Anfotericina B é indicado para o tratamento de candidíase invasiva grave e também como terapia de segunda linha para o tratamento de infecções fúngicas sistêmicas graves em pacientes que não responderam à Anfotericina B convencional ou outros agentes antifúngicos sistêmicos, naqueles que apresentam comprometimento renal ou outras contraindicações à...
Anfotericina B é indicado para o tratamento de candidíase invasiva grave e também como terapia de segunda linha para o tratamento de infecções fúngicas sistêmicas graves em pacientes que não responderam à Anfotericina B convencional ou outros agentes antifúngicos sistêmicos, naqueles que apresentam comprometimento renal ou outras contraindicações à Anfotericina B convencional ou em pacientes que desenvolveram nefrotoxicidade associada à Anfotericina B. O tratamento com Anfotericina B é indicado como tratamento de segunda linha para aspergilose invasiva, meningite criptocócica e criptococose disseminada em pacientes com HIV, leishmaniose cutânea e visceral em pacientes com HIV, fusariose, coccidiomicose, paracoccidioidomicose, histoplasmose, zigomicose e blastomicose.
Anfotericina B é contraindicado para pacientes com hipersensibilidade conhecida à Anfotericina B ou a qualquer componente da formulação, a não ser que, na opinião do médico, o benefício do tratamento supere o risco de hipersensibilidade.
Anfotericina B é um medicamento classificado na categoria de risco C na gravidez. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.
Ao iniciar o tratamento pela primeira vez, uma dose teste de Anfotericina B deve ser administrada imediatamente antes da primeira infusão.
O medicamento Anfotericina B é estéril, portanto, as técnicas de assepsia e antissepsia devem ser rigorosamente observadas durante todo o manuseio do produto, uma vez que a formulação de Anfotericina B não contém nenhum agente conservante microbiológico.
Não usar a mistura após a diluição com solução glicosada a 5% se houver qualquer evidência de substância estranha. Os frascos devem ser usados uma única vez. O material não aproveitado deve ser descartado. Deve-se observar rigorosamente a técnica asséptica durante todo o período de manipulação do Anfotericina B.
Cuidado: não diluir com soluções salinas. Não misturar com outros medicamentos ou eletrólitos, uma vez que a compatibilidade de Anfotericina B com esses produtos não foi estabelecida. O acesso intravenoso existente deve ser lavado com solução glicosada a 5% antes da infusão de Anfotericina B, ou um acesso separado deve ser usado para a infusão. Não usar um filtro de linha.
A suspensão diluída, pronta para o uso, é estável por até 48 horas de 2ºC à 8ºC e por um período adicional de 6 horas em temperatura ambiente.
Não há estudos de Anfotericina B administrado por vias não recomendadas. Portanto, por segurança e eficácia deste medicamento, a administração deve ser somente por via intravenosa.
Atenção: não substitua a prescrição de Anfotericina B por outra formulação de Anfotericina B, uma vez que as formulações de Anfotericina B disponíveis no mercado apresentam doses e métodos de administração diferentes e, portanto, não são intercambiáveis.
A dose diária recomendada para adultos e crianças (incluindo neonatos prematuros) é de 1,0 a 5,0 mg/kg/dia, em uma única infusão a uma taxa de 2,5 mg/kg/h. Para infecções fúngicas do sistema nervoso central (SNC), o tempo de tratamento é de 2 a 6 semanas dependendo da resposta clínica.
No caso de infecções sistêmicas graves a duração do tratamento deve ser de no mínimo 14 dias.
A terapia usualmente é instituída a uma dose de 1,0 mg/kg/dia, podendo ser aumentada até 5,0 mg/kg/dia conforme a necessidade do paciente.
Poderá ser usada a dose de 3 mg/kg/dia por 5 a 10 dias.
A dose recomendada é de 2,0 a 5,0 mg/kg/dia.
Pacientes idosos devem ser tratados comparando as doses recomendadas e o peso corporal.
Anfotericina B pode ser administrado em pacientes diabéticos em doses comparáveis às doses recomendadas considerando o peso corporal do paciente.
Infecções fúngicas sistêmicas em pacientes com insuficiência renal ou hepática foram tratadas com Anfotericina B com dose comparável à dose recomendada considerando o peso corporal do paciente.
Infecções fúngicas sistêmicas foram tratadas com sucesso com Anfotericina B em pacientes pediátricos com idade entre 1 mês e 16 anos com doses comparáveis às doses recomendadas para adultos, considerando o peso corporal do paciente.
Não há dados suficientes disponíveis sobre eficácia e segurança em bebês com idade inferior a um mês.
Não há dados disponíveis sobre eficácia e segurança do uso de Anfotericina B em recém-nascidos prematuros sofrendo de infecções fúngicas devido a espécies de aspergillus.
Como todos os medicamentos, Anfotericina B pode causar efeitos indesejáveis, embora nem todos os apresentem.
As reações adversas mais comumente relatadas em estudos clínicos controlados e abertos foram calafrios (16%),aumento de creatinina sérica (13%), pirexia (10%), hipocalemia (9%), náusea (7%) e vômito (6%).
Trombocitopenia.
Resposta anafilática.
Hiperbilirrubinemia, distúrbio eletrolítico (incluindo hipocalemia, hipercalemia e hipomagnesemia).
Cefaleia, tremor.
Convulsão, neuropatia.
Taquicardia, arritmias cardíacas.
Parada cardiorrespiratória.
Hipertensão, hipotensão.
Choque.
Dispneia, asma.
Insuficiência respiratória.
Broncoespasmo.
Náusea, vômito, dor abdominal.
Alteração de testes de função hepática.
Rash cutâneo.
Prurido.
Dermatite esfoliativa.
Mialgia.
Deficiência renal (incluindo insuficiência renal).
Hipostenúria, acidose tubular renal, diabetes insipidus nefrogênico.
Calafrios, pirexia.
Reação no local de administração.
Aumento de creatinina sérica.
Aumento sanguíneo da fosfatase alcalina, uremia.
Reações de hipersensibilidade à infusão foram associadas a dor abdominal, náusea, vômito, mialgia, prurido, rash maculopapular, pirexia, hipotensão, choque, broncoespasmo, insuficiência respiratória, dor no peito e em certos pacientes uma diminuição na saturação de oxigênio e cianose.
Testes de função hepática anormais foram relatados após o uso de Anfotericina B e outros medicamentos contendo Anfotericina B associado a outros fatores, tais como infecção, hiperalimentação, administração concomitante com fármacos hepatotóxicos e doença do enxerto contra o hospedeiro.
As reações adversas observadas em pacientes pediátricos e adolescentes são semelhantes às observadas em pacientes adultos.
Em um estudo randomizado controlado incluindo pacientes com idade superior a 65 anos, o perfil de reações adversas foi semelhante ao observado em adultos com idade inferior a 65 anos. Exceções importantes foram hipercreatinemia e dispneia, que foram observadas com maior frequência em pacientes com idade superior a 65 anos tanto com uso de Anfotericina B quanto com o uso de Anfotericina B.
Em caso de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária - Notivisa, disponível em www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.
Não foram conduzidos estudos formais de interação de Anfotericina B com outros fármacos. Entretanto, quando administrados concomitantemente, os fármacos descritos abaixo são conhecidos por interagir com a Anfotericina B, podendo assim, interagir com Anfotericina B.
O uso simultâneo de agentes antineoplásicos e Anfotericina B pode aumentar o potencial para toxicidade renal, broncoespasmo e hipotensão. Deve-se ter muito cuidado quando da administração concomitante de agentes antineoplásicos e Anfotericina B.
O uso concomitante de corticosteroides ou corticotropina com Anfotericina B pode potencializar a hipocalemia, podendo predispor o paciente à disfunção cardíaca; se usados concomitantemente com Anfotericina B, os eletrólitos séricos e a função cardíaca devem ser estreitamente monitorados.
Dados de interação medicamentosa de medicamentos contendo Anfotericina B indicam que pacientes recebendo Anfotericina B concomitantemente com altas doses de ciclosporina A apresentaram aumento da creatinina sérica, causada por administração simultânea destes dois fármacos. No entanto, Anfotericina B mostrou ser menos nefrotóxico do que a Anfotericina B convencional.
O uso concomitante com Anfotericina B pode induzir hipocalemia e potencializar a toxicidade digitálica. Quando administrados concomitantemente com Anfotericina B, os níveis séricos de potássio devem ser estreitamente monitorados.
O uso concomitante de flucitosina com preparações contendo Anfotericina B pode aumentar a toxicidade da flucitosina por uma possível elevação da sua captação celular e/ou comprometimento da sua excreção renal. Deve-se ter cautela na administração concomitante da flucitosina com Anfotericina B.
Antagonismo entre Anfotericina B e derivados imidazólicos tais como miconazol e cetoconazol, que inibem a síntese de ergosterol, foi reportado tanto em estudos in vitro quanto em animais in vivo. A importância clínica destes achados não foi determinada.
O uso simultâneo de Anfotericina B e agentes tais como aminoglicosídeos e pentamidina podem aumentar o potencial de toxicidade renal droga-induzida. O uso simultâneo de Anfotericina B e aminoglicosídeos ou pentamidina requer muito cuidado. Recomenda-se monitoração intensiva da função renal em pacientes que requeiram qualquer combinação de medicamentos nefrotóxicos.
A hipocalemia induzida pela Anfotericina B pode aumentar o efeito curarizante dos relaxantes músculos-esqueléticos (tubocurarina, por exemplo). Quando administrados simultaneamente com Anfotericina B, os níveis de potássio sérico devem ser monitorados a intervalos frequentes.
Mielotoxicidade exacerbada e nefrotoxicidade foram observadas em cães que receberam administração simultânea de Anfotericina B (1,5 ou 5,0 mg/kg/dia) e zidovudina durante 30 dias. Ao se usar zidovudina e Anfotericina B simultaneamente, as funções renais e hematológicas devem ser monitoradas a intervalos frequentes.
Toxicidade pulmonar aguda foi relatada em pacientes recebendo Anfotericina B convencional e transfusões de leucócitos. Não se deve administrar, ao mesmo tempo, transfusões de leucócitos e Anfotericina B.
Foram relatados casos de anafilaxia com desoxicolato de Anfotericina B e outros produtos que contêm Anfotericina B. Casos de anafilaxia foram relatados após uso de Anfotericina B com incidência inferior a 0,1%. Caso ocorra dificuldade respiratória grave, a infusão deve ser suspensa imediatamente; o paciente não deve receber outras infusões de Anfotericina B.
Assim como com qualquer produto que contenha Anfotericina B, a administração inicial de Anfotericina B deve ser realizada sob observação clínica estriita por profissionais com treinamento adequado.
Reações relacionadas à infusão, incluindo pirexia e calafrios, relatadas após a administração de Anfotericina B são geralmente leves ou moderadas, e são normalmente relatadas durante os dois primeiros dias de administração. Tais reações geralmente diminuem após alguns dias de tratamento e devem ser consideradas medidas cautelares de prevenção ou tratamento dessas reações para pacientes em tratamento com Anfotericina B. Tratamento com dose diária de ácido acetilsalicílico, antipiréticos, anti-histamínicos e antieméticos foi relatado como bem sucedido na prevenção ou tratamento destas reações. A infusão foi raramente associada a casos de hipotensão, broncoespasmo, arritmias, choque, dor no peito e, em certos pacientes, uma diminuição na saturação de oxigênio e cianose.
Anfotericina B não deve ser utilizado para tratamento de infecções fúngicas comuns, superficiais ou infecções fúngicas somente detectáveis a partir de testes cutâneos ou sorológicos.
Os níveis de creatinina sérica devem ser monitorados a intervalos frequentes durante a terapia com Anfotericina B. É também recomendável o monitoramento regular da função hepática, eletrólitos séricos (particularmente magnésio e potássio) e hemograma completo.
Pacientes que iniciaram o tratamento com Anfotericina B com altos níveis de creatinina sérica (> 2,5 mg/dL) apresentaram decréscimo estatisticamente significativo (p ≤ 0,0003) no nível sérico de creatinina a partir da condição basal nas semanas 1 à 6 do tratamento com Anfotericina B.
Não foram realizados estudos de longo prazo, em animais, para avaliar o potencial carcinogênico de Anfotericina B.
Para avaliar o potencial mutagênico de Anfotericina B foram conduzidos os seguintes estudos in vitro (com e sem ativação metabólica) e in vivo: ensaio de mutação reversa bacteriana, ensaio de mutação de progressão do linfoma em camundongo, ensaio de aberração cromossômica em células CHO e ensaio in vivo de micronúcleos em camundongo. Anfotericina B não apresentou efeitos mutagênicos em quaisquer dos ensaios. Os estudos demonstraram que Anfotericina B não teve qualquer impacto sobre a fertilidade dos ratos machos e fêmeas, em doses até 0,32 vezes a dose humana recomendada (com base no parâmetro área de superfície corporal).
Estudos sobre a reprodução em ratos e coelhos, com doses até 0,64 vezes a dose humana, não revelaram danos aos fetos. Uma vez que os estudos sobre a reprodução, em animais, não são sempre preditivos da resposta humana e como não foram realizados estudos adequados e bem controlados em mulheres grávidas, Anfotericina B somente deve ser utilizado durante a gravidez se os benefícios do tratamento superem os riscos à mãe e ao feto.
Não se sabe se Anfotericina B é excretado no leite materno. Como muitos fármacos são excretados no leite humano e tendo em vista o potencial de reações adversas graves relacionadas ao uso de Anfotericina B em lactentes alimentados ao seio, deve-se decidir entre a suspensão da amamentação ou o uso do fármaco, levando em conta a necessidade do tratamento.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.
Anfotericina B é um medicamento classificado na categoria de risco C na gravidez.
Quarenta e nove pacientes idosos, com idade acima de 65 anos, foram tratados com Anfotericina B na dose de 5 mg/kg/dia, em dois estudos abertos e em um estudo de grupo único, prospectivo e menor. Nenhum evento adverso grave inesperado foi relatado.
Cento e onze crianças (2 foram recrutadas duas vezes e contadas como pacientes separados), com idades de 16 anos ou menos, onze das quais tinham menos de 1 ano, foram tratadas com Anfotericina B, na dose de 5 mg/kg/dia, em dois estudos abertos e em um pequeno estudo prospectivo de braço único. Em um estudo monocêntrico, 5 crianças com candidíase hepatoesplênica foram tratadas eficazmente com 2,5 mg/kg/dia de Anfotericina B. Não foram reportados eventos adversos graves inesperados. Anfotericina B foi estudado em neonatos e foi constatado que o medicamento é seguro e eficaz no tratamento nesta faixa etária com candidíase invasiva na dosagem de 2,5 mg/kg/dia a 5 mg/kg/dia. Os resultados deste estudo indicaram que não há diferença na disposição de Anfotericina B em neonatos e grupos de outras idades.
Os efeitos do Anfotericina B sobre a capacidade de dirigir e operar máquinas não foi estudado.
Algumas das reações adversas de Anfotericina B podem alterar a capacidade do paciente de dirigir e operar máquinas. No entanto, a condição clínica da maioria dos pacientes tratados com Anfotericina B não permite dirigir e operar máquinas.
Duzentos e oitenta e dois pacientes refratários ou intolerantes à Anfotericina B convencional, ou para os quais esta mostrou-se nefrotóxica, portadores de aspergiloses (n=111), candidíases (n=87), zigomicoses (n=25), criptococoses (n=16), fusarioses (n=11) e outras infecções fúngicas, foram tratados com Anfotericina B em três estudos abertos. Os resultados destes estudos demonstraram a efetividade de Anfotericina B no tratamento de infecções fúngicas invasivas.
Pacientes com aspergilose que iniciaram o tratamento com Anfotericina B com níveis de creatinina sérica acima de 2,5 mg/dL apresentaram declínio do nível deste parâmetro durante o tratamento (Figura 1). Em um estudo retrospectivo de controle os níveis de creatinina sérica de pacientes tratados com Anfotericina B apresentaram-se mais baixos quando comparados com os níveis dos pacientes tratados com Anfotericina B convencional (Figura 1).
Figura 1: Alterações do nível médio de creatinina sérica ao longo do tempo Pacientes com aspergilose e creatinina sérica > 2,5 mg/dL na condição basal
[ ] = Número de pacientes em cada ponto de tempo.
Nota: As curvas não representam a evolução clínica de um paciente, mas sim a evolução clínica de uma coorte de pacientes em um estudo aberto.
Figura 2: Alterações do nível médio de creatinina sérica ao longo do tempo Pacientes com infecções fúngicas e creatinina sérica > 2,5 mg/dL na condição basal
[ ] = Número de pacientes em cada ponto de tempo.
Nota: As curvas não representam a evolução clínica de um paciente, mas sim a evolução clínica de uma coorte de pacientes em um estudo aberto.
Em um estudo randomizado de Anfotericina B para o tratamento de candidíase invasiva em pacientes com função renal normal ao início do estudo, a incidência de nefrotoxicidade foi significativamente menor no grupo tratado com Anfotericina B na dose de 5 mg/kg/dia do que no grupo tratado com Anfotericina B convencional na dose de 0,7 mg/kg/dia.
Apesar de geralmente observar-se menor nefrotoxicidade de Anfotericina B na dose de 5 mg/kg/dia quando comparado com terapia com Anfotericina B convencional na dose de 0,6-1,0 mg/kg/dia, é possível, ainda assim, verificar-se toxicidade renal dose-limitante com Anfotericina B. A toxicidade renal de doses superiores a 5 mg/kg/dia de Anfotericina B não foi formalmente estudada.
Grupo Farmacoterapêutico: Antimicóticos para Uso Sistêmico.
Código ATC: J02AA01.
Anfotericina B é uma suspensão estéril, apirogênica, para infusão intravenosa.
Anfotericina B consiste de Anfotericina B complexada com dois fosfolipídios em razão molar de fármaco-lipídio de 1:1. Os dois fosfolipídios, L-α-dimiristoilfosfatidilcolina (DMPC) e L-α-dimiristoilfosfatidilglicerol (DMPG), estão presentes em razão molar de 7:3. Anfotericina B é uma suspensão amarela e opaca, com pH entre 5 e 7.
Nota: A encapsulação lipossomal ou a incorporação em um complexo lipídico pode afetar substancialmente as propriedades funcionais do fármaco, em comparação às propriedades do fármaco não encapsulado ou não complexado a lipídios. Adicionalmente, diferentes produtos lipossomais ou complexos lipídicos diferentes, com um mesmo princípio ativo, podem diferir na composição química e na forma física do componente lipídico. Tais diferenças podem afetar as propriedades funcionais dos medicamentos.
[1R-(1R*,3S*,5R*,6R*,9R*,11R*,15S*,16R*,17R*,18S*,19E,21E,23E,25E,27E,29E,31E,33R*,35S*, 36R*,37S*)]-33-[(3-Amino-3,6-dideoxi-b-D-manopirasonil)oxi]-1,3,5,6,9,11,17,37-octahidroxi-15,16,18-trimetil-13-oxo-14,39- dioxabiciclo[33.3.1]nonatriaconta-19,21,23,25,27,29,31-heptaeno-36-ácido carboxílico.
Apresenta peso molecular de 924,09 e fórmula molecular C47H73NO17. Sua fórmula estrutural é:
Anfotericina B age através ligação aos esteroides da membrana celular de fungos suscetíveis, resultando em uma alteração da permeabilidade da membrana. As membranas celulares dos mamíferos também contêm esteroides, acreditando-se que os danos às células humanas ocorrem por intermédio do mesmo mecanismo de ação.
Anfotericina B mostrou atividade in vitro contra Aspergillus sp. (n=3) e Candida sp. (n=10), com CIMs geralmente < 1 µg/mL. Dependendo das espécies e cepas de Aspergillus e Candida testadas, diferenças significativas in vitro na suscetibilidade à Anfotericina B (CIMs variando de 0,1 a > 10 µg/ml) foram relatadas. Entretanto, não foram estabelecidas técnicas padronizadas para testes de suscetibilidade de agentes antifúngicos, e os resultados dos estudos de suscetibilidade necessariamente não se correlacionam com os resultados clínicos.
Anfotericina B é ativo em modelos animais contra Aspergillus fumigatus, Candida albicans, C. guillermondi, C. stellatoideae e C. tropicalis, Cryptococcus sp., Coccidioidomyces sp., Histoplasma sp. e Blastomyces sp., nos quais os objetivos foram a eliminação dos microrganismos do(s) órgão(s) alvo(s) e/ou o aumento da sobrevida dos animais infectados.
O ensaio usado para dosar a Anfotericina B no sangue após a administração de Anfotericina B não distingue a Anfotericina B complexada com fosfolipídios, de Anfotericina B, da Anfotericina B não complexada.
A farmacocinética da Anfotericina B após a administração de Anfotericina B é não linear. O volume de distribuição e a depuração do sangue aumentam com o aumento da dose de Anfotericina B, resultando em aumentos não proporcionais das concentrações sanguíneas de Anfotericina B na faixa de doses de 0,6 - 5,0 mg/kg/dia.
Os parâmetros farmacocinéticos da Anfotericina B no sangue total após a administração de Anfotericina B e desoxicolato de Anfotericina B são:
Parâmetros farmacocinéticos da Anfotericina B no sangue total em pacientes aos quais se administraram doses múltiplas de Anfotericina B ou desoxicolato de Anfotericina B |
||
Parâmetro farmacocinético |
Anfotericina B 5,0 mg/kg/dia por 5-7 dias Média ± SD |
Anfotericina B 0,6 mg/kg/dia por 42 dias 1 Média ± SD |
Concentração máxima (μg/ml) |
1,7 ± 0,8 (n=10) 2 |
1,1 ± 0,2 (n=5) |
Concentração ao final do intervalo entre as doses (μg/ml) |
0,6 ± 0,3 (n=10) 2 |
0,4 ± 0,2 (n=5) |
Área sob a curva concentração sanguínea/tempo (AUC0-24h ) (µg*h/mL) |
14 ± 7 (n=14) 2,3 |
17,1 ± 5 (n=5) |
Depuração (mL/h*kg) |
436 ± 188,5 (n=14) 2,3 |
38 ± 15 (n=5) |
Volume de distribuição aparente (Vdárea ) (L/kg) |
131 ± 57,7 (n=8) 3 |
5 ± 2,8 (n=5) |
Meia-vida de eliminação terminal (h) |
173,4 ± 78 (n=8) 3 |
91,1 ± 40,9 (n=5) |
Quantidade excretada na urina nas 24 horas após a última dose (% da dose) 4 |
0,9 ± 0,4 (n=8) 3 |
9,6 ± 2,5 (n=8) |
1 Dados de pacientes com leishmaniose mucocutânea. Velocidade de infusão de 0,25 mg/kg/h.
2 Dados de estudos em pacientes com câncer citologicamente comprovado sendo tratados com quimioterapia ou pacientes neutropênicos com infecção fúngica presumida ou comprovada. Velocidade de infusão de 2,5 mg/kg/h.
3 Dados de pacientes com leishmaniose mucocutânea. Velocidade de infusão de 4 mg/kg/h.
4 Percentagem da dose excretada em 24 horas após a última dose.
O grande volume de distribuição e a alta depuração sanguínea da Anfotericina B após administração de Anfotericina B provavelmente refletem captação pelos tecidos. A longa meia-vida de eliminação final provavelmente reflete uma lenta redistribuição dos tecidos. Embora a Anfotericina B seja excretada lentamente, existe uma pequena acumulação no sangue após administração de múltiplas doses. A AUC da Anfotericina B aumentou aproximadamente 34% a partir do dia 1 após a administração de Anfotericina B, na dose de 5 mg/kg/dia durante 7 dias. Os efeitos do gênero ou da raça sobre a farmacocinética de Anfotericina B não foram estudados.
As concentrações tissulares de Anfotericina B (descritas na tabela abaixo) foram obtidas da autópsia de um paciente submetido a transplante cardíaco que recebeu três doses de Anfotericina B de 5,3 mg/kg/dia:
Concentrações Tissulares |
|
Órgão |
Concentração Tissular de Anfotericina B (µg/g) |
Baço |
290 |
Pulmão |
222 |
196 |
|
Nódulos Linfáticos |
7,6 |
Rim |
6,9 |
Coração |
5 |
Cérebro |
1,6 |
Este padrão de distribuição é consistente com o observado em estudos pré-clínicos em cães, nos quais as maiores concentrações de Anfotericina B, após administração de Anfotericina B, foram observadas no fígado, baço e pulmão; entretanto, a relação entre as concentrações tissulares de Anfotericina B, quando administrada como Anfotericina B, e sua atividade biológica é desconhecida.
O efeito da insuficiência hepática sobre a disponibilidade de Anfotericina B não é conhecido, porém observa-se em estudo que mesmo quando há comprometimento hepático por infecção fúngica invasiva, as enzimas hepáticas se mantiveram inalteradas na vigência do tratamento e a concentração hepática de Anfotericina B permaneceu alta.
Pacientes com insuficiência hepática devido à infecção, doença do enxerto contra o hospedeiro, outras doenças hepáticas ou administração concomitante de fármacos hepatotóxicos foram tratados com sucesso com Anfotericina B.
Estudos demonstram a segurança de Anfotericina B em pacientes com insuficiência renal, e mesmo em pacientes com tendência à disfunção renal. A dose ideal não foi estabelecida, mesmo assim, os estudos relatam que não existe dose limite para a nefrotoxicidade, mesmo sendo essa dose maior que 5 mg/kg/dia. Conclui-se ainda que os níveis séricos de creatinina devem ser monitorados durante o tratamento.
Sendo Anfotericina B uma droga potencialmente nefrotóxica, deve ser realizado um monitoramento da função renal antes de iniciar o tratamento em pacientes com doença renal pré-existente ou que já tiveram insuficiência renal e, regularmente, durante a terapia.
Anfotericina B pode ser administrado em pacientes durante a diálise renal ou hemofiltração. Os níveis séricos de potássio e magnésio séricos devem ser monitorados regularmente.
Hemodiálise ou diálise peritoneal não aumentam visivelmente a taxa de eliminação da Anfotericina B.
A farmacocinética e a farmacodinâmica em pacientes idosos (≥ 65 anos de idade) não foram estudadas, entretanto infecções fúngicas sistêmicas têm sido tratadas em pacientes idosos (≥ 65 anos de idade) em doses comparáveis à dose recomendada para o peso corporal.
Estudos em pacientes pediátricos indicam que a eficácia do tratamento foi mantida tanto nas doses mínimas como nas doses máximas. Além disso, a toxicidade foi diminuída nas doses menores. Anfotericina B foi estudado em neonatos e foi constatado que o medicamento é seguro e eficaz no tratamento nesta faixa etária com candidíase invasiva na dosagem de 2,5 mg/kg/dia à 5 mg/kg/dia. Os resultados deste estudo indicaram que não há diferença na disposição de Anfotericina B em neonatos e grupos de outras idades.
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