológicas
Propriedades Farmacodinâmicas
Mecanismo de Ação
Maribavir é um inibidor competitivo da proteína quinase UL97. A inibição do UL97 ocorre na fase de replicação do DNA viral, inibindo a serina/treonina quinase UL97 pela inibição competitiva da ligação do ATP ao local de ligação do ATP da quinase, sem afetar o processo de maturação do concatâmero, abolindo a fosfotransferase inibindo a replicação e maturação do DNA do CMV, encapsidação do DNA do CMV e egresso nuclear de DNA de CMV.
Atividade antiviral
Maribavir inibiu a replicação do CMV humano em ensaios de redução de rendimento de vírus, hibridização de DNA e redução em placa em células de fibroblastos de pulmão humano (MRC-5), rim embrionário humano (HEK) e fibroblastos de prepúcio humano (MRHF). Os valores de EC50 variaram de 0,03 a 2,2 µM, dependendo da linhagem celular e do ponto final do ensaio. A atividade antiviral de cultura de células do maribavir também foi avaliada contra isolados clínicos de CMV. Os valores medianos de EC50 foram 0,1 μM (n = 10, intervalo 0,03-0,13 μM) e 0,28 μM (n = 10, intervalo 0,12-0,56 μM) usando ensaios de hibridização de DNA e redução em placa, respectivamente. Nenhuma diferença significativa nos valores de EC50 entre os quatro genótipos de glicoproteína B de CMV humano (N = 2, 1, 4 e 1 para gB1, gB2, gB3 e gB4, respectivamente) foi observada.
Atividade antiviral combinada
Quando o maribavir foi testado em combinação in vitro com outros compostos antivirais, observou-se forte antagonismo com o ganciclovir.
Nenhum antagonismo foi observado em combinação com cidofovir, foscarnet e letermovir.
Resistência viral
Em Cultura de Células
Maribavir não afeta a polimerase de DNA codificada por UL54 que, quando apresenta determinadas mutações, confere resistência ao ganciclovir/valganciclovir, foscarnet e/ou cidofovir. As mutações conferindo resistência ao maribavir foram identificadas no gene UL97: L337M, F342Y, V353A, V356G, L397R, T409M, H411L/N/Y, D456N, V466G C480F, P521L e Y617del . Essas mutações conferem resistência que varia de 3,5 vezes a > 200 vezes de aumento nos valores de EC50. As variantes do gene UL27 (R233S, W362R, W153R, L193F, A269T, V353E, L426F, E22stop, W362stop, 218delC e 301-311del) conferiram apenas resistência leve ao maribavir (aumento < 5 vezes no EC50), enquanto L335P conferiu alta resistência ao maribavir.
Em Estudos Clínicos
Nos estudos 202 e 203 de fase 2, avaliando maribavir em 279 receptores de TCTH ou TOS, dados de genotipagem pUL97 após o tratamento de 23 de 29 pacientes que inicialmente obtiveram clearance de viremia e posteriormente apresentaram recidiva da infecção por CMV, enquanto em uso de maribavir, demonstraram 17 pacientes com mutações T409M ou H411Y e 6 pacientes com mutação C480F. Entre os 25 pacientes que não responderam a > 14 dias de terapia com maribavir, 9 tiveram mutações T409M ou H411Y e 5 pacientes tiveram mutação C480F. A genotipagem pUL27 adicional foi realizada em 39 pacientes no Estudo 202 e 43 pacientes no Estudo 203. A única substituição de aminoácido associada com resistência no pUL27 que não foi detectada no basal foi G344D. A análise fenotípica de recombinantes pUL27 e pUL97 demonstrou que mutações pUL97 T409M, H411Y e C480F conferiram aumentos 78 vezes, 15 vezes e 224 vezes, respectivamente, no EC50 de maribavir em comparação com a cepa tipo selvagem, enquanto a mutação pUL27 G344D não demonstrou conferir resistência ao maribavir em comparação com a cepa tipo selvagem.
Na Fase 3, o Estudo 303 avaliando maribavir em pacientes com resistência fenotípica ao valganciclovir/ganciclovir, a análise da sequência de DNA de todas as regiões codificadoras de pUL97 e pUL27 foi realizada em 134 sequências pareadas de pacientes tratados com maribavir. As substituições de pUL97 emergentes do tratamento F342Y (4,5 vezes), T409M (78 vezes), H411L/N/Y (69, 9 e 12 vezes, respectivamente) e/ou C480F (224 vezes) foram detectados em 60 indivíduos e foram associados à não resposta (47 indivíduos foram insucessos no tratamento e 13 indivíduos foram reincidentes). Um indivíduo com a substituição pUL27 L193F (suscetibilidade reduzida em 2,6 vezes ao maribavir) no início do estudo não atingiu o desfecho primário. Além disso, as seguintes mutações múltiplas foram associadas à não resposta; F342Y+T409M+H411N (78 vezes), C480F+H411L+H411Y (224 vezes), F342Y+H411Y (56 vezes), T409M+C480F (224 vezes) e H411Y+C480F (224 vezes).
Resistência Cruzada
Foi observada resistência cruzada entre maribavir e ganciclovir/valganciclovir (vGCV/GCV) em cultura de células e em estudos clínicos. Na Fase 3 do Estudo 303, um total de 44 pacientes no braço de maribavir teve um tratamento emergente de substituição associada a resistência (RAS) ao tratamento atribuído pelo investigador (IAT). Destes, 24 tinham C480F ou F342Y RAS emergente ao tratamento, ambos são resistentes ao ganciclovir/valganciclovir e maribavir. Desses 24 pacientes, 1 (0,04%) atingiu o desfecho primário. No geral, apenas oito desses 44 pacientes atingiram o desfecho primário. pUL97 vGCV/GCV substituições associadas à resistência F342S/Y, K355del, V356G, D456N, V466G, C480R, P521L e Y617del reduzem a suscetibilidade ao maribavir > 4,5 vezes. Outras vias de resistência a vGCV/GCV não foram avaliadas quanto à resistência cruzada ao maribavir. As substituições de polimerase de DNA pUL54 que conferem resistência a vGCV/GCV, cidofovir ou foscarnet permaneceram suscetíveis ao maribavir.
As substituições pUL97 F342Y e C480F são substituições associadas à resistência emergente do tratamento com maribavir que conferem suscetibilidade > 1,5 vezes reduzida ao vGCV/GCV, uma redução de vezes que está associada à resistência fenotípica ao vGCV/GCV. O significado clínico desta resistência cruzada ao vGCV/GCV para estas substituições não foi determinado. O vírus resistente ao maribavir permaneceu suscetível ao cidofovir e foscarnet. Além disso, não há relatos de quaisquer substituições associadas à resistência ao pUL27 maribavir sendo avaliadas para resistência cruzada a vGCV/GCV, cidofovir ou foscarnet. Dada a falta de substituições associadas à resistência para esses medicamentos mapeados para pUL27, não é esperada resistência cruzada para substituições de pUL27 maribavir.
Propriedades Farmacocinéticas
A atividade farmacológica de maribavir é devida ao medicamento de origem. A farmacocinética de maribavir foi caracterizada após a administração oral em indivíduos sadios e pacientes transplantados. A exposição ao maribavir aumentou aproximadamente proporcionalmente à dose. Em indivíduos sadios, a média geométrica no estado de equilíbrio nos valores de AUC0-τ, Cmáx e Cconcentração mínima antes da próxima dose foram 101 µg*h/mL, 16,4 µg/mL e 2,89 µg/mL, respectivamente, após doses orais de 400 mg duas vezes ao dia de maribavir.
Em receptores de transplante, a exposição ao maribavir no estado de equilíbrio após administração oral de doses de 400 mg duas vezes ao dia é fornecida abaixo, com base em uma análise farmacocinética populacional. O estado de equilíbrio foi atingido em 2 dias, com uma razão de acúmulo de 1,47 para AUC e 1,37 para Cmax. A variabilidade intraindividual (< 22%) e a variabilidade interindividual (< 37%) nos parâmetros farmacocinéticos de maribavir são baixas a moderadas.
Tabela 4: Propriedades farmacocinéticas do maribavir com base em uma análise farmacocinética populacional
Parâmetro GM (% CV) | AUC0- tau µg*h/mL |
Cmax µg/mL | Cconcentração mínima antes da próxima dose µg/mL |
Maribavir 400 mg duas vezes ao dia | 128 (50,7%) | 17,2 (39,3%) | 4,90 (89,7%) |
GM: Média geométrica, % CV: Coeficiente geométrico de variação.
Absorção
Maribavir foi rapidamente absorvido com concentrações plasmáticas de pico ocorrendo 1,0 a 3,0 horas após a dose. A exposição ao maribavir não é afetada ao se esmagar o comprimido, administrar o comprimido esmagado através de tubo nasogástrico (NG)/ orogástrico ou na administração concomitante com inibidores da bomba de próton (IBP), antagonistas do receptor H2 histamina (bloqueadores H2) ou antiácidos.
A variabilidade intraindivíduo (< 22%) e variabilidade interindivíduo (< 37%) nos parâmetros PK (farmacocinéticos) de maribavir são baixas a moderadas.
Efeito do Alimento
Em indivíduos sadios, a administração oral de uma dose única de 400 mg de maribavir com refeição rica em gordura não teve qualquer efeito estatisticamente significante na exposição geral (AUC) e resultou em 28% de diminuição na Cmax de maribavir, o que não foi considerado clinicamente relevante.
Distribuição
Com base na análise farmacocinética populacional, a média aparente no volume de distribuição no estado de equilíbrio é estimada como sendo 27,3 L.
A ligação in vitro de maribavir às proteínas plasmáticas humanas foi 98,0% ao longo do intervalo de concentração de 0,05-200 μg/mL. A ligação ex vivo de maribavir às proteínas (98,5%-99,0%) foi consistente com os dados in vitro, sem diferença aparente observada entre indivíduos sadios, indivíduos com comprometimento hepático (moderado) ou renal (leve, moderado ou grave), pacientes com o vírus da imunodeficiência humana ou pacientes transplantados.
Maribavir pode atravessar a barreira hematoencefálica em humanos, mas espera-se que a penetração no SNC seja baixa em comparação com os níveis plasmáticos.
Os dados in vitro indicam que o maribavir é um substrato da glicoproteína-P (P-gp), proteína de resistência ao câncer da mama (BCRP) e transportador de cátions orgânicos 1 (OCT1). As alterações nas concentrações plasmáticas de maribavir devido à inibição de P-gp/BCRP/OCT1 não foram clinicamente relevantes.
Biotransformação
Maribavir é eliminado principalmente pelo metabolismo hepático via CYP3A4 (via metabólica primária – fração metabolizada estimada como sendo pelo menos 35%), com contribuição secundária de CYP1A2 (fração metabolizada estimada como não mais que 25%). O principal metabólito de maribavir é formado por N-dealquilação da porção isopropil e é considerado como farmacologicamente inativo. A razão metabólica para esse metabólito principal no plasma foi 0,15-0,20. Múltiplas enzimas UGT, nomeadamente UGT1A1, UGT1A3, UGT2B7 e possivelmente UGT1A9, estão envolvidas na glucuronidação de maribavir em humanos, no entanto, a contribuição da glucuronidação para a depuração global de maribavir é baixa com base em dados in vitro.
Em estudos in vitro, o metabolismo de maribavir não foi mediado por CYP2B6, CYP2C8, CYP2C9, CYP2C19, CYP3A5, 1A4, UGT1A6, UGT1A10 ou UGT2B15.
Eliminação
A meia-vida de eliminação terminal e clearance oral de maribavir são 4,3 horas e 2,9 L/h, respectivamente, em pacientes transplantados. Após a administração de dose única oral de [14C]-maribavir, aproximadamente 61% e 14% da radioatividade foram recuperadas na urina e fezes, respectivamente, principalmente como o metabólito principal e inativo. A excreção urinária de maribavir inalterado é mínima.
Populações Especiais
Insuficiência Renal
Nenhum efeito clinicamente significativo de insuficiência renal leve, moderada ou grave (depuração de creatinina medida variando de 12 a 70 mL/min) foi observado nos parâmetros farmacocinéticos totais de maribavir após uma dose única de 400 mg de maribavir. A diferença nos parâmetros farmacocinéticos do maribavir entre indivíduos com insuficiência renal leve/moderada ou grave e indivíduos com função renal normal foi < 9%. Como o maribavir está fortemente ligado às proteínas plasmáticas, é improvável que o maribavir seja removido de forma significativa por hemodiálise ou diálise peritoneal.
Insuficiência Hepática
Nenhum efeito clinicamente significativo de insuficiência hepática moderada (Child-Pugh Classe B, escore de 7-9) foi observado nos parâmetros farmacocinéticos de maribavir totais ou não ligados após uma dose única de 200 mg de maribavir. Em comparação com indivíduos saudáveis de controle, AUC e Cmáx foram 26% e 35% maiores, respectivamente, em indivíduos com insuficiência hepática moderada. Não se sabe se a exposição ao maribavir aumentará em pacientes com insuficiência hepática grave.
Idade, Gênero, Raça, Etnia e Peso
Idade (18-79 anos), gênero, raça (caucasiana, negra, asiática ou outras), etnia (hispânica/latina ou não hispânica/não latina) e peso corporal (36 a 141 kg) não tiveram efeito clinicamente significativo na farmacocinética de maribavir com base na análise de farmacocinética na população.
Tipos de Transplante
Os tipos de transplante (TCTH vs. TOS) ou entre tipos de TOS (fígado, pulmão, rim ou coração) ou presença de doença do enxerto contra o hospedeiro (GvHD) gastrointestinal (GI) não tem impacto clinicamente significativo na farmacocinética de maribavir.
Dados pré-clínicos de segurança
Geral
Anemia regenerativa e hiperplasia de célula de mucosa no trato intestinal, observadas com desidratação foram notadas em ratos e macacos, em conjunto com observações clínicas de fezes moles à líquidas e a alterações de eletrólitos (apenas em macacos). Um nível sem efeito adverso observado (NOAEL) não foi estabelecido em macacos e foi < 100 mg/kg/dia, que é aproximadamente 0,25 da exposição humana na dose humana recomendada (DHR). Em ratos, o NOAEL foi 25 mg/kg/dia, em exposições que foram 0,05 e 0,1 vezes a exposição na DHR em machos e fêmeas, respectivamente.
Maribavir não demonstrou fototoxicidade in vitro, portanto, o potencial para fototoxicidade em humanos é considerado improvável.
Maribavir foi detectado em níveis baixos no plexo coroide de camundongos e no cérebro e CSF de macacos.
Carcinogênese
Não foi identificado potencial carcinogênico em ratos até 100 mg/kg/dia, nos quais as exposições em machos e fêmeas foram 0,2 e 0,36 vezes, respectivamente, a exposição em humanos na dose humana recomendada. Em camundongos machos, uma elevação suspeita na incidência de hemangioma, hemangiossarcoma e hemangioma/ hemangiossarcoma combinados em diversos tecidos na dose de 150 mg/kg/dia é de relevância incerta em termos da sua tradução para risco em humanos, considerando a ausência de um efeito em camundongos fêmeas ou em ratos após 104 semanas de administração, a ausência de efeitos neoplásicos proliferativos em camundongos machos e fêmeas após 13 semanas de administração, o pacote de genotoxicidade negativo e a diferença na duração de administração em humanos. Não houve achados carcinogênicos na próxima dose mais baixa de 75 mg/kg/dia, que é aproximadamente 0,35 e 0,25 em machos e fêmeas, respectivamente, a exposição em humanos na dose humana recomendada.
Mutagêneses
Maribavir não foi mutagênico em um ensaio de mutação bacteriana, nem clastogênico no ensaio de micronúcleo na medula óssea. Em ensaios de linfoma em camundongo, maribavir demonstrou potencial mutagênico na ausência da ativação metabólica e os resultados foram incertos na presença da ativação metabólica. No geral o peso da evidência indica que maribavir não exibe potencial genotóxico.
Reprodução
Fertilidade
No estudo combinado de fertilidade e desenvolvimento embriofetal em ratos, não houve efeitos de maribavir na fertilidade. No entanto, em ratos machos, foram observadas diminuições na velocidade do esperma em linha reta, em doses ≥ 100 mg/kg/dia (que é estimada como sendo menor do que a exposição em humanos na dose humana recomendada), mas sem qualquer impacto na fertilidade masculina.
Desenvolvimento pré-natal e pós-natal
Em um estudo combinado de fertilidade e desenvolvimento embriofetal em ratos, maribavir não foi teratogênico e não teve efeito no crescimento e desenvolvimento embriofetal em doses até 400 mg/kg/dia. Uma redução no número de fetos viáveis devido ao aumento nas reabsorções precoces e perdas após implantação foi observada em fêmeas em todas as doses testadas de maribavir que também foram tóxicas para a mãe. A dose mais baixa correspondeu a aproximadamente metade da exposição humana no DHR. No estudo de toxicidade de desenvolvimento pré e pós-natal realizado em ratos, observou-se diminuição da sobrevida dos filhotes devido a cuidados maternos inadequados e ganho de peso corporal reduzido associado a um atraso nos marcos do desenvolvimento (descolamento do pavilhão auricular, abertura ocular e separação prepucial) com doses de maribavir ≥ 150 mg/kg/dia. O desenvolvimento pós-natal não foi afetado com 50 mg/kg/dia. A fertilidade e o desempenho de acasalamento da geração F1 e sua capacidade de manter a gravidez e gerar descendentes vivos não foram afetados até 400 mg/kg/dia.
Em coelhos, o maribavir não foi teratogênico em doses de até 100 mg/kg/dia (aproximadamente 0,45 vezes a exposição humana no DHR).
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O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 7 de Dezembro de 2024.
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